"Nós vamos estar discutindo" o uso do "nós vamos estar discutindo"

O tal do gerundismo. Será isso? Para maiores esclarecimentos, dê um pulo na definição da Wikipedia que é boa: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gerundismo

Por que usar "nós vamos estar demostrando..." se na verdade se quer dizer "irei demonstrar..."? Ou mesmo "Demonstrarei..."?



O que há de tão difícil em não usar o Futuro como se deve? O que acontece com a lingua, que parece se "empobrecer sozinha"? Será isso um efeito da entropia, onde tudo tende a ela, tudo tende a se desorganizar, tornar-se caótico?

Ou será que a lingua portuguesa está empobrecendo devido ao "empobrecimento intelecual" da população? Às vezes parece que eu sou um ET ao escrever ou dizer em aula " tornar-se-ão", uma mesóclise simples. Os alunos olham para mim com caras de:
(1) "o que esse cara disse?"
(2) "que cara metido, falando de forma difícil."



Isso remete ao tópico sobre os livros errados. Mas não quero voltar a ele. Inicialmente, este post foi escrito para o tópico: Em busca da língua bem escrita... , mas resolvi colocá-lo de forma mais aberta.

Que cisma é essa de fazer questão de falar errado? O que houve com nossa educação? Será culpa dos professores de português que temos? Mal pagos, com poucas chances de se aperfeiçoarem? Será culpa da família brasilieira que não valoriza em nada a educação, o desenvolvimento intelectual dos filhos?



Ontem eu estava numa festa de aposentadoria de uma professora da Universidade que trabalho. Ela deixou bem claro que a maior dificuldade de hoje é lidar com alunos REALMENTE mais fracos, mais pobres intelectualmente, preguiçosos, sem ganas de conhecimento. Com 35 anos de docência, não se pode ir contra.

Isso é triste. Hoje vale mais um Nike no pé, um carro "pra tirar onda", do que ser uma pessoa esclarecida. Não ser vista como uma pessoa esclarecida, mas saber que é ser feliz por ser. (até porque ser ignorante tem suas vantagens,né?)

Alguns podem ler isto com viés petista (acredite, conheço o viés petista) onde conhecimento e "intelectualidade" é algo elitista, para minorias brancas, como foi direcionada a questão do Livro Didático errado.

O Brasil tem tudo pra se tornar um lugar melhor. Mas se não acontecer algo que mude a forma que o brasileiro vê os estudos, não chegaremos a lugar nenhum.

Em tempo: isto está acontecendo tb nos EUA. Um exemplo é visto nas Universidades americanas, onde os melhores cerébros do mundo estão lá. Cada vez menos se vê americanos fazendo doutorado. Simplesmente pq o cara ter PhD lá não significa um aumento significativo nos rendimentos anuais, logo fazer pra quê? Por isso que tá cheio de chinês, paquistanês e indiano lá.



Um comentário: Essa distorção da linguagem é absurdamente frequente em alguns estados do BRasil. Por algum motivo, em outros ele não ocorre. Digo isso pois viajo bastante e lido com gente do Brasil todo. Logo, cheguei nesta conclusão por observação própria.

Escrevi um monte, mas o que eu queria dizer mesmo é: PROCUREM ESCREVER E FALAR CORRETAMENTE. Não é feio, não é babaca, não é tirar onda. É simples, não dói e vc só colherá (ou só vai estar colhendo ) bons frutos.

Vou estar me policiando para q isso jamais aconteça!Brincadeiras a parte,na verdade isso enche o saco mesmo,síndrome de telefonista ou sei la o q é isso,mas é só colocar aquele microfone Headset q parece q liga o gerundio mode e ai é dose!

eu estava estando quietinho ali, mas...

Ivanov_br escreveu:Ou será que a lingua portuguesa está empobrecendo devido ao "empobrecimento intelecual" da população?

no meu ponto de vista é exatamente isso que tá acontecendo. a distribuição de renda melhorou um pouco, vai. mas a maioria do povo parece preferir investir em ostentação que em cultura...

Ivanov_br escreveu:Às vezes parece que eu sou um ET ao escrever ou dizer em aula " tornar-se-ão", uma mesóclise simples. Os alunos olham para mim com caras de:
(1) "o que esse cara disse?"
(2) "que cara metido, falando de forma difícil."

dependendo do público-alvo, isso é realmente desnecessário. mas se tá numa sala de aula (local claramente destinado a aprendizado) isso é válido, e a partir daí... alguns vão fazer a devida pesquisa por curiosidade, outros vão ignorar e/ou te achar metido... vai do que cada um quer pra própria vida.

O negócio tá feio mesmo...

Na Bahia não existe o "estarei comprando" ou o "você quer que eu vou?", mas em compensação se você chega em qualquer lugar e fala "boa tarde, uma informação por favor, estou procurando a Rua 7 de Setembro", o povo te olha como se você fosse ET.

Tem que falar assim "Colé merma papá, colé di dadá colé? Tá ligado essa parada aí? É idéa pivete... Vô mi chegá que é barril. Fique no quato que no onzi é notiça". Aí o cara: "Rapaz, você vai ali ó, aí continua ino, quando você chegá lá você si informa melhó". Aí você: "Valeu mô brodi". E ele: "É ninhuma mô rei".

Pronto, comunicação padrão...

allexcosta escreveu:O negócio tá feio mesmo...

Na Bahia não existe o "estarei comprando" ou o "você quer que eu vou?", mas em compensação se você chega em qualquer lugar e fala "boa tarde, uma informação por favor, estou procurando a Rua 7 de Setembro", o povo te olha como se você fosse ET.

Tem que falar assim "Colé merma papá, colé di dadá colé? Tá ligado essa parada aí? É idéa pivete... Vô mi chegá que é barril. Fique no quato que no onzi é notiça". Aí o cara: "Rapaz, você vai ali ó, aí continua ino, quando você chegá lá você si informa melhó". Aí você: "Valeu mô brodi". E ele: "É ninhuma mô rei".

Pronto, comunicação padrão...

Vixe, nem vou estar tentando colocar isso no Google Translator... kkkk

A questão do Livro didático errado precisa ser vista do ponto de vista linguista, e não petista. Formas diferentes de linguagem são perfeitamente passíveis de utilização dentro de um contexto onde a comunicação ocorre. O gerativismo e a pragmática há muito substituiram o estruturalismo (base utilizada pelos "especialistas" na grita generalizada contra o livro didático na mídia) no estudo das línguas. Os ditos especialistas, navegam pelo mar morto da linguística. Entre os criadores dessas novas correntes podemos citar Noam Chomsky, não só o mais conceituado linguista da atualidade, mas considerado um dos maiores pensadores da nossa era. Ao que consta, Chomsky não é petista.
A questão é muito mais ampla. A Lingüística, e o Livro didático errado, não pregam que se fale errado, mas que se use a linguagem adequada ao contexto em que a comunicação ocorre (e quem se preocupou em pegar o livro viu que é exatamente o que está escrito lá).
Quando o Alex coloca o exemplo das ruas de Salvador, a linguagem utilizada não cumpre a função de comunicação entre eu e ele, uma vez que eu não tenho a competência linguística para absorver a mensagem contida. A linguagem utilizada no exemplo não é a apropriada para que o locutor se comunique comigo.
O mesmo é válido para a utilização do dialeto jurídico para se comunicar com um público leigo. O dialeto jurídico é utilizado, mesmo que inconscientemente, como instrumento de diferenciação pelos profissionais do direito, em detrimento da necessidade de se passar uma mensagem ao ouvinte.
A questão vai muito além da ideologia petista, se estende pelo estudo da comunicação em todo o mundo.
Retornando ao gerúndio, o problema é que a utilização dessa estrutura, como demonstrada, não se encaixa semanticamente na comunicação, ou seja, não transmite o significado correto: o gerúndio, que denota a continuidade de uma ação, sendo utilizado para transmitir uma ação finita. Isso, nenhum ramo da linguística aceita.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gerativismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pragm%C3%A1tica

allexcosta escreveu:O negócio tá feio mesmo...

Na Bahia não existe o "estarei comprando" ou o "você quer que eu vou?", mas em compensação se você chega em qualquer lugar e fala "boa tarde, uma informação por favor, estou procurando a Rua 7 de Setembro", o povo te olha como se você fosse ET.

Tem que falar assim "Colé merma papá, colé di dadá colé? Tá ligado essa parada aí? É idéa pivete... Vô mi chegá que é barril. Fique no quato que no onzi é notiça". Aí o cara: "Rapaz, você vai ali ó, aí continua ino, quando você chegá lá você si informa melhó". Aí você: "Valeu mô brodi". E ele: "É ninhuma mô rei".

Pronto, comunicação padrão...

afemariadopaicredo!

^agora na versão Denis de verdade

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