Construção inspirada Les Paul Custom, meu 1º projeto com braço colado (finalizado e com áudio)

BH tem um curso importante de construção de viola caipira. Eu queria muito fazê-lo, pois é um dos projetos que tenho para o futuro, quando começar com os acústicos.
Pra você pode ser uma opção, pois há princípios semelhantes e a viola é até mais complexa.

Emachado, ai é muito.
Não tenho pretensão de virar luthier, só queria construir uma guitarra e um baixo com minhas mãos....

Tinha percebido que os inlays não estavam bons, os retângulos estavam opacos e com cantos deformados. Pensei que era madeira impregnada do lixamento e do enchimento com araldite.
Quando dei o último acabamento com lixas pude perceber que não era nada disso: a profundidade estava muito pequena e no lixamento os cantos ficaram ou muito finos (opacos) ou deformados.

Fiquei ontem o dia inteiro para retirar com todo o cuidado o inlay sem retirar lascas dos cantos e deformar as cavidades. Trampo pra caramba.
Para tal foram fundamentais o uso de formão pequeno e faca.







Medida grosseira das cavidades.



Dá um trabalhão acertar as laterais em perpendicular.



Minha máquina não é lá muito boa, mas posso afirmar que ficou até melhor do que antes.





A tremida dá a impressão dos cantos não terem definição, mas está ótima a incrustação.

emachado escreveu:Zadá, eu recomendo, é um hobby apaixonante.
Eu nem estou dormindo direito, dada a proximidade de ouvir o som que sairá dela.
Este projeto eu fiz para dar conta de dois desafios: braço colado e acabamento rebuscado.
O primeiro tirei de letra, os ângulos e encaixes estão perfeitos.
Quanto segundo, ainda tenho muitas dúvidas de como finalizar o acabamento.
Vicia.

Se eu pudesse ia pra cidade do Samuel virar aprendiz dele!! Rsss
Mas pra ser um segundo trampo mesmo que deve dar para fazer coisas bem bacanas mesmo!! Rsss

Trampo está ficando maneiro pacas !

O trampo está chegando ao fim.
A última usinagem foi o shape do braço.

Decidi fazer com shape entre D e C (a diferença está nas laterais). Com os 6mm da escala, finalizei com 24mm de profundidade no 1º traste e 25,4 no 11º.

Marcações das linhas antes feitas em papel com as medidas de distância dos cantos.



Primeiros recortes com facas e grosas.





Com uma viga suspensa fica mais fácil o lixamento com lixas 80, 150 e 220 para dar o shape. Usei também lima redonda e chata. Os cantos e detalhes são feitos principalmente com um cilindro (cabo de vassoura) e lixas.



Deixei um limite para usinar só ao final, pois se descuidar e lixa retira material demais e o braço fica mais estreito que a escala.



Abertura das cavidades para o inlay em três camadas. Tenho que acertar o detalhe da ponta do headstock com formão e faca.



Braço quase pronto.



Dá um trabalhão acertar a simetria no ressalto do tróculo e transição do braço para o headstock.

Caraca Evandro, que beleza!
Esse deve ser o instrumento mais trabalhoso que você já fez né?

E ai Breno, tudo bem?
De fato é o mais difícil.
Vire e mexe comento que acho os neckthrough mais fáceis.
A Lespa é enjoadinha mesmo, mas é que não uso moldes ou templates. Para os próximos vou fazê-los.
Creio que faça um precision azul bebê 7ender com caps Quarter Tone da Malagoli.

Quando vai fazer meu Rickodoni?

Oh Siodoni, em 2 anos estarei com uma estrutura suficiente para receber encomendas.
Mas confesso que quase vendi o Rickemachado algumas vezes.

por enquanto, somente estocando boas madeiras.

Ja deixe meu numero reservado!
Se for vender me avise...

Lixas e mais lixas. 120, 150, 220, 320, 400, 600, 800, 1200.
Mas finalmente cheguei na fase de acabamento.
Vou deixar a colagem da escala e braço para depois de instalado o binding.

Acerto das cavidades do binding do headstock com facas.





Para o correto alinhamento das tarraxas fiz um projetinho no papel, mas o acerto das medidas foi no headstock mesmo. As MIs devem ficar paralelas.





Deveria utilizar a furadeira de coluna de meu pai, mas arrisquei furar na manual mesmo e deu certo.
O furo passante de 3mm é o guia da broca. A linha serviu para checar o alinhamento em que saiu a broca e também vai ajudar no alinhamento das tarraxas e ponto de fixação do parafuso.



Eu peco por seguir um princípio: "retirar sempre a menor quantidade de madeira". Desta forma, faço um furo de 10mm para encaixe da parte mais grossa da tarraxa e um de 8mm para a mais fina (rosca de aperto que vai por cima). Para as cavidades de captadores também retiro a menor quantidade possível de material. É só sisma mesmo, coisa inútil na maioria das vezes.







Não achei o tingidor que queria (vinho) e vou fazer mais testes com anilinas vinho, azul e vermelha, assim como com os tingidores base água preto e vermelho.

Show...

Ficando chique mesmo ...

Anilina desbota rápido , você não achou o Tingidor vermelho e preto para fazer o vinho ?

Pelo menos o vermelho e um betume para fazer a mistura para vinho quem sabe ...

Uchoa, tenho o preto e o vermelho da Acquacolor. Tons muito bonitos, mas o preto deixa o vermelho opaco e próximo ao marrom. Para o vinho mesmo terei que usar azul com o vermelho.
A combinação é esta aqui:
vermelho + azul = roxo
vermelho + roxo = vinho

Desta forma, com pouco de azul eu chego no vinho.
Vou com mais tempo até o Gasômetro na próxima terça e vou procurar de novo.
Vou aproveitar para fazer um tour nas madeireiras e procurar algumas espécies.

Negócio vai ser fazer misturas mesmo , já vi um Luthier conhecido meu usar tinta de caneta no verniz para chegar a um azul que ele queria no instrumento próprio dele ...

Quando eu vi parecia um azul com um pouco tom de cinza , não aquele azulão ... mas ele usou em verniz PU ! Experiências ... hehehe

siodoni escreveu:Quando vai fazer meu Rickodoni?

  

...

siodoni escreveu:Quando vai fazer meu Rickodoni?

Acho que só depois do Barnabacker!  

Breno_Barnabe escreveu:

siodoni escreveu:Quando vai fazer meu Rickodoni?

Acho que só depois do Barnabacker!  

mas se ele fizer dois ao mesmo tempo diminui o trabalho né

Com certeza! E sai um preço mais em conta pra gente!

Com nomes tão curiosos eu já estou ansioso para vê-los com o logo no headstock.

O meu cofre ja esta com os dias contados daqui 2 anos vai pra casa do evandro kkk

Põe um Rick 4080 na lista kkkk (A guitarra está ficando muito bacana)

Este 4080 deve ter uma ligação interessante por conta de ter guitarra e baixo no mesmo corpo.
Geddy Lee

Hoje fiz mais umas trinta combinações para o tingimento e ainda estou insatisfeito.
Amanhã vou começar o acabamento com o que mais me agradar dentre as opções.
Para o top já fechei com uma leve camada de preto e várias de vermelho 2 de água x 1 de corante Acquacolor.
Agora, para o corpo e braço tá difícil.

Penso em fazer o "grain filler" com pequena adição de corante preto e várias demãos de vermelho 2 x 1 (na foto, 3ª opç~çao da direita para a esquerda).
Fiz testes com anilina vinho e azul mais os corantes Acquacolor, mas desisti de usar a anilina.





Para quem for se aventurar na construção uma dica: cuidado com brocas chatas quando for abrir a cavidade do jack. Quase perdi todo trampo no corpo do Rickemachado e desta vez fui com muito cuidado. A broca tende a rachar a madeira quando forçada.
O ideal neste ponto é usar brocas fostner ou fazer pequenos furos com brocas finas (3 ou 4 mm) contornando o círculo e depois dar acabamento com grosas e limas.

Essa última imagem deu uma boa "mostrada" no abaulamento do top, e ele ficou realmente muito bom. Agora, dentre as cores eu gostei muito dessa:

^Essa é a anilina violeta.
Eu estou tentando o Wine Red da Gibson, apiquei-a misturada ao vermelho e pura só para ver como ficaria.
Pra ficar neste tom de violeta tem que diluir bem mais do que eu usei, pois ao aplicar seladora e verniz dá uma escurecida. Pra você ter uma ideia, esta amostra ficou negra após os produtos indicados.

Finalmente dei início à fase de acabamento.

Aplicação de massa de madeira para ajudar a tapar os poros abertos do mogno. Pensei muito em fazer ou não esta etapa, mas ela ajudará a reduzir a quantidade de demãos de seladora e verniz. Bem, fiz uma única aplicação para ver no que dá.
Aplicação da massa de madeira F12 na cor mogno com espátula e plásticos de pote de sorvete para os cantos. Deixei bem fino e secou em meia hora.
Após o lixamento sai a camada e ficam os poros com um pouco do material.





Uma aplicação bastante diluída de tingidor preto no top.



Primeira aplicação de vermelho 2 de água x 1 de tingidor.



Ainda estava ficando um vermelho vivo demais. Decidi misturar um pouco de preto e bem pouca anilina violeta.

Headstock com tingidor preto.



Com uma aplicação de seladora:









Ainda faltam várias aplicações de seladora e verniz. Elas darão um aspecto "molhado" e ficará um pouco mais escuro.
É o que eu quero: um pouco mais escuro ainda.
Vou dar mais uma de seladora e providenciar as colagens e furações que faltam.

Reta final...

Ta bem vermelha ein!
Mas tá ficando show.
A seladora não vai atrapalhar a penetração dos tingidores?

Siodoni, a fase de tingimento já foi. Agora é só seladora e verniz.
Eles devem acentuar um aspecto como se estivesse molhado, principalmente o verniz.

Minha máquina não é muito fiel, está mais para o vinho/marrom do que vermelho.

A cor final é essa então?

Em parte, porque ainda vai escurecer com o verniz.
Eu apliquei só uma de seladora por enquanto.

Mas irá escurecer o quanto você espera?

Lá encima tem uma foto de testes onde aparece o que sobrou do top de muiracatiara.
Espero chegar no tom que está no centro da peça.
E no mogno o segundo (da direita pra esquerda) onde aparece uma viga com várias tentativas

Aquele tom ficou bonito.

Bem, será uma tentativa.
Vamos ver no que dá.
Se der errado ainda tenho a opção de voltar para a preta, que aliás é preferida da dona da pensão.

Dá certo sim!

Mudança de rumo na Lespa.

Tentei me aproximar do vinho e não consegui com os corantes que tinha.
Tentei tingir a seladora e estava ficando bacana, mas vacilei no braço e lixei um pouco mais do que devia. Resultado, desbotou uma área significativa e, para não ficar diferente, vou cobrir tudo com preto e voltar para ideia inicial.



O vermelho até que ficou interessante, manteve o desenho do top , mas não gosto de instrumentos com vermelho vivo (royal). Nos anos 80 e início dos 90 até que eram comuns e bastante apreciados.

Antes, dei uma boa lixada e vou continuar com as camadas de seladora.
Vou usar nitrocelulose/duco automotivo preto e finalizar com verniz nitro.

Já está quase no ponto de selagem.

Sinceramente, prefiro a cor preta.

Vai ser all black ?

Isso mesmo Uchoa.
Farei ela toda preta, o que era minha ideia inicial.

Vai ser tingimento como você falou no começo ?

Ainda daria para retirar o que apliquei de seladora e novamente tingir a madeira, mas vou tentar pela primeira vez trabalhar com laca nitrocelulose (duco).
Na verdade estou em dúvida se tento ainda voltar para o vinho tingindo o verniz e ou a madeira ou se vou de preto sólido mesmo.
Neste final de semana vou decidir.

gibson é sempre laca.

Boa escolha aí , heheh !

Mas no Duco ficaria legal também .

emachado, no youtube vc acha uns bons modos de tingir os veios e aplicar verniz depois.

Terei que terminar o binding para fazer a colagem de braço e escala.

Nesse ínterim, fiz as furações e posicionamento da ponte, cordal e captadores.
Para fazê-lo, tive que alinhar tudo em relação às cordas e escala. Os caps variam um pouco dentro da cavidade e os ajustei com a moldura para o correto alinhamento com ponte e cordas.
Como já disse antes, acho estranho quando os pólos dos caps estão desalinhados em relação às cordas, dá uma má impressão danada.
Depois de marcadas as posições no top, furei primeiro com uma broca de 11mm de 3 pontas (R$ 18,50 Dilmas por uma broca sem vergonha Irwin). A primeira furação é apenas para marcar a posição da broca, algo como 6mm de profundidade, pois depois tenho que furar no mesmo centro com broca de 9/16"/14mm para inserir as bordas da bucha dos pivôs. Feito isto reposiciono a broca de 11 e termino a furação até a profundidade necessária.
Para inserir as buchas "untei" com grafite em pó,afinal pode ser que um dia precise retirá-las...


A Lespa tem uma inclinação na furação para os potenciômetros. Na cavidade rebaixei com broca chata e para encontrar a posição ideal, fiz um esboço em papel frente às medidas que tenho aqui. Com os furos no top ajustei a inclinação e o posicionamento correto dos pots e knobs
Ah, como fazem faltam os plates!
Na próxima vou construí-los, pois é um absurdo o que pedem por ai.





Agora o trampo mais encrencado mesmo foi a colagem dos filetes para o binding. Levou um tempão e depois de várias colagens dos dedos (ficou um pouquinho de pele na guita, mas tudo bem) acho que ficou bom.

No binding do headstock poderei colá-los jácom as camadas necessárias, pois as curvas são pouco acentuadas.

No corpo o cutway é a curva mais difícil de obter. Para tal, após corte do laminado de madeira com régua, molhava-o e com o ferro de solda o dobrava apenas na região do cutway.
Colei uma a uma as camadas.

Esses bindings devem ter dado um trabalho arrumado mesmo !

Vai ainda fazer preenchimento dos detalhes dos bindigs e depois passar uma lâmina para o nivelamento das mesmas ?

Legal em ver as fotos e continuo acompanhando e aprendendo.

Uchoa, ainda não nivelei os filetes, apenas um pequeno corte para amanhã acertá-los.
Olha, esse detalhe em madeira me custou grandes alterações no projeto e mais tempo até.
Contudo, este era um dos desafios.
Ainda quero fazer uma viola caipira e este recurso é comum neste instrumento.