Construção inspirada Les Paul Custom, meu 1º projeto com braço colado (finalizado e com áudio)

Olá aos colegas.
Começo hoje mais um projeto: uma guitarra inspirada na Les Paul Custom Black.



Já adquiri os captadores: Custom 57 com cover dourado da Malagoli. Os caps sempre representam o valor mais "salgado" do projeto. Por isto e também para poder dimensionar e posicioná-los melhor, procuro tê-los antes de iniciar o shape de corpo e braço. Como já dito, são caps com bom custo benefício.
Como optei por caps com saída baixa, acabei escolhendo fazer a Lespa e deixar e Flying V para depois e utilizar caps de alta saída.

O projeto será:
1- Corpo em mogno em duas peças. Tenho uma prancha que dá para fazer 4 corpos inteiriços, mas optei por usar uma outra com duas peças, pois esta é bem mais leve. O braço será feito com a sobra da mesma peça e ainda sobrará mais um braço.



2- Para o top estou entre o freijó e a muiracatiara/gonçalo alves. Como o freijó é ressonante. Me supreendi com a Telemachado.

3- Escala em jacarandá bem, mas bem preto. No original é ébano, mas quero trabalhar com a Dalbergia.

4- Não vou pintar, pois quero deixar os veios aparentes, vou tingir corpo e braço de preto de dar o acabamento com verniz nitro. Também diferente do original.

5- O hardware será Ching Ling. Está difícil de achar tarraxas gold tulipa de metal.

6- Um grande desafio será fazer o binding em várias camadas de preto e branco. Quero fazê-los em madeira (pau-marfim e outra escura). Eles têm espessuras diferentes, os internos mais finos e o branco externo mais espesso. Talvez utilize algum PVC mesmo ou folhas laminadas de madeira. Quero deixar os bindings próximos do original.

7- O braço colado será também um grande desafio.

Se fazer o binding não for só pelo desafio, várias lojas vendem isso em várias configurações diferentes.

Quanto à junção, se precisar de umas fotos avise.

Allex, eu ainda não o vi em camadas (no caso são 7 para o corpo e 5 para o headstock).
Estou pensando em usar fita de borda de PVC, material usado em marcenaria.
A madeira laminada ficaria bacana, cada lamina tem 1mm mais ou menos e a última camada de pau marfim eu posso cortar com maior espessura. Mas aqui o desafio seria dobrar os cantos.

7 camadas? Sério?

De qualquer forma, passa o olho aí:

http://www.lmii.com/products/mostly-wood/bindings-purflings

http://www.stewmac.com/shop/Bindings,_trim/Wood_binding_and_purfling.html

Curioso para ver o que sai. Mas um belo projeto com certeza.

Hoje o trampo foi pedreira, meu condicionamento físico anda muito mal. Idade mais 1 maço por dia mais alimentação ruim. Quase não suportei a trabalho com a plaina e os apertos na prensa. Tá feia a coisa por aqui.

Gosto de fazer os moldes para marcação com papelão, para poder posicionar melhor os cortes.
As marcações de ponte e caps é apenas aproximada, para poder posicionar as cupilhas.
Aliás, nem teria necessidade, mas elas ajudam bastante na hora de colar, evitando que as partes saiam do lugar.









Retirei uma boa parte na plaina manual e ajustei na lixadeira de rolo. Deixei com 49mm, para reduzir a 45mm quando já estiver com o top de 16mm colado.



Para poder ajustar o esquadro nas faces a serem coladas não foi suficiente trabalhar com taco e lixa, tive que tirar uma casquinha na serra.
A lixa e taco tendem a deformar a face tirando mais nas beiradas e menos no centro da peça. O topo fica um pouco assim (((((((((((((((((((.



Aqui eu já estava morto, nas últimas.
Colagem com Titebond.



Vou deixar na prensa por uns dias e trabalhar no braço.

Que mogno leve, muito bom.

Mais um excelente instrumento a caminho.

Vem novidade por aí...

Impressionante vê um belo instrumento tomando forma. Parabéns pelo trabalho

gpraxedes escreveu:Curioso para ver o que sai. Mas um belo projeto com certeza.

(2)

Muito aprendizado com certeza sairá.

Fazer uma LP é bem mais complicado que uma tele.

Mais um curioso aqui aguardando pra ver como vai ficar, com certeza ficará ótimo.

Bertola e colegas, gostaria da ajuda de vocês para seguinte questão:

O mogno não é muito resistente (Densidade 0,52 g/cm3 e dureza Janka 517).
É muito comum a quebra do braço próximo ao headstock como na foto abaixo?



As Custom da Gibson possuem o recurso de colagem espanhola?

Estou em dúvida entre fazer o braço inteiriço ou utilizar a colagem espanhola com o objetivo de obter maior resistência.

^ Muito comum.

Isso é uma falha de projeto da Les Paul, mas nunca foi corrigido para manter a tradição do design.

Colagem e uma voluta discreta aumentariam bastante a resistência. É certo que afeta um pouco a ressonância (na teoria), mas nada drástico.

Mais info:

http://www.edroman.com/rants/les_paul_necks.htm

Allex, excelente artigo, muito bom mesmo.
Minha Explorer é neckthrough e foi muito mais fácil fazê-la.
Creio que vá fazer a colagem espanhola mesmo, além de deixar uma voluta para reforço.
Ter um trabalhão para ter problemas depois não dá.
Vou pecar pelo excesso.

Outra solução seria trabalhar com sanduíche de mogno mais uma madeira dura (roxinho, ipê, pau marfim...).

Cara, esse tipo de quebra é bem comum em LP's (eu já consertei algumas).
Construa o braço com um reforço, que pode prespassar todo o braço (como em baixos), ou apenas a região da mão.

Acabei utilizando a colagem espanhola mesmo e creio que seja suficiente. A escala será colada sobre a junção e dará mais estabilidade ainda. Vi na net alguns colando de forma que a união fique mais ou menos abaixo do nut, mas desta forma fica muito mais frágil, haja visto que o espaço aberto para a bala do tensor fica também ai, reduzindo a espessura.

Aplainei os blanks para poder trabalhar com as faces paralelas. Após, as marcações utilizando as ferramentas abaixo.
O ângulo do headstock é de 13º.





Acerto das superfícies com grosa e lixa com taco.



Coloquei dois pinos para orientar a colagem, de forma a assegurar que a posição ficasse correta.



Testes antes da colagem: desta forma não deu certo; posição dos grampos ruim e falta de calços para proteger e uniformizar a pressão na área de colagem.



Com o auxilio da morsa consegui inserir um calço e melhorar a colagem.

Evandro, estou pra te falar a dias e agora que lembrei.

Você pensa em fazer o corpo com Tone Chambers?

Siodoni, não pretendo fazer estas câmaras não. Por isso optei por usar o mogno mais leve.
Inclusive, preciso definir logo qual madeira usarei para o top (muiracatiara ou freijó) para proceder à colagem de ambas as partes antes da junção com o corpo.
Estou inclinado a utilizar a muiracatiara, mas ela é a mais pesada das opções.

Densidades:
Maple 0,63
Muiracatiara 0,79
Freijó 0,48

Evandro, eu iria de Maple sem dúvida.
Pois nesse projeto você teria todas as madeiras originais da Les Paul.

[off-topic]
Coloquei o escudo que você me deu.
Dá uma olhada aqui:
https://www.contrabaixobr.com/t14306p700-clube-dos-viciados-em-upgrade#635302
[/off-topic]

Aproveitei que o corpo e o braço estão na prensa e trabalhei no top.

Acabei me decidindo pela muiracatiara mesmo. Creio ser uma madeira bastante ressonante também. Veremos...
Meu objetivo é acrescentar uma madeira com frequência mais alta para balancear a do mogno. Creio que ela dê conta.

Prancha:



Agora o bicho vai pegar...
Será que dá para pintar um top assim?
Esta madeira é muito bonita.

Sem lixamento:


Após o lixamento:


Minha máquina não registra bem as nuances de cores, mas a parte mais clara tem um tom levemente alaranjado/vermelho.
Vou fazer umas experiências com tingimento preto e verniz pra ver se fica ok. Ou deixar translúcido mesmo.

Aliás, meu objetivo não é uma réplica, não precisa ficar igualzinho.
Até a questão do binding mesmo: o número de camadas não será o mais importante e sim o fato de serem feitas com madeira e não plástico. Ficarão mais bonitas e duráveis.

Putz, muda o projeto....

faz um G&L L2500 pra gente ver... deixa essa LP...

Evandro que top lindo.
Me lembrou, de longe a zebra wood.

Mais um show, hein? Sobre a colagem do head, já viu também uns reforços que são colocados nessa emenda? Vi um vídeo em que o cara chegou a ficar em pé no braço e nada do mesmo quebrar.

siodoni escreveu:Evandro que top lindo.
Me lembrou, de longe a zebra wood.

[2]

Corte do corpo com serra tico tico. Há sobras para tirar na lixa.
Deixei um bom tanto na região do tróculo, pois ai o desenho deve acompanhar a escala. Somente vou terminar com a escala e encaixe do braço prontos.



Colagem do top. Ele esta com 19mm e vou experimentar colá-lo antes da fixação no corpo. Antes eu fiz top colando tudo ao mesmo tempo: colagem do topo e no instrumento. Creio que seja mas difícil para posicionar as partes, por isso estou tentando uma forma diferente.



A pressão é tanta que o top ficou um pouco abaulado. Assim, além de acertar na lixa (são 16mm), requer deixar algum tempo sem as prensas para voltar a trabalhar nele.

Cara,não achei que dava tanto trabalho assim:

De fato é um projeto bastante trabalhoso.
Tenho pesquisado bastante, mas muita coisa é intuitiva.
Vou usar aquele dispositivo em 12:45 para corte em ângulo do braço, na parte lateral do braço. Comprei uma serra de slot da Music Tools para esta finalidade e também para trabalhar com maior segurança na escala de jacarandá, afinal, qualquer erra nesta serão 120 Dilmas pro espaço...
Valeu pelas dicas.

Na sequencia do trabalho, agora devo me concentrar no corpo.

Fiz o lixamento e deixei com 46mm. Já está pronto para receber as cavidades.
Foi difícil encontrar a linha de cola no centro. Peguei pelas laterais.



A parte do tróculo é perpendicular ao corpo e aproveitei para estrear a serra que comprei na MusicTools. Deu certinho 90º.



Trabalhos no braço:

Acerto da superfície onde será colada a escala.



Para definir a colagem de mais uma peça por baixo (preciso de 40mm e estou com 30mm), foi necessário definir o final da escala. Há que se considerar o espaço para o nut e no outro extremo, no tróculo, mais 35mm além da escala para a colagem no corpo.



Acabei perdendo o blank que tinha para mais um braço, pois precisei de 190mm para esta parte.
Então, terei 3 braços com aquela viga, e não 4 como queria.





Agora poderei me concentrar no corpo, no top e até mesmo na escala, enquanto espero uma semana para a colagem. Estou pecando pelo excesso neste quesito de tempo de secagem da Titebond.

Caramba eu fiquei um tempo sem acessar e as coisas tão andando a todo vapor. Eu tenho uma iniciada a dois anos e parei por causa das complicações na construção.

O corpo dela sera maciço?

a minha ficou toda escavada, reduz bastante o peso

Henri eu não vou escavar não. vou deixar maciço. Creio que não ficará tão pesada.

olha a radiografia

henri carvalho escreveu:a minha ficou toda escavada, reduz bastante o peso
https://s250.photobucket.com/user/henricarvalho/media/DSC04112_zpse1fec257.jpg

Pois é, pela espessura do corpo das LPs eu sempre achei que fossem ocas por dentro mesmo, mas pelo jeito as originais Gibson não são né? baita peso devem ter...

Enquanto o braço está na prensa...

Abertura das cavidades dos controles. Marquei a posição e risquei com carbono. A cavidade deste modelo é estranha, assimétrica.



Com a furação fica mais fácil o percurso da serra tico tico.



Fiquei em dúvida se faria um canal exclusivo para o cap do braço, mas acabei desistindo e mantive o projeto original, com a cavidade passando embaixo da cavidade dos dois caps.





Hoje fiz os últimos trabalhos em que há muito pó: o lixamento e ajuste do top, bem como o lixamento das laterais. Daqui para a frente a quantidade de pó é bem menor.







A ferramenta com o motor da última foto é muito útil para acertar o formato do corpo e com ela acertei também as cavidades.

Com o top sobre o corpo já deu para ter uma ideia do peso. De fato está bem pesado, a muiracatiara é mais densa que o maple. Vou pesquisar um pouco mais se vale a pena fazer as cavidades para alívio de peso.
Estou inclinado a deixar sem, maciça, pois toco somente em casa.

Eu faria com tone chambers.

Aqui tem três sistemas de alívio de peso que a Gibson usou/usa:



O 1º ouvi comentários que produz feedback em volumes altos. É o mais radical.

Estou inclinado a utilizar o último, mas não estou certo se valerá a pena. Talvez ainda deixe sólido.
A Gibson defende este sistema, mas não ousa nas suas guitarras tops. É de se estranhar...

e mesmo com a mega escavação ela continua pesada

Pois é Henri, o mogno é bem pesado. Imagina então um Precision ou Jazz.
O Cedro já é bem mais leve.
Neste projeto o que está "pesando mais" é a muiracatiara. É mais densa que o maple. Esta peça de mogno que estou usando não é das mais pesadas. Tenho um pedaço aqui que é bem duro e escuro, o qual usei nas laterais da minha 1º guitarra neckthrough.
Com esse ficaria um chumbo.

Acho que vou deixar sólida mesmo, até para poder comparar com outros projetos futuros.

Estou quebrando a cabeça aqui em como fazer o binding de 7 e 5 camadas. Vou tentar madeira laminada (R$ 60 Dilmas duas folhas de cores diferentes e fica muita, muita sobra).

Conversando com um colega guitarrista ontem ele olhou e achou um erro pintá-la. Quando expliquei que vou tingir de leve de preto e usar verniz nitro transparente por cima ele disse que deve ficar igual à nossa pantera (onça com pelagem negra). Gostei da associação. Vou tentar isto, deixando a figuração do top ainda aparente.

É um crime pintar aquela madeira, e mesmo o mogno, mantem a cor natural faz só verniz e pigmento.
olha que linda

eu pesei só a base de um corpo de precision em cedro

vou pesar a minha lp

Ficou bacana o vermelho com hardware dourado.
Dois e duzentos Kg está ótimo para este corpo.

imagina com aquele desenho rajado, vai ficar d+

Evandro, como pensa em fazer o abaulamento do top?

Siodoni, estou em dúvida entre fazer uma base plana de madeira e colocar um quadro retificado em suas medidas ao redor dele ou ir direto na tupia, mesmo sem guias ou moldes.
Seria um esquema como este:



Para obter este resultado:



Em ambos os processos, o que conta mais é o lixamento. Esta será a ferramenta mais importante neste processo, o qual tem aspectos muito próximos do trabalho artesanal.
É claro que há sistemas CNC e copiadores, mas não é o meu caso.

Não feito moldes/templates. Vai na raça mesmo.
Está difícil encontrar alguma informação e imagens acerca da distribuição dos cortes no top e também da angulação mais correta.
Tenho observado muitas fotos para obter informações.

Este esquema do fórum Lespaul me respondeu uma questão importante: o ângulo para a colagem do braço e escala não é o mesmo até a ponte.



Mas para ter a melhor regulagem de altura da ponte e fazer o abaulamento correto, vou posicionar as peças e descobrir o melhor ângulo. A ponte já está chegando.

Do projeto da Les Paul essa eu acho que é a pior parte.
Fica na mão e no talento do Luthier.

Eu tenho esse livro (http://freenote.com.br/produto.asp?shw_ukey=38222114210V0U4PP3#01)
Vou procura-lo e ver se encontro algo sobre o abaulamento do tampo.

eu pesei o corpo da minha lp e o da tele

Henri, ambos são de cedro?
Estão bem leves.
Ainda estou na maior dúvida, mas acho que deixar pesadão mesmo.

a lp é de mogno e a tele de cedro

siodoni escreveu:Do projeto da Les Paul essa eu acho que é a pior parte.
Fica na mão e no talento do Luthier.

Eu tenho esse livro (http://freenote.com.br/produto.asp?shw_ukey=38222114210V0U4PP3#01)
Vou procura-lo e ver se encontro algo sobre o abaulamento do tampo.

Não me lembrava, mas nesse livro o projeto é de uma guitarra com tampo normal.

da uma olhada aqui, o cara montou uma caixa com dobradiça para regular o angulo
http://www.mylespaul.com/forums/luthiers-corner/79633-first-build-les-paul-2.html