Indo morar fora do Brasil: Em cheque a sua musicalidade.

Acho que o título não diz o que quero dizer, deixa eu me explicar melhor.

Já morei na Alemanha, fui a trabalho mas não como músico, e sim como veterinário. Mas lá tive a oportunidade de conhecer vários brasileiros que viviam de música lá.
Lembro-me de um baixista brasileiro que era fã do V Wooten, e o cara destruia no double thumb. Suas influencias eram nitidamente de músicos americanos e europeus, apesar de executar lindos temas nacionais.

Só que ele era criticado por outros músicos brasileiros (alguns MUITO BEM SUCEDIDOS) por ter um estilo "estrangeiro" num país que ama e supervaloriza a música brasileira.

Acho que a opinião de quem mora fora sobre este off-topic seria interessante.

Não sei se entenderam o que eu escrevi aqui. A questão que coloquei é que este baixista que eu conheci talvez não valorizasse a sua "brasilianidade". E na Alemanha, os musicos brasileiros que tocam musica brasileira são muito valorizados. Ele era muito bom em Rock, Funk, mas não conseguia muitos trabalhos por não se mostrar muito "brasileiro".

Did I made myself clear now?

Não sei por que isso acontece com esse pessoal,não dá pra negar as nossas origens musicais assim,é algo que está no nosso sangue e não tem como tirar,acho que eles foram muito influenciados pelo meio em que estão vivendo e se esqueceram das suas raízes musicais mesmo.

Conheço vários músicos que foram pra Europa e Ásia e fizeram a vida lá tocando apenas música brasileira,tenho inclusive um amigo meu baterista que foi com sua gig pra Itáli,contratado pra fazer 1 mês de shows em um restaurante em Roma,o pessoal gostou tanto que o movimento no local aumentou em 80% e os donos do lugar os contrataram por mais 3 anos,inclusive fizeram shows com êxito por todo aquele país,contratados por várias casas de shows importantes de lá inclusive.

Esse mesmo amigo falou que lá pra fora os músicos são muito técnicos e tem feeling e groove,mas não conseguem groovear como um brasileiro faz,nós conseguimos imitar a música deles,mas eles não conseguem imitar a nossa,eles não tem as malícias pra tocar as acentuações de um samba ou as síncopes de um baião,eles entendem como se faz,mas simplesmente não conseguem fazer isso soar direito ou de forma natural(um samba tocado por gringos quase sempre parece que está em 4/4),acho que isso nos diferencia dos outros.

Que fique claro que o que eu falei não é uma regra e existem exceções pra tudo o que eu falei,mas que acontece muito acontece.

Um outro exemplo foi o Luisão Maia quando foi morar no Japão,mesmo estando seriamente debilitado (só podia usar a mão esquerda) vários artistas daquele país o chamavam pra gravações de temas brasileiros ou temas com influencia direta de nossa música.

Vejo que os europeus apreciam muito esse estilo diferenciado de tocar,não só dos brasileiros mas dos africanos e cubanos também,nos últimos anos tem tido uma invasão de artistas africanos e brasileiros na Europa,fazendo shows com muito sucesso por lá.

O método de música brasileira do Adriano Giffoni vem sendo usado em conservatórios de música na Itália,Alemanha,Japão,EUA entre outros países do mundo,isso prova a sede dos gringos por nossa música e nosso jeito de tocar.

Eu ainda pretendo ir pra europa ou pra ásia pra estudar baixo acústico,mas não vou abandonar o meu estilo ou deixar de tocar música brasileira por lá.

O mundo quer a música brasileira,o mundo quer o músico brasileiro.

Rafael do Baixo escreveu:
Eu ainda pretendo ir pra europa ou pra ásia pra estudar baixo acústico (...)

Pô ae... chique pacas hein?!? vai estudar acústico na Áustria... vais ter uma excelente formação... arriscaria a dizer que terás o há de melhor!

Quando for me avisa... só pra eu poder dizer que tenho um amigo que estuda baixo acústico na Áustria

Rafael do Baixo escreveu:
Mas não vou abandonar o meu estilo ou deixar de tocar música brasileira por lá. O mundo quer a música brasileira,o mundo quer o músico brasileiro.

Se você for estudar baixo acústico num grande centro europeu, e formar uma GIG pra tocar Tom Jobim, em pouco tempo você fica rico!

Veja os exemplos de Ron Carter e o recente do Brian Bromberg que gravou um CD com temas do Tom!

Rafael do Baixo escreveu:O mundo quer a música brasileira,o mundo quer o músico brasileiro.

exatamente, e aqui agente não da valor... só dou um exemplo: Rosa Passos. a mulher ta com discos entre os mais vendidos de jazz na amazon.com e outros sites gringos e aqui vc ainda vai em loja de discos, pergunta se tem disco dela e o vendedor nem conhece... no minimo triste

Rosa Passos vive aparecendo na Berklee: fazendo shows, dando palestras, etc...

Agora no Brasil, cadê ela?

cada um vai aonde se sente valorizado(ou eh)...na condição dela eu faria a mesma coisa...
abraços...

Pois é... mas eu não tô criticando ela por não passar aqui no Brasil não... to criticando o Brasil por não valorizá-la

Gabriel Oliveira escreveu:Rosa Passos vive aparecendo na Berklee: fazendo shows, dando palestras, etc...

Agora no Brasil, cadê ela?

Pois eh... ela ganhou o titulo de doutora honoraria la na Berklee, e aqui no Brasil é dificil encontrar produtor que invista e contrate ela pra fazer um show... agora pra Madonna fazem esse lenga lenga todo... os estilos sao beeem diferentes, mas o dia que a Madonna souber de música tanto quanto a Rosa, ai eu me conformo...

Até porque a Rosa não é só uma intérprete, é musicista também. Toca um violãozinho muito bom.

Falando em tocar bem: vi uma entrevista com o Alexandre Pires na Record News e me surpreendeu o que ele faz com um violão nylon.

Gabriel Oliveira escreveu:
Falando em tocar bem: vi uma entrevista com o Alexandre Pires na Record News e me surpreendeu o que ele faz com um violão nylon.

Desculpe a minha ignorância... mas qual seria a ligação de Alexandre Pires com "Tocar Bem"? não entendi

O cara não teria chegado aonde está hj sem tocar bem, né?

Ele manda muito bem no violão, no cavaco e na batera.

me impressionei com o video do alexandre na batera...manda super bem...
abraços...

Ivanov_br escreveu:O cara não teria chegado aonde está hj sem tocar bem, né?

Claro que teria... no Brasil isso é fácil fácil...

Senão, além do Alexandre Pires, a Kelly Key toca bem, o Latrino toca bem, o MC-Qualquer-Coisa toca bem, e por aí vai... a final de contas, todos eles chegaram onde chegaram é porque tocam bem?

Desculpem... continuo não concordando!

Tá certo q a fábrica de talentos anda a todo vapor aqui no Brasil, e gostar ou não é um direito, até pq tocar bem é um conceito muito relativo....Agora, colocar o cara na mesma prateleira q Latino e Kelly Key é sacanagem.

Ele é um artista legítimo, canta muito e é sem dúvida um motivo de orgulho quando o assunto é representação verde e amarela no exterior, assim como outros tantos q lotam casas de shows em suas turnês fora do país.

Ele toca bem sim. Se eu achar no youtube posto aqui pra vocês.

Mas em nenhum momento eu disse que ele faz sucesso por tocar bem. Nem no Brasil nem no resto do mundo é preciso tocar bem para fazer sucesso.

Tocar bem é relativamente relativo! Existem alguns quesitos que se forem preenchidos podem ser utilizados para definir quem toca bem.

O que vi na entrevista: Independência entre mão direita/mão esquerda e mãos/voz, Domínio rítmico da mão direita, Acordes alterados, Acordes alterados invertidos, Empréstimo modal, II-V-I (e inversões disso), Dominantes Individuais e Sub-dominantes.

Fora sua técnica de voz muito bem apurada que, se necessário, posso especificar que pontos reparei nisso também.

Só pra eu me situar melhor no assunto.... esse Alexandre Pires é aquele mesmo pagodeiro mineiro que cantava num bando (Ops! Banda) com o nome de SPC? É esse mesmo o cara ou vocês estão falando de um outro Alexandre Pires?

É o mesmo

Não se esqueçam que é o mesmo Alexandre Pires, que chorou ao cantar pro Bush

Esse mesmo... pagodeiro mineiro que tocou no bando SPC e chorou quando cantou para o presidente mais odiado do mundo, etc...

Mas isso não muda o FATO de que ele toca violão bem.

Tanto o Alexandre como o Fernando sao bons musicos e tocam desde criancas. As vezes a gente nao gostar do estilo q um musico toca faz com q enxerguemos as coisas com olhos parciais. O SPC eh uma banda de primeirissima qualidade tanto ao vivo quanto em estudio. Toquei no Brazilian Day de Boston com Netinho do Negritude e a gente fez soh um ensaio relampago com o diretor musical dele, Lua. O guitarrista q era cheio de magias de jazz sofreu um bocadinho pra entender a gig...

Pois é... concordo com tudo que você disse Allex.

Gabriel Oliveira escreveu:
Mas isso não muda o FATO de que ele toca violão bem.

Ele pode até tocar bem violão, mais não muda o FATO dele ter chorado pro Bush!


Agora na real; eu até vou com a cara dele por ser reconhecido internacionalmente, mais pegou muito mal aquela historia do Bush á se pegou!

O Netinho já teve em casa, levou uns 3 queijos caseiros e uns 5 pães... tem até video dele na minha vó!

Lembro que na época ele nem era conhecido ( tava tendo uma acenssão ), meu pai o conhecida dos festivais... Eu no auge dos meus 8 anos, pensava que "Netinho" era um menino da minha idade que iria brincar comigo e com o meu primo

Interessante a história do Netinho amiguinho de brincar

Quanto a pergunta original, nos EUA ninguem liga muito pra de onde vc eh ou q tipo de musica vc toca. Eles nao vem uma relacao entre as duas coisas. Tipo, raramente aconteceu um americano perguntar de onde eu era e depois de eu falar Brasil ele esperar q eu saisse tocando samba adoidado, isso eh muito dificil. Alias, eh ateh dificil o americano perguntar de onde vc eh. Ele quer q vc chegue na gig do q quer q seja e toque bem. Eles dao muito valor ao musico q tem uma tecnica ou caracteristica peculiar, q o diferencie dos outros, e detestam o q eles chamam de musico "all over the place", ou seja, o cara q dah nota demais, q nao deixa os outros tocarem a vontade... Jah ouvi falar q na Europa eh diferente, o europeu eh em geral mais culto e valoriza muito a cultura local dos paises. Americano quer eh praticidade, quer q vc pegue as musicas rapido, chegue no horario e soh...