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A História do Contrabaixo

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Mensagem por MacCa Qua Mar 24, 2010 9:39 pm

Pessoal, achei uma série de artigos bem interessante num blog, narrando as origens do contrabaixo. Fiz uma busca pelo fórum e não achei nada do tipo, então vim aqui sondar se eu poderia postá-los aqui.

Fiz contato com o autor dos artigos e recebi um sinal verde, assim como uma ajuda do dignício Maurício Expressão. Obrigado mais uma vez pelas dicas!

Essa série de artigos começou a ser escrita em 2008, e continua crescendo. Nilton Wood, professor de baixo elétrico da EM&T, é quem assina.

O link com os artigos (comecem de baixo pra cima!):
http://territorio.terra.com.br/historiadobaixo/?d=1

Se concordarem que reproduzir os artigos aqui seria mais conveniente e prático, é só avisar, e eu faço.

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Mensagem por fsfarias Sáb Abr 30, 2011 9:47 pm

Muito bom MacCa,

Ninguém comentou e já faz mais de uma ano, mas achei super bacana!

Valeu.
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Mensagem por AllsBass Sex Ago 26, 2011 5:44 pm

cara, muito bom, valeu por ter trazido pra cá, viva nosso querido Leo Fender que inventou essa maravilha que é esse grave que amamos tanto Very Happy
Valeu.
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Mensagem por Rodrigo.Bass Ter Abr 24, 2012 8:07 pm

Já sabia a história soou loco por esse instrumento procuro saber tudo sobre ele !!!

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Mensagem por Bruno A. L. Veloso Qui Abr 26, 2012 9:04 am

Vamos a leitura

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Mensagem por GeTorres Qui Abr 26, 2012 9:20 am

creio que não problemas em você reproduzir aqui, mas não deixe de citar a fonte.

Dona EDIT:
Melhor esperar algum moderador se manifestar depois de ler os artigos que são de autoria do Nilton Wood, eles podem (e devem) ter copyright.

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Mensagem por Boss2K Qui Abr 26, 2012 10:51 am

O Nilton Wood é o autor dos posts e faz parte da equipe de redação do blog.

O blog, no rodapé, diz que usa a seguinte licença Creative Commons (válida jurídicamente no Brasil);

http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/

que, em resumo, quer dizer;

Você tem a liberdade de:
Compartilhar — copiar, distribuir e transmitir a obra.


onde;

Atribuição — Você deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas não de maneira que sugira que estes concedem qualquer aval a você ou ao seu uso da obra).
Uso não comercial — Você não pode usar esta obra para fins comerciais.
Vedada a criação de obras derivadas — Você não pode alterar, transformar ou criar em cima desta obra.


Ou seja, podemos reproduzir aqui, os textos Ipsis litteris, citar a fonte, e inclusive colocar os links diretos das matérias.


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Mensagem por GeTorres Qui Abr 26, 2012 11:00 am

hail "Amém" Boss !!!

Vou fazer o Ctrl-c /Ctrl-v

Dona EDIT:

Postagem concluída.

Juntei a matéria em postagens com 4 partes cada. Total de 6 postagens.

Dona EDIT2: Faltam ilustrações que vão deixar a matéria melhor de compreender, este processo é um pouco chato, pois tenho que baixar a imagem e depois subir ela ao servidor imageshake, localizar em que lugar ela entra na matéria e inseri-la.

Aos poucos eu faço isso, quem tiver interesse em ver adiantado as imagens, o link do primeiro post te leva ao site original da matéria, com as devidas imagens.

Grato.


Última edição por GeTorres em Qui Abr 26, 2012 6:17 pm, editado 6 vez(es) (Motivo da edição : complementação)

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A História do Contrabaixo Empty Re: A História do Contrabaixo

Mensagem por GeTorres Qui Abr 26, 2012 11:57 am

Autor do Texto: Nilton Wood
Título: A história do contrabaixo
Fonte: Site Território da musica "www.territoriodamusica.com"
Acessado em 26/04/2012 às 11:47

A história do Contrabaixo Parte 1

O surgimento do contrabaixo acústico no início do século XVII e seu onipresente domínio até a metade dos anos 50, quando do surgimento do primeiro baixo elétrico da história, nos faz vislumbrar a importância de conhecer a história do gigante e como o mundo dos graves começou.


Onde tudo começou
A ciência que estuda a origem e a evolução dos instrumentos musicais é a organologia. Já a que se dedica à escrita é a organografia. Por meio delas, foi possível reconstruir a história dos diversos instrumentos musicais com maior destaque para a família dos sopros, percussão e metais. Isto porque eles possuem registros históricos mais precisos. No entanto, os instrumentos de cordas, como o violino e o violoncelo, carecem de maiores informações.

Um ponto de comum acordo entre os historiadores é o de que os luthiers guardavam, a sete chaves, todo o processo de criação deles. Muitos, aliás, nunca tomaram nota do tipo de madeira ou verniz que utilizavam nessas construções, pois era o desejo deles que tais conhecimentos jamais fossem divulgado.

Então, inúmeros segredos da confecção de verdadeiras obras de arte foram para o túmulo com esses artesãos. Nesse contexto, enquadram-se principalmente aqueles instrumentos produzidos com a função de emitir notas mais graves.

Os registros mais rudimentares datam do século XIII, na segunda metade da Idade Média, aproximadamente no ano de 1200. Os primeiros exemplares conhecidos, que apontam o nascimento do moderno contrabaixo, encontram-se vinculados à família das violas, na qual foram divididos em dois grupos: as de braço e as de perna.

Naquela época, o nome gige era usado para denominar tanto a rabeca, instrumento de origem árabe, com formato parecido com o alaúde, quanto à guitar-fiddle, espécie de violão com formato parecido com o violino. De acordo com sua sonoridade, eram classificados em grande ou pequeno.



Os primeiros contrabaixos

Os registros organográficos informam que a música executada nessa época era muito simples. Em muitos materiais escritos, para se ter uma idéia, as partes se limitavam em apenas duas ou três. Em virtude desta restrição, o número de notas que era utilizado era relativamente pequeno, o que ocasionava um registro de notas disponíveis bastante reduzido.

Por volta do século XV, as partes que constituíam a música naquele período aumentaram para quatro vozes. Mais ou menos em 1450, passou-se a usar o registro de baixo, que foi considerado uma verdadeira inovação para a época. A falta deles era muito reclamada pelos compositores, pois muito achavam que sua música soava com timbres médios ou agudos, necessitando, portanto, de registros mais graves. Surgiu então a necessidade da invenção de instrumentos na qual pudessem atingir esta tessitura.

A primeira solução foi construir instrumentos maiores, baseados na estrutura dos utilizados normalmente, tomando o cuidado de não efetuar mudanças estruturais que viessem a prejudicar a obtenção dos novos graves.

Um dos principais celeiros do mundo na construção destes primeiros instrumentos foi a Itália. Naquele país, as violas tinham três tamanhos: a de gamba aguda, a tenor e a baixa. Nesse período, surgiu o violone, que pode ser considerado como o parente mais próximo do moderno contrabaixo acústico utilizado nas orquestras.

No início do século XVII, o violone tornou-se o nome que designava o maior de todos: a viola contrabaixo. Somente após a segunda metade do século XVIII isso se modificou. Foi quando o contrabaixo separou-se do violone. Já no final do século XVIII, o contrabaixo adquiriu sua forma definitiva, passando a integrar ao longo dos anos as mais diferentes formações musicais como orquestras, big bands e jazz.

O domínio do gigante como única emissão de sons graves perdurou até a segunda metade dos anos 50. A partir daí, tudo mudaria com a invenção do primeiro contrabaixo elétrico da história realizada por um humilde técnico de rádio chamado Clarence Leo Fender.

A História do Contrabaixo, parte 2

Na primeira metade do distante ano de 1948, após muitos experimentos em violões amplificados com toscos artefatos para amplificação do sinal, um humilde técnico em eletrônica conseguiu, a partir da construção de um corpo sólido de guitarra, conceber o primeiro captador funcional da história, resultando na primeira guitarra elétrica: a lendária Telecaster. Seu nome: Clarence Leo Fender.

Os primórdios de uma indústria que iria revolucionar os rumos da música em nosso mundo já eram visíveis na pequena oficina do genial inventor, onde foi preparado um setor somente para a construção das primeiras guitarras elétricas que levavam o seu nome.

Assim como todos nós, Fender também adorava música, principalmente o country. Portanto, sempre que podia, ele freqüentava os estabelecimentos da época onde a country music era executada por diversos grupos. Em um dia inspirado, ele passou a observar que o grande contrabaixo acústico, usado por todos os músicos na época nas formações musicais quase não era audível em virtude de suas características estruturais, além de apresentar um grande incômodo com relação ao transporte, em virtude do seu tamanho.

O lendário gigante era um maravilhoso invento da alma humana, porém para ser executado em ambiências especiais (como em salas de concertos tratadas acusticamente) além do fato que ele foi concebido para ser executado, a princípio, com o arco, o que aumentava consideravelmente sua amplitude sonora, todavia não sendo usual nas formações musicais existentes na época.

Com este conceito em sua mente, o inquieto inventor, em outubro de 1951, voltou a inovar, a exemplo da concepção da guitarra elétrica, na criação do primeiro contrabaixo elétrico na história dos graves, usado pela primeira vez na banda de Bob Guildemann, batizado com o nome de Fender Precision Bass.

Por que este nome? Ao contrário do gigante, este instrumento possuía trastes, o que facilitava a execução das notas em comparação as emitidas pelo grande acústico, tornando-as precisas e afinadas. “O primeiro corpo sólido destinado a ser um instrumento musical foi construído em 1943”, conta Leo Fender em uma entrevista para um magazine especializado em música na época. “Nesta época, eu tinha a patente para a construção de captadores. Sendo assim, eu confesso a vocês que na verdade eu não estava interessado na amplificação de sinais musicais propriamente, mas sim na amplitude do sinal. O fato é que instrumentos musicais emitem sinais sonoros com mais facilidade, daí a minha escolha por testar meus experimentos em violões amplificados”.

Outro problema enfrentado foi que não existiam cordas próprias para este novo instrumento. “Tivemos que cortar as cordas do contrabaixo acústico e adaptá-las ao nosso novo projeto. Além disto, meu principal objetivo foi aumentar a intensidade do sinal sonoro e facilitar o transporte do músico em comparação ao acústico. O primeiro protótipo foi construído no final dos anos 50 e diversos músicos quiseram testá-lo.

O curioso é que os primeiros contrabaixistas eram na verdade guitarristas, que não possuíam a menor idéia de como executar o novo instrumento. Não se esqueçam da época na qual estávamos. Muitos contrabaixistas acústicos solenemente desprezavam a nova invenção de Leo Fender por simples preconceito. A afinação era igual a usada no gigante: G,D,A e E contadas de baixo para cima.

Ainda hoje nos assustamos com as constantes revoluções tecnológicas na qual o mundo vem passando. As invenções da guitarra e do contrabaixo elétrico iriam modificar profundamente a forma como ouvimos, aprendemos e compreendemos a música nos próximos anos. Mas isto é um assunto para o próximo capítulo. Abraços a todos!

A História do Contrabaixo, parte 3

om: A Segunda Parte Da Equação. A primeira parte da equação - a criação do Precision Bass - tornou-se realidade com a criação do Precision Bass. Era leve, fácil de tocar e tinha afinação precisa em virtude dos trastes. Faltava-lhe, entretanto, um item, ausente também no grande contrabaixo acústico: a sonoridade.

Entender a denominação dos primeiros contrabaixos é crucial para que se aprenda a identificar as diversas categorias que hoje existem em nosso mundo dos graves. Primeiramente, vamos dividir o instrumento nas categorias vertical e horizontal.

O contrabaixo acústico (Double Bass) é o primeiro exemplo (e o mais antigo) de um instrumento vertical. O outro instrumento na qual poderíamos denominar de vertical também é conhecido como Upright bass. A diferença é que este instrumento é eletrificado por um sistema de captação das sonoridades das cordas, não possuindo, portanto, uma caixa de ressonância similar ao seu irmão acústico. O Upright possui, entretanto, o mesmo tamanho da escala.

A seguir, vem a categoria na qual poderemos denominar de horizontal. Nosso baixo elétrico (electric bass) é o melhor exemplo que se pode indicar. Sem os sistemas de captação, o mesmo instrumento é chamado de baixo acústico (acoustic bass guitar). Na língua portuguesa não há expressão equivalente para o Upright, Para poder compreender esta nova revolução - uma máquina em que fosse possível amplificar o sinal - é preciso recuar no tempo, mais precisamente até os anos 30, quando os primeiros experimentos com amplificação tiveram início.

O tamanho do “gigante” já incomodava inúmeros observadores naquela época, muito por conta da sua baixa sonoridade - conforme vimos na matéria anterior. A primeira solução foi tentar reduzir o volume da caixa de ressonância acústica. A grande questão era que, se o contrabaixo acústico já possuía problemas de expansão sonora, uma eventual diminuição desta peça implicaria em inventar outra forma de expandir o sinal.

Os Primeiros Passos

Apesar de várias companhias na época terem elaborado diferentes soluções, a Regal Company, situada em Chicago foi uma das primeiras a destacar-se com seu modelo de Upright Bass (figura 1). Com o nome de Electrified Double bass, a propaganda alardeava que este equipamento era “o sonho de um baixista”. Pois era leve, portátil e tinha a mesma escala do gigante. Poderia ser tocado com arcos, dedos ou “slappado”, termo que era usado para a técnica de ragtime. O anúncio ainda mencionava um amplificador com altos falantes especiais, que poderiam reproduzir o verdadeiro som do contrabaixo.

A Regal foi uma das primeiras empresas a testar o conceito de equipamento de som (electric pick up). O instrumento tinha um knob de volume acoplado em seu corpo. O Upright da Regal teve um relativo sucesso de vendas limitando-se a Chicago, capital e outras cidades do interior de Illinois. Um dos modelos mais famosos foi construído pela Rickenbaker em 1936, desenhado por George Beauchamp. Denominado de Eletro-Bass-Violone, foi concebido uma única peça de metal, dotado de um captador magnético da própria marca (que tinha o carinhoso apelido de “pata de cavalo” - horse shoe - em virtude do seu tamanho). O interessante é que esta peça era acoplada diretamente no topo do amplificador (figura 2).
O som deste singular instrumento pode ser conferido em uma gravação realizada em 1929 pela Columbia Records com Henry Allen & His Orchestra, “Feeling Drowsy”. Talvez esta música não tenha se tornado um hit, mas os especialistas apontam que ela foi provavelmente à primeira gravação de um baixo com sinal amplificado.

Outro instrumento que, por seu ousado design, merece ser destacado é a Vegas Electric Bass (figura 3), construído em seis partes de madeira diferente. O braço e a escala possuíam tipos distintos de regulagem. Dois knobs (um de volume e outro de tonalidade) foram instalados do lado do braço do instrumento. O Vega ainda possuía um tripé para oferecer sustentação quando executado, com vários níveis de altura e uma escala apta a receber qualquer tipo de corda (as primeiras de contrabaixo acústico eram feitas de tripa de carneiro, passando posteriormente a ser fabricada de metal).

O equipamento ainda vinha com um amplificador de 18 watts que tinha uma borracha especial para evitar vibrações originadas de freqüências mais graves.

O Pioneiro Tutmarc

Em 1941, os Estados Unidos estavam na segunda guerra mundial. Por esse motivo, todas as pesquisas e o desenvolvimento de novos instrumentos ficaram momentaneamente paralisados em virtude disso. Aconteceu então a grande volta do contrabaixo acústico - é bom lembrar que estamos tratando da origem do sinal amplificado. Leo Fender concedeu o Precision Bass em 1951 como um instrumento que dependia de um sistema de amplificação para expandir o envio de sinal.

Então, no começo dos anos 30, um guitarrista chamado Paul H. Tutmarc construiu um Upright vertical com captador magnético em sua empresa, a Audiovox Manufacturing, localizada em Seattle. Embora esse instrumento nunca tenha sido produzido em escala industrial, representou um importante passo para o projeto ainda mais radical. Em 1935, Tutmarc teve uma brilhante idéia: construir algo mais leve, que pudesse substituir o Upright construído anteriormente. “Por que não construir um pequeno baixo elétrico que pudesse ser tocado de forma horizontal, como uma guitarra?”, raciocinou o guitarrista. Este conceito tornou-se realidade por meio de um modelo Audivox 736 Electronic Bass (figura 4).

Tratava-se de um instrumento com corpo sólido, trasteado, quatro cordas e equipado com um captador magnético, capaz de gerar som sem o auxílio de um amplificador independente. Ele tinha ainda um escudo feito de plástico e ponte de metal. A madeira usada era a mesma da produção do Upright. Seu preço: US$65. Os historiadores estimam que por volta de 100 modelos similares fossem fabricados, sendo a sua aceitação delimitada a área de Seattle. E ai surge uma grande questão: Leo Fender sabia da existência do Audiovox 736 antes de iniciar a construção do seu lendário Precision?

Em um artigo publicado na Vintage Guitar Magazine, John Teagle especula sobre este fato com Richard R. Smith, autor do livro Fender: The Sound Heard’s Round the World. Smith fez muitas entrevistas com Leo Fender e, em nenhuma delas, o lendário inventor referiu-se ao projeto Audiovox. O próprio Teagle afirma: “Em nenhum momento, Leo mencionou esse instrumento. Ele e Don (Don Randall - sócio de Leo na Fender Company) tinham conhecimento do Rickenbaker Electro e do Gibson Mando Bass. Estou convencido que tais invenções ocorreram em uma linha quase paralela de evolução, em épocas diferentes da história. O Audiovox era uma boa idéia, mas muito avançado para a época”.

O sinal do Precision Bass precisava ser amplificado a partir do início do ano de 1952, quando os primeiros modelos saíram da fábrica. Assim Fender também criou um artefato na qual pudesse amplificar o sinal.

Trata-se de um amplificador Fender Bassman, especialmente desenhado para amplificar o som do contrabaixo. Ele possuía um alto-falante Jensen de 15 polegadas e 26 w de potência. Infelizmente, pouquíssimas pessoas tiveram a honra de ouvir um Precision Bass plugado em uma máquina dessas. O designer Rich Lasner foi um desses iluminados. “Toquei em um Precision acoplado em um Bassman com médio volume e fiquei prestando muita atenção ao que ouvia. Era realmente um som de contrabaixo acústico.

A segunda parte da equação estava resolvida!

A História do Contrabaixo, parte 4

Entusiasmo, preconceito ou simplesmente medo do novo? Sem contar com a mídia a seu favor, Leo Fender começou a divulgar seu novo invento junto a pessoas e lugares que poderiam ser interessar pelo Precision Bass. Foram os primeiros passos que iriam mudar, em definitivo, o futuro da música em nosso planeta.

Estamos em 1952. Local: um bar em Nashville, no Tennessee. Já naquela época, a música country era a preferida em muitos lugares. De repente, um respeitável senhor entrou com um estranho instrumento na mão. Os freqüentadores comentaram:

- Parece uma guitarra, mas é maior!

- Aquele não é Leo Fender, o cara que inventou a guitarra elétrica?

- É ele mesmo. E eu ouvi dizer que agora ele esta com uma nova invenção: um baixo elétrico! Imagine! Até que ele teve uma boa idéia quando vez a guitarra elétrica. Mas um baixo elétrico? Este cara enlouqueceu!

Salvo raras exceções, estes eram os comentários que nosso herói ouvia por onde quer que levasse o seu pioneiro Precision Bass - um instrumento estranho na época para a maioria das pessoas e músicos - pois era menor (que o baixo acústico), mais leve e que ainda emitia as notas com maior sonoridade e precisão em virtude da presença dos trastes pelo fato de ser amplificado.

Eram tempos difíceis para o lendário inventor. Não se esqueçam que a guitarra elétrica ainda estava em sua infância. Apesar de ter uma grande aceitação pelos músicos da época, era algo totalmente novo, e como tudo que é novidade neste mundo, os puristas de plantão já apareciam com um monte de críticas. Muitas delas, inclusive sem o menor sentido.

No início dos anos 50, o Marketing para um produto como o Precision Bass eram totalmente inviável devido aos custos proibitivos e também por um segmento de mercado que praticamente ainda não existia. Panfletos e pequenos anúncios em revistas e jornais especializados em música foram úteis (além de reduzir os custos). A figura 1 ilustra um dos primeiros prospectos com a figura do Precision Bass junto ao nosso conhecido amplificador Bass Man.

E a solução então foi entrar com a cara e a coragem nos lugares onde os baixistas pudessem conhecer sua nova invenção como gravadora, clubes, shows e bares, mas com uma pequena observação imposta pelo próprio Leo: que todos os locais visitados tocassem música country, a preferida pelo lendário inventor.


- Parece uma guitarra, mas é maior!

- Aquele não é Leo Fender, o cara que inventou a guitarra elétrica?

- É ele mesmo. E eu ouvi dizer que agora ele esta com uma nova invenção: um baixo elétrico! Imagine! Até que ele teve uma boa idéia quando vez a guitarra elétrica. Mas um baixo elétrico? Este cara enlouqueceu!

Salvo raras exceções, estes eram os comentários que nosso herói ouvia por onde quer que levasse o seu pioneiro Precision Bass - um instrumento estranho na época para a maioria das pessoas e músicos - pois era menor (que o baixo acústico), mais leve e que ainda emitia as notas com maior sonoridade e precisão em virtude da presença dos trastes pelo fato de ser amplificado.

Eram tempos difíceis para o lendário inventor. Não se esqueçam que a guitarra elétrica ainda estava em sua infância. Apesar de ter uma grande aceitação pelos músicos da época, era algo totalmente novo, e como tudo que é novidade neste mundo, os puristas de plantão já apareciam com um monte de críticas. Muitas delas, inclusive sem o menor sentido.

No início dos anos 50, o Marketing para um produto como o Precision Bass eram totalmente inviável devido aos custos proibitivos e também por um segmento de mercado que praticamente ainda não existia. Panfletos e pequenos anúncios em revistas e jornais especializados em música foram úteis (além de reduzir os custos). A figura 1 ilustra um dos primeiros prospectos com a figura do Precision Bass junto ao nosso conhecido amplificador Bass Man.

E a solução então foi entrar com a cara e a coragem nos lugares onde os baixistas pudessem conhecer sua nova invenção como gravadora, clubes, shows e bares, mas com uma pequena observação imposta pelo próprio Leo: que todos os locais visitados tocassem música country, a preferida pelo lendário inventor.

No entanto, o avanço mais promissor, por um capricho do destino, não aconteceu entre os músicos que executavam o estilo do qual Fender tanto gostava. O jazz foi a porta de entrada para o revolucionário instrumento. No final de 1952, Leo conheceu o vibrafonista e bandleader Lionel Hampton (figura 2).

O músico teve um interesse imediato no novo instrumento e solicitou ao baixista Roy Johnson que o incorporasse à banda. O próprio baixista nos conta como tudo aquilo conheceu:

- Fiquei muito curioso com a nova invenção de Leo. No decorrer dos ensaios, notei que muitas pessoas estavam prestando uma atenção maior do que o usual não apenas no novo instrumento, mas também pela sonoridade que ele produzia. A superioridade sonora sobre o grande gigante era evidente!

Em 30 de julho de 1952, o jornalista Leonard Fasther, da revista Down Beat, publicou uma reportagem com um fato ocorrido durante a ‘gig’ de Lionel Hampton. A reportagem mencionava que todos os presentes estavam surpresos, pois alguma coisa estava soando de forma diferente: “As pessoas perguntavam onde estava o baixista? Ele não estava lá, mas todos podiam ouvir o som do instrumento”. Teve gente que ficou pasma ao pensar que havia dois guitarristas. Um olhar mais atento revelava que o novo instrumento não tinha seis, mas apenas quatro cordas, além de ter um formato um pouco maior que a guitarra tradicional.

Finalmente, o quadro se completou: o baixista estava tocando algo completamente revolucionário! A dramática mudança que o reforço dos graves proporcionou à banda, sonoridade, novas timbragens, possibilidades de experimentar novos moldes harmônicos, melódicos e rítmicos, sem falar na repercussão favorável da mídia na época, fizeram com que Hampton decidisse incorporar de forma definitiva o baixo elétrico em seu trabalho. Todos estes personagens, mais algumas centenas de baixistas, estavam mudando, sem saber, o curso da história da música.

O jazz ainda ajudou o Precision Bass por meio da figura do baixista Shifte Henry (figura 3) que trabalhava em Nova York em diversos grupos. O músico não apenas aprovou o primeiro baixo elétrico da história, como também foi seu primeiro endorser.

Apesar do relativo sucesso obtido no meio jazzístico, o lendário Precision conseguiu finalmente atingir a sua merecida fama em outro segmento, no qual o velho inventor jamais sonhou que aconteceria: o Rock n’ Roll.

Mas esta é uma história para o nosso próximo capítulo.

Fim da 1ª postagem

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A História do Contrabaixo Empty Re: A História do Contrabaixo

Mensagem por GeTorres Qui Abr 26, 2012 12:02 pm

Autor do Texto: Nilton Wood
Título: A história do contrabaixo
Fonte: Site Território da musica "www.territoriodamusica.com"
Acessado em 26/04/2012 às 11:47

A História do Contrabaixo, parte 5


A partir de 1952 houve uma verdadeira revolução na lendária fabrica da Fender. Preocupados em atender uma demanda crescente, todos os funcionários, inclusive o próprio inventor, esqueceram um item fundamental: a catalogação e datação dos instrumentos na qual pudessem refletir a realidade da empresa em termos numéricos e qualitativos. A perda em termos históricos foi imensa.

Nos anos 60, existia nos Estados Unidos um compêndio intitulado Musician Union Directories, uma espécie de “páginas amarelas”, onde o fabricante, distribuidor, lojista e músico podiam encontrar todas as empresas ligadas ao ramo musical do país. De acordo com Forrest White, executivo da Fender entre 1954 e 1967, as publicações começaram a apresentar, em sua contracapa, algumas empresas que estavam se destacando em determinados setores ligado ao ramo musical.

Para surpresas de todos, inclusive do próprio inventor, o nome Fender Bass estava lá. Isto foi considerado uma grande vitória, pois os instrumentos ainda estavam em seu primeiro anos, mas o destaque dado no Musician animou todos a prosseguirem com o projeto, pois isto era uma indicação muito segura que eles estavam no caminho certo.

Entre 1951 e 1959, os modelos Fender Precision foram os únicos baixos fabricados e distribuídos pela fábrica (o lendário Jazz Bass faria sua triunfal aparição somente em 1960). A produção dos P Bass foi crescendo relativamente conforme sua aceitação no mercado. O livro “Fender: The Inside History”, de autoria de White, realizou uma entrevista com Richard Smith, um dos funcionários da empresa encarregado de catalogar cada modelo.

As notas pessoais de Leo Fender mostravam que, aproxidamente, 83 modelos foram vendidos no ano de 1951. Posteriormente, mais 200 unidades foram distribuídas e também vendidas durante nos anos 50. Cálculos aproximados indicam que em torno de seis mil unidades do P Bass já estavam circulando pelo país nas mãos de novos baixistas. Quais eram os números reais? Ninguém sabia ao certo...

Datar a quantidade exata nos primórdios da lendária fábrica provou, pelas dificuldades encontradas durante sua pesquisa, que aquilo não era uma ciência exata, principalmente por não haver tecnologia disponível na época, como por exemplo, computadores. Durante os primeiros anos de produção, houve saltos vertiginosos de números de unidades comercializadas.

Os pedidos vindos de todas as partes do país se multiplicavam a cada dia. Os historiadores acreditam que, em virtude dessa atividade frenética, todo mundo perdeu-se nos números. Mal eles imaginavam que tais dados seriam revisados por historiadores profissionais e amadores, ávidos por qualquer informação que pudessem ser úteis na busca das origens e evolução dos instrumentos da Fender.

De acordo com James Werner, um dos mais renomados pesquisadores e datadores do Precision Bass, os números seriais de fabricação eram datados dentro do braço do instrumento usando (pasmem!) um simples lápis.

O pesquisador encontrou muitos modelos que, apesar de serem consideramos como originais após uma criteriosa análise, tiveram seu número de série apagado pelo tempo, tornando impossível uma identificação precisa. Para que vocês tenham uma idéia, a datação oficial do primeiro P Bass recebeu o número de série 0118, constatado em setembro de ano de 1952.

O que você, leitor, deve estar imaginando e os historiadores ainda se debatendo é: cadê os 117 modelos anteriores? Em um ponto todos concordam: Leo, visando divulgar seu instrumento, promoveu uma verdadeira distribuição de várias unidades para diversos músicos de diferentes estilos musicais, já que Fender queria que seu instrumento fosse usado por toda a comunidade musical - apesar, conforme vimos, de que suas primeiras tentativas foram direcionadas ao universo country.

Muitos destes preciosos modelos foram considerados desaparecidos ou destruídos. O velho inventor também era conhecido por ser um homem dócil e generoso. Provavelmente, muitos baixos foram vítimas de uma má escolha por parte dos músicos que teriam a honra e a oportunidade de serem presenteados com a recente invenção.

Os pesquisadores contam ainda que muitos pedaços de P Bass foram encontrados em latas de lixo perto de bares, estúdios e casas de show em várias localidades nos Estados Unidos.

O que teria acontecido? Brigas em decorrência da ingestão de álcool, aposta em jogos e insatisfação devem ter sido os principais motivos. Tudo isto, de qualquer modo, foi apagado pelo tempo. Uma perda sem tamanho para a história...

Legenda das fotos:

Figura 1 - A primeira ponte do Precision Bass era dividida em dois suportes (um para cada grupo de cordas). Feito em phenolic. As cordas eram inseridas pela parte traseira do corpo. Este tipo de ponte equipou o instrumento até 1957, quando foi substituída por outro modelo, mais avançados fabricado em metal, com um suporte para cada corda.

Figura 2 - Uma visão traseira dos orifícios nos quais eram inseridas as cordas. “Pensamos em colocar os orifícios na parte de trás do instrumento par possibilitar uma melhor estética na parte dianteira”, justificou o inventor na época.

O problema é que este tipo de ponte não fornecia um ajuste preciso das notas no braço. Historiadores e técnicos concordam que este tipo de sistema deveria ter sido substituído muito antes, em virtude de diversas reclamações de músicos que alegavam que as algumas notas do Fender P Bass soavam semitonadas.

Figura 3 - Visão frontal do P Bass original, construído em 1951. Com o corpo feito em ash e o braço em maple, o novo modelo representou um imenso salto em termos de evolução técnica, sonora e ergonômica. No entanto, muitos modelos tinham sérios problemas de entonação no braço, principalmente a partir do final de 1952, motivado por um sistema de afinação mal construído e por uma falta de controle de qualidade por parte da empresa.

Figura 4 - Em 1953, a nova Stratocaster estava pronta para ser lançada, tendo como novidade um novo recorte na parte dianteira do corpo, propiciando uma melhoria na ergonomia. No início de 1954, ocorreu a primeira mudança dramática no P Bass.

Leo Fender modificou a parte superior do corpo, dando um contorno semelhante ao da lendária Strato. A mudança foi muito bem recebida por músicos, que prontamente aprovaram o novo modelo, resultando em um substancial aumento de vendas.

Figura 5 - O modelo de 1954, em foto ilustrativa obtida de um catálogo de vendas na época. Além do recorte do corpo, havia duas novidades: um novo escudo da cor branca, feito em um novo material plástico, mais resistente e com melhor acabamento (o original era fabricado em fibra vulcanizada) e a inclusão de duas cores (sunburst), dando um novo visual ao instrumento.

Figura 6 - Para acompanhar o novo design do P Bass, o lendário Bassman teve um up grade em 1955, com o aumento do tamanho do gabinete para acoplar um falante de 15 polegadas.

Figura 7 - Novas mudanças estruturais ocorreram nos modelos fabricados a partir de 1957. Note os captadores, em formato Humbucking, em substituição aos single coil anteriores, resultando em menos ruídos e maior sonoridade.

O headstock finalmente ganhou seu formato definitivo. O pick guard ganhou um novo design, onde os knobs passam a ser acoplados à peça. Note ainda que o modelo da foto não possuía as placas metálicas dos captadores e da ponte.

Figura 8 - Um raro Fender 1963 completo! Até as placas metálicas estão lá! A mudança ocorreu na inclusão de uma escala, feito em rosewood, finalmente separando a madeira do braço. No final dos anos 50, novas cores foram introduzidas no mercado, com base em pinturas feitas em automóveis da época.

A cor deste modelo é conhecida como “azul plácido”, uma cor na moda - principalmente em carros esportivos - na época. Esse modelo foi considerado uma das matrizes para os Precision atuais.

A História do Contrabaixo, parte 6

O enorme sucesso do Precision Bass (Figura 1) a partir de 1952 despertou a atenção de outros empresários em uma América ávida por novos empreendimentos e que ainda estava se reerguendo dos ecos da Segunda Guerra Mundial.

“Ora, não deve ser difícil fabricar um desses!”. De acordo com os registros históricos, essa foi das primeiras frases pronunciadas por muitos empresários que examinavam minuciosamente o modelo do primeiro baixo elétrico da história, empreendedores que estavam firmemente dispostos a entrar em um mercado até agora única e exclusivamente dominada pelo Precision Bass.

Vamos interromper um pouco a nossa narrativa. Seria conveniente, neste ponto da história, fazer uma pequena reflexão sobre alguns detalhes que aprendemos até agora, que nos ajude a entender o que se seguiu. Até agora, conhecemos onde tudo começou - a grande batalha travada por Leo Fender e seus seguidores, da sua pequena empresa de concertos de aparelhos de rádio até a presente data da história, 1953. Muita coisa aconteceu. Algumas boas e outras ruins.

Vamos começar pelas boas. Finalmente, o mundo conheceu nosso amado instrumento. Apesar da desconfiança inicial, o P Bass decolou e se tornou um sucesso absoluto de vendas durante o ano de 1952. Por outro lado - e deixando o romantismo de lado - era inegável que Leo Fender, um visionário genial e obstinado, era, antes de tudo, um técnico em rádio, obcecado pela amplitude do sinal, de onde quer que ele viesse, fosse de um violão elétrico, da primeira guitarra (a Telecaster) ou de um simples aparelho de rádio.

Ou seja, nosso inventor não era propriamente um músico ou luthier especializado que pudesse identificar os graves problemas de construção presentes no P Bass em seus primórdios. Na verdade, ninguém imaginou que a invenção do baixo elétrico se transformaria em um dos divisores da história da música. Vimos também como foram importantes os primeiros bandleaders - como Lionel Hampton -, que levaram o status do instrumento a item obrigatório em suas orquestras, apesar dos inúmeros protestos de diversos músicos apegados a suas tradições. Seriam estes indivíduos contra tudo que seria, a princípio, inovador, velhas múmias paradas no tempo?

A resposta é: não! É fácil para nós, que não vivemos aqueles tempos, examinar com absoluta frieza os primeiros Precision Bass fabricados em linha de produção. O motivo principal da criação do baixo elétrico foi proporcionar conforto ao músico e fazer com que um pequeno instrumento pudesse soar como um grande contrabaixo acústico. O primeiro grande erro de projeto de Leo e sua equipe foram acreditar que, resolvendo estes problemas, o resto seria fácil. No capítulo anterior, vimos que as coisas não eram tão simples assim. A principal crítica ao revolucionário instrumento era que as notas muitas vezes soavam de forma semitonada, ou seja, com diferenças nada sutis de altura.

O problema era específico: o primeiro sistema de pontes que Leo Fender utilizou trazia duas peças de suporte para cada grupo de duas cordas e provocava sérios problemas de entonação no braço. Muitos dos críticos que condenavam o novo instrumento insistiam neste ponto e com razão. Na equipe de Leo existiam muitos jovens empregados que resolveram verificar com maior apuro os motivos destas reclamações por parte dos músicos e dos críticos.

Constatado que realmente existia este problema, foram trocados os sistemas de pontes a partir de 1953. O novo modelo Precision, fabricado a partir de 1954 já possuía este novo mecanismo, desta vez com um sistema de suporte para quatro cordas. O lendário instrumento ainda possuía outro grande problema, que apenas os anos de uso iriam apontar, mas isto será o tema de nosso próximo capítulo. O sucesso inesperado pode também ter contribuído para embotar um controle melhor de qualidade por parte de nossos bravos pioneiros.

Um mercado potencial estava surgindo, sedento por novidades, que tinha na Fender Radio & Television Equipment o único fabricante de uma nova idéia. Com isto surgiu o primeiro grande inimigo: a concorrência. O primeiro instrumentos que os registros apontam foi o Kay, criado na primeira metade de 1953 por um consórcio de luthiers que construíam baixos acústicos.

Tratava-se de um projeto-conceito, baseado em um obscuro instrumento (que infelizmente se perdeu na história) usado pelo baixista da banda de Woody Herman, Chubby Jackson, no final dos anos 40. Ele se parecia com os modernos baixos acústicos usados até hoje, mas a vantagem era o preço. Enquanto que um P Bass custava US$ 199,00, o Kay tinha seu preço fixado em US$ 140. O projeto não se desenvolveu devido à dificuldade de tocabilidade e por falhas na construção dos sistemas de captadores, que provocaria ruídos estáticos junto aos sistemas de amplificação, segundo relato a historiadores do instrumento.

A Gibson, então apenas uma construtora de violões e outros instrumentos de corda, apresentou ao mundo dos graves seu primeiro modelo: o EB-1 (Figura 2), com um revolucionário corpo em mogno (e não oco, como muitos pensavam) que lembrava o violino. Nos instrumentos acústicos, existem duas aberturas no tampo frontal chamado F holes com a finalidade de expandir as ondas sonoras.

O EB-1 possuía os mesmos orifícios só que simulados. A novidade atraiu um nível relativo de vendas, apesar de críticos e músicos afirmarem que a empresa levou em consideração apenas o aspecto visual, ignorando totalmente a ergonomia. Em resposta a estas criticas, a empresa lançou em 58 o modelo EB-2, cujo corpo se assimilava à guitarra ES-335.

Por sua vez, a Hofner, outra tradicional empresa de instrumentos acústicos, estabelecida na Alemanha a partir de 1880, entrou no mercado com um novo instrumento, que se assemelhava muito com o modelo fabricado pela Gibson. Tratava-se do Hofner 500/1 (Figura 3), criado em 1956 e chamado de violin bass.

Todos estes modelos, a princípio, não representavam ainda uma ameaça direta ao poderoso P Bass. No entanto, algo inesperado surgiu no horizonte e que realmente chamou a atenção de todos: a Rickenbacker.

Roger Rossmeisl, um luthier alemão aceitou a oferta da empresa para trabalhar no sul da Califórnia, com a responsabilidade de desenvolver o primeiro contrabaixo elétrico da companhia. O corpo foi inspirado nos guitarristas de jazz alemães, a escala do baixo era alguns milímetros maiores que o Precision e trazia uma característica que contribuiu para a uma confortabilidade no quesito execução de notas na região mais aguda da escala: a escala se iniciava no final do braço, fazendo com que as notas localizadas a partir do décimo segundo traste pudessem ser facilmente executadas.

Com base nestas pesquisas, finalmente em 1957 surgiu o lendário modelo 4000. Seu design revolucionário rendeu muitas vendas e começou realmente a preocupar os executivos da Fender, mas por pouco tempo. O novo modelo da Rickenbacker tinha um sério problema de entonação nas cordas que viria a ser solucionados anos depois, além de problemas de ajustes no braço. (o sistema de colagem ainda era imperfeito).

No final daquele ano, outra novidade surgiu: o Danelectro UB2, construído pelas mãos do luthier Nathan Daniel, cujo projeto havia sido iniciado dois anos antes. Era um instrumento que já possuía uma boa ergonomia, em virtude do seu design, e a principal novidade: seis cordas! Possuía uma afinação semelhante à guitarra, só que uma oitava abaixo. O instrumento foi um relativo sucesso de vendas, sendo usado para gravações nas primeiras bandas de rock n’ roll. O Danelectro tinha como característica sonora um som abafado e percussivo, que originou seu apelido de “Tic-Tac”.

A entrada da lendária Rickenbacker serviu para demonstrar que outras empresas poderiam competir com a Fender. O 4001 (Figura 4), lançado um ano depois, iniciou uma nova escalada de boas vendas, o que fez que, pela primeira vez, os executivos da Fender se reunissem para questionar o que poderia ser melhorado no velho e bom Precision Bass.

A resposta veio no ano de 1958, com algo que iria revolucionar o mundo dos graves, considerado por muitos historiadores como mais uma estratégia de marketing do que propriamente uma nova revolução. Mas isto você saberá no próximo capítulo.

A História do Contrabaixo, parte 7

A terceira geração dos baixos Fender Precision Bass (57) era um grande sucesso de vendas. No entanto, uma concorrência cada vez mais acirrada obrigou o pessoal da Fender Company a criar um novo modelo de baixo elétrico. Uma nova revolução ou uma brilhante estratégia de marketing? Você decide!

Início de 1960, algum lugar no meio oeste americano. A banda de Rick Nelson se preparava para um tour pela Austrália. O baixista/guitarrista Joe Osborn estava muito ansioso. O motivo era que, poucos dias atrás, o próprio Clarence Leo Fender tinha entrado em contato com ele, interessado que o músico testasse um novo produto da empresa. “Os caras me ligaram e me disseram que tinham algo novo. Apesar de ser guitarrista, eu usava o Precision Bass para tocar algumas músicas. Então pedi para eles trazerem, se possível, um instrumento melhorado e um amplificador maior”, relembra Osborn.

Na véspera da partida, o próprio Leo se encontrou com Joe e lhe entregou o que prometera. Além de um Bass Man novo, o genial inventor lhe trouxe um novo baixo, o último experimento da empresa. “Quando eu o tirei do estojo parecia um Precision, mas era diferente. O corpo era um pouco maior, com mais curvas e o sistema de captação também era diferente. Foi quando resolvi olhar uma inscrição denominando o novo instrumento no headstock do instrumento. ‘FENDER JAZZ O QUÊ?’ perguntei, um pouco confuso. Leo então me disse que depois conversaria comigo. Que eu apenas o levasse, tocasse com ele e depois lhe contasse minha opinião”. Mal sabiam nossos protagonistas que, com este simples diálogo, eles estavam, mais uma vez, alterando o curso da história.

Mas um momento! Foi tudo simples assim? Claro que não! Alguns fatos ocorreram para que a empresa e seu fundador concordassem que já era hora de inovar. Os primeiros ventos da mudança sopraram em direção da própria companhia. Don Randall, diretor industrial e presidente da Fender, em um histórico depoimento contido no livro “The Bass Book” relata: “O Precision Bass, em sua segunda versão (1954) era realmente um notável avanço com relação aos modelos anteriores. No entanto, alguns problemas alinda persistiam, e o principal - relacionado ao acondicionamento da quarta corda, Mi - só foi resolvido na terceira geração do projeto (modelo 1957). Por um problema de engenharia, o design do head stock que compunha o conjunto braço/corpo possuía um sério problema de sustentação desta nota, o que fazia que o sétimo traste desta região apresentasse problemas de ruídos e falta de entonação. O próprio Leo já tinha notado este problema e alguns funcionários mais antigos também. Grande parte dos músicos que usavam o instrumento na época nunca reclamaram mas alguns baixistas que trabalhavam em estúdios (e portanto com uma realidade sonora diferenciada da grande maioria pois eles estavam constantemente ouvindo o que gravavam em seus trabalhos) já tinham notado este problema.”

“Por mais que fizéssemos de tudo para solucionar o defeito no local afetado da escala, não tínhamos sucesso! Após muito pesquisar, encontramos a resposta, só que em outro lugar: o head stock, por uma falha nossa, não tinha as dimensões e massa suficientes para sustentar a pressão das cordas. A solução então foi alterar o design. Decidimos então que este problema estaria definitivamente resolvido no modelo 57. A partir daí, soubemos que os mesmos concorrentes tinham efetuado as mesmas mudanças. Foi ai que percebi que precisamos de um produto novo”, afirma Don Randall.

Outro fator foi a ambiência industrial entre os anos de 1958 e 59. Apesar de aceitação gradativa do baixo elétrico - não apenas do Precision, como também de outros modelos - todas as fábricas, com exceção da Fender, encaravam o baixo elétrico ainda com desconfiança, principalmente por existir muitos modelos de guitarra que tinham um maior apelo comercial. A própria Fender já possuía naquela época seis modelos de guitarra diferentes, bem como 13 modelos de amplificadores. A grande dúvida era: haveria no mercado espaço suficiente para uma quarta geração de baixo Fender?

A resposta apareceu por várias vertentes. Primeiro, porque o segmento de guitarras elétricas já estava sofrendo uma expansão. Stratocaster, Jaguar e Jazzmaster eram modelos, que, silenciosamente, já apontavam uma direção a novos rumos. Mesmo não sendo especialistas em marketing, Leo e sua equipe acreditavam que a grife Fender estava destinada a fazer história. Randall relembra aqueles tempos: “Mesmo sem admitirmos, já éramos dirigidos pelo mercado de uma forma inconsciente desde aquela época. A partir daquele momento que finalmente decidimos que os baixos elétricos eram bons produtos e que sempre iriam existir potenciais compradores, o que tínhamos então que fazer era oferecer novos produtos, mais elaboradorados. Nossa idéia inicial era criar, a princípio, um novo instrumento, superior ao Precision Bass. Tínhamos inclusive começado a construir alguns protótipos. Na época tudo era ainda muito incerto, mas finalmente a história nos fez compreender que estávamos no caminho certo”.

Claro que, para variar, existiam algumas vozes discordantes. E adivinhe de quem uma das vozes mais exaltadas? Ele mesmo: Leo Fender!

Da mesma forma que o grande inventor combateu os que eram contra suas revolucionárias idéias, Leo, ironicamente, travava uma batalha íntima, combatendo seus próprios fantasmas, materializados em idéias pré-concebidas sobre o próprio conceito de sua criação. Finalmente, ele se rendeu à lógica e apelo do mercado e finalmente, o novo protótipo começou a sair da prancheta.

A elaboração do nome do novo modelo foi algo digno de nota: “Queríamos que o nome soasse como uma coisa totalmente nova, um instrumento State of the Art, que pudesse ser tocado por grandes músicos e, se possível, com novas técnicas de execução! Jazz Bass foi o escolhido, porque a linguagem do jazz era mais arrojada, e, por conseguinte, seus músicos também eram”, relembra Randall.

O novo instrumento foi desenvolvido a partir de 1959 e introduzido no mercado um ano depois. Neste ponto, a história na qual começamos este capítulo foi concluída. Joe Osborn recorda: “Realmente, foi quando comecei a tocar no Jazz Bass que constatei que ele era um instrumento superior. Seu corpo era muito mais anatômico que o meu velho Precision. A inclusão de um novo sistema de captação (dois single coils) melhorou muito a sonoridade, sem mencionar a tocabilidade. Mas o mais interessante era que o braço era mais fino, o que ajudou muitos de nós, que também tocavam guitarra a digitar melhor as notas, pois estávamos acostumados ao braço menor da guitarra”.

O design do novo Jazz Bass era semelhante à guitarra Jazzmaster, lançada pela Fender dois anos antes. O primeiro protótipo nunca foi manufaturado. O corpo já possuía os contornos definitivos e o novo head stock já tinha seu design consolidado. A dúvida estava nos captadores (iguais no estilo que equipavam a guitarra Jassmaster) e knobs que, a princípio, seriam em número de três: dois para controle de volume e um para tonalidade.

E o mundo dos graves? Como reagiram músicos, produtores, professores e alunos com o novo baixo da Fender? Saiba mais no próximo capítulo!

Legendas

Figura 1: O primeiro protótipo do Jazz Bass construído em 1958. Esse modelo jamais entrou em linha de produção. Note os três Knobs (dois para volume e um para timbres), que não fazem parte do modelo oficial que seria lançado em 1960.

Figura 2: Ao contrário dos modelos anteriores, na qual a espuma de abafamento das notas se encontrava localizada no lado interno da placa metálica, no novo modelo o material foi instalado sob as cordas, próximo à ponte.

Figura 3: O protótipo possuía dois captadores com design idêntico ao que equipava a guitarra Jazzmaster.

A História do Contrabaixo, parte 8

A Era Jazz Bass
Por sua genialidade, versatilidade e sonoridade, a invenção do contrabaixo elétrico realizada por Clarence Leo Fender conquistou mentes e corações de todos os baixistas do planeta. Críticas, sugestões e opiniões acerca de modificações e melhorias sempre foram uma constante na fábrica do genial inventor. Com o mais carismático e desejado baixo no mundo dos graves - o Jazz Bass - não poderia ser diferente.

Fundada em 1901 por empreendedores americanos, a N.A.N.M. (National Association of Music Merchants) sempre desempenhou uma importante função no desenvolvimento e divulgação dos produtos musicais não apenas na América como também em diversos países do globo. E claro, para o lançamento de um produto como o Jazz Bass, este local era o mais indicado.

Com a produção do lendário baixo iniciada a partir de março de 1960, o instrumento constou no catálogo da exposição em julho deste mesmo ano, quando as primeiras unidades começaram a ser vendidas. De acordo com Don Randall, presidente da Fender, as vendas iniciais foram muito promissoras. “Tínhamos receio que os músicos estranhassem o novo modelo. Você sabe, quando algo é novo no mercado, a primeira reação é de desconfiança, mas as informações que recebemos de diversos revendedores e lojistas localizados em diversos estados do país eram justamente o contrário”.

O novo modelo chamava a atenção por seu novo design, principalmente do corpo. “Quando as pessoas experimentavam o Jazz Bass, todas, sem exceção, diziam que o novo instrumento era muito confortável”, disse Randall.

Apesar dos inúmeros percalços, tentativas, acertos e erros, a equipe da lendária fábrica possuía uma virtude: sempre procurar novos rumos, nunca se contentando com o aparente sucesso de um novo produto.

A primeira versão do novo modelo era equipada com o sistema de afinação da Kluson, corpo em Alder e escala em rose Wood, com o mesmo comprimento do Precision Bass (34 polegadas), embora na junção do capotraste com o headstock a largura do braço fosse menor (1 7/16”) do que o antigo modelo (1 3/4”), além dos pontos de orientação serem fabricados de forma circular.

O contorno do corpo foi baseado nas guitarras JazzMaster e Jaguar, também fabricados pela empresa e que já vinha colecionando elogios (“você não coloca um Fender, você o veste”, dizia uma propaganda na época). Além de diferente, o novo modelo era um pouco maior que o Precision Bass 57, um dos principais fatores da sua confortabilidade.

Construída em metal cromado, a ponte foi herdada à imagem e semelhança do modelo 57, com a diferença de possuir uma roldana de metal acoplada a um sistema de material resinado semelhante a uma esponja usada para abafar o som das cordas do instrumento, no intuito que o novo modelo pudesse emular a sonoridade do contrabaixo acústico. Na segunda versão, este item foi excluído por sua pouca utilidade.

Uma das mais notáveis modificações foi o sistema de captadores, ou seja, a substituição do modelo Double Coil (dois captadores singles instalados próximo um do outro) pelo modelo Single Coil (dois captadores instalados de forma separada, com oito magnetos, dois por corda, para cada unidade).

De acordo com os estudos da Fender, a captação Double Coil foi desenvolvida para reduzir a estática produzida pelos primeiros modelos Precision. Apesar da notável melhoria na época, muitos músicos reclamavam que este sistema de captação propiciava uma perda de médios e agudos.

O sistema Single resolveu este problema com a instalação de um captador perto da ponte, que teve a função de tentar recuperar estes timbres. Além disto, o outro Single foi instalado perto da escala, visando um maior ganho de graves. Com este conceito, o Jazz Bass ganhou uma nova e extraordinária sonoridade. A primeira versão continha um knob específico para o volume de ambos os captadores e um segundo controle para os timbres.

Passado os primeiros meses de entusiasmo e, com o novo instrumento sendo constantemente usadas por diversos baixistas nas mais diferentes ambiências musicais, as primeiras críticas começaram a surgir.

A reclamação veio do segmento dos músicos de estúdio. Eles alegavam que o novo modelo possuía pouca diversidade de timbres. O problema, segundo os técnicos, estava no controle de volume de ambos os captadores. A solução então foi instalar um segundo knob, permitindo assim que cada captador possuísse um controle de volume distinto. Conforme a amplitude do sinal de cada um, o novo instrumento adquiriu novas timbragens, permitindo assim que ele se tornasse mais versátil para diversos estilos musicais na época. A partir de 1966 as tarraxas Kluson foram substituídas pelos modelos ovais que equipavam os Precision. A Schaller passou a equipar os modelos a partir de 1976.

O Jazz Bass foi um instrumento que surgiu no momento e época certos. A era pop estava se iniciando e os músicos precisavam de um instrumento versátil no qual pudessem executar desde baladas country até blues, passando pelo rock clássico e progressivo, emergentes na época.

Mas afinal de contas, porque este instrumento se tornou uma lenda? Além de usa extraordinária sonoridade, a resposta estava na impressionante ergonomia que a Fender conseguiu desenvolver no Jazz Bass, fazendo com que estudantes e músicos de baixa estatura, baixistas com mais de 2 metros de altura e que porventura possuíssem um peso acima de 120 quilos pudessem executá-lo. Um milagre da ergonomia. No próximo capítulo, conheceremos a terceira e última parte da era Jazz Bass, quando então vamos compartilhar a visão do futuro dos baixos Fender.


Legendas

Figura 1: A ponte era similar ao modelo Precision 57. Note o material fabricado em resina, usado para abafar as cordas. Por seu pouco uso, ele foi abolido na segunda geração do Jazz Bass.

Figura 2: Um modelo fabricado em 1966. Note as mudanças de tarraxa. Os modelos Kluson foram substituídos pelas ovais do Precision.

Figura 3: Detalhe dos Knobs, sendo que o superior controlava o volume de ambos os captadores, enquanto que o inferior era responsável pelos timbres.

Figura 4: As mudanças de Knobs ocorreram no final de 1961 com a segunda geração do modelo. Note a inserção do segundo knob para o controle de volume, bem como o novo design de forma hexagonal.

Figura 5: Detalhes do encaixe da escala feito em rose Wood. No detalhe à esquerda, a escala era reta, deixando um espaço no processo de colagem. Isto provocou alguns problemas de empenamento em alguns modelos. No final de 1962, a Fender desenvolveu um sistema de colagem que permitia que a escala se acoplasse ao baixo.

Figura 6: No começo de 1966, o Jazz Bass sofreu uma mudança nos pontos de orientação. Os desenhos circulares foram substituídos por novos símbolos em madrepérola.

Fim da 2ª postagem

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A História do Contrabaixo Empty Re: A História do Contrabaixo

Mensagem por GeTorres Qui Abr 26, 2012 12:07 pm

Autor do Texto: Nilton Wood
Título: A história do contrabaixo
Fonte: Site Território da musica "www.territoriodamusica.com"
Acessado em 26/04/2012 às 11:47

A História do Contrabaixo, parte 9


A era Fender Jazz Bass
Com a venda Fender Company para a CBS em 1965, músicos, admiradores e colecionadores dos lendários baixos acreditaram que haveria uma perda de qualidade em virtude da industrialização dos seus produtos. Descubra o que aconteceu.

Antes de iniciar este novo capítulo da história do contrabaixo, me permitam efetuar uma correção. Nesta nova coluna, minha intenção era prosseguir com a evolução do Fender Jazz Bass. Mas, ao pesquisar com maior profundidade, cheguei à conclusão que mostrar apenas a evolução destes instrumentos iria restringir muito o nível de informação que sempre procurei estender de forma mais ampla possível.

Assim, resolvi mudar o foco do assunto, não me limitando apenas ao lendário Jazz Bass, mas também, mas também a toda linha de baixos da empresa. Alguns leitores podem estar questionando os motivos pelos quais eu abordo os baixos especificadamente fabricados pela Fender e não por outras empresas.

A resposta é simples: A história de nosso instrumento se confunde com a própria criação da Fender e com seu criador, Clarence Leo Fender. Assim, é natural que grande parte do desenvolvimento do baixo elétrico tenha sido realizada por estes pioneiros, que simplesmente acreditaram em uma grande idéia.

Em 1965, Don Randall e Leo venderam a companhia para a CBS. A nova empresa, por uma postura ética de manter a filosofia e a qualidade dos seus produtos, manteve os dois antigos fundadores com consultores de produtos. Isto porque o fato da Fender ter se tornado uma grande empresa levou muitos seguidores fiéis da antiga companhia a acreditar em uma perda de qualidade dos seus produtos, principalmente pelo inevitável sistema de industrialização que iria substituir a linha artesanal adotada pela antiga companhia.

Desta forma, em termos históricos, todos os instrumentos fabricados antes e depois da era CBS foram motivo de discussões e polêmicas sem limites. Ardorosos defensores do processo artesanal alegam que a industrialização prejudicou vários pontos relevantes no instrumento, como qualidade dos componentes, acabamento e, por fim, sonoridade.

Como contraponto, igualmente, muitos defensores pró CBS alegam que a industrialização dos produtos realizada por uma empresa deste porte em muito contribuiu em diversas melhorias, o que não seria possível não fosse o processo de industrialização.

Um dos aspectos mais relevantes foram os acabamentos finais, principalmente com relação à pintura na qual grande parte concorda que ocorreram sensíveis melhoras depois que a Fender foi vendida. Discussões à parte, o mais importante é que a idéia de introduzir o baixo elétrico no mundo da música não sofreu interrupções. Apesar das disputas e guerras industriais e burocráticas (além de dinheiro), o ideal se manteve: a música nunca mais seria a mesma...

LEGENDAS DAS FIGURAS:

Figura 1: A versão do Fender Jazz Bass de cinco cordas foi criada em 1965. O instrumento tinha uma escala de 34 polegadas, mas apenas 15 trastes, sendo que a sua tessitura ia até a nota A#.

Figura 2: Note as configurações dos captadores do novo modelo. Historiadores afirmam que a ausência da nota dó nas regiões agudas do instrumento obrigava os baixistas a recorrerem a região mais grave do braço, ocasionando sérios problemas de timbragem. Foi uma ótima idéia no tempo errado, servindo ainda para demonstrar que nem tudo que a Fender fabricava se transformava em ouro.

Figura 3: Dois anos antes da Fender introduzir os modelos Mustang, Leo criou os Mustang Bass para estudantes. A escala possuía 30 polegadas e era perfeita para iniciantes. O mais interessante é que este foi o primeiro baixo da companhia a ter seu logo introduzido depois.

Figura 4: Em 1968, o modelo original do Precision inspirou a criação do Telecaster Bass. AS cordas eram inseridas como no modelo antigo, a ponte possuía dois suportes por corda e o headstock, escudos e controles foram ressuscitados do antigo modelo. O braço, no entanto, foi construído com a inserção de um laminado em maple.

Figura 5: A primeira aparição do modelo Fretless (sem trastes) ocorreu em 1970. Não era um instrumentos muito comum na época. Apesar da tentativa da construção de instrumentos similares, a versão da Fender é considerada definitiva.

Figura 6: Em 82, A Fender lançou o modelo Precision Special, equipados com captadores ativos, escudo preto e controles de volume e tonalidade próprios, além de uma chave seletora que regulava o funcionamento dos captadores.

A História do Contrabaixo, parte 10

Concebido, a princípio, para ser um instrumento mais leve de carregar, a expansão da sonoridade dos sons graves mudou para sempre a face da música em nosso planeta. Algo que o nosso humilde inventor jamais pensou que poderia ocorrer.

Em 1965, Clarence Leo Fender era um homem com sérios problemas de saúde, que surgiram em virtude do alucinante ritmo de trabalho que a Fender Company exigia de seus dirigentes.

Após muito pensar, foi consenso que a companhia fosse vendida para um grande grupo, que poderia administrar melhor a empresa. Assim, o conglomerado CBS adquiriu a Fender naquele ano. Nas décadas seguintes, a nova Fender adquiriu um enorme poder no musical business, apesar de muitos duvidarem da qualidade dos instrumentos feitos a partir desta fase.

Leo foi recontratado por um período de cinco anos como consultor da nova companhia, em uma tentativa de, segundo a nova direção, “preservar o espírito pioneiro da nova marca”. Mas o velho inventor era um homem inquieto e toda aquela burocracia o aborrecia. Cada detalhe de uma nova mudança era discutido com outros departamentos que, por sua vez, consultava o pessoal da engenharia, que por sua vez...

As coisas tinham definitivamente tomado outra direção. Tudo aquilo era gigantesco demais para que um homem de espírito prático e simples como Clarence pudesse entender, pois ele não era um administrador de empresas, mas sim um inventor, um genial inventor. Assim, apesar de seu trabalho como consultor, ele desenvolveu outras atividades, como projetos de consultoria, principalmente no desenvolvimento de um novo empreendimento criado por George Fullerton, um dos veteranos da antiga companhia.

A criação da Music Man
Em meados de 1972, Fullerton decidiu, juntamente com Tom Walker e Forrest White (dois ex-funcionários da Fender), criar uma nova empresa. Na divisão das responsabilidades, no entanto, eles constataram que faltava alguém que entendesse dos mistérios que envolviam a amplificação do sinal sonoro.

A resposta não poderia ser outra: após um contato com o inventor, foi fundada a Music Man Company, responsável pela criação dos lendários Stingray e Sabre, e considerada por muitos não apenas o maior legado do “conceito Fender”, como também a continuação dos ideais do grande inventor.

Ancorados em uma enorme campanha publicitária - que veiculava que as novas guitarras e baixos feitas pela Music Man possuíam grande tradição, por serem construídas “por grandes pioneiros” -, a resposta não poderia ter sido outra: um grande volume de vendas colocou a nova empresa no patamar de um dos mais conceituados fabricantes de instrumento do mundo.

A parceria do inventor com a Music Man durou até 1980, ano em que Fullerton o convidou para formar uma nova companhia: a G&L (de George e Leo), que contou também com a participação do sócio Dale Hyatt. O objetivo foi a criação de novas guitarras e baixos, contando, claro, com a poderosa “grife Fender”, Daí surgiram os modelos L SB-2, L-1000, L-2000, El Toro e os não menos famosos Interceptor.

A volta por cima
No ano seguinte, a CBS resolveu recrutar um novo diretor, alguém que pudesse reinventar novos instrumentos ancorados na famosa marca. Esse homem era William Schultz.

Trabalhando igualmente como consultor, ele desenvolveu durante cinco anos a idéia de que, apesar da empresa possuir uma incrível presença de mercado, isso não seria suficiente para que os “espíritos do pioneirismo de novos caminhos” não pudessem ser almejados, principalmente junto ao público fiel à marca.

A junção das idéias de Schultz gerou um novo departamento na empresa, destinado à pesquisa e ao desenvolvimento, porém sem o alvoroço da mídia. Finalmente, em 1985, o grupo comandado por Schultz comprou a companhia de volta. Dessa vez, a nova direção da empresa resolveu colocar à frente um pequeno grupo de pessoas que tinham dedicado parte das suas vidas à criação de baixos, guitarras e amplificadores, procurando preservar - em uma interessante inversão de valores capitalistas - os velhos tempos.

O novo time começou tudo de novo. Nada de máquinas sofisticadas. Apenas o nome, as patentes, as ferramentas necessárias e muita vontade de vencer. Inicialmente, a nova empresa importava seus instrumentos de outros fabricantes que possuíam uma melhor tecnologia para manufaturar todos os componentes.

Uma nova fábrica foi fundada em Corona (Califórnia, EUA) visando, além de possibilitar uma produção própria, ter um maior controle sobre a qualidade das peças produzidas, o que vinha se tornando inviável com a terceirização do sistema. Outra fábrica foi construída no México.

A Fender, agora sob uma direção mais equilibrada, continuou a ser reconhecida por abrir portas a todos os profissionais ligados ao mundo da música. No livro “Instruments of Desire”, do escritor e guitarrista Steve Waskan, há uma bela homenagem aos músicos e ao baixo:

"Músicos fazem parte de algo que possuem uma imensa força social. A música possui princípios espirituais, econômicos e sociais. Assim, os criadores de instrumentos musicais são um dos grandes responsáveis por terem mudado a cultura deste planeta. A sonoridade do baixo elétrico ocasionou uma mudança dramática no próprio conceito da concepção e criação musical. Muitos instrumentos alegavam que o som do instrumento, com seu sinal expandido, fez com que muitos compositores reescrevessem suas composições procurando destacar a sonoridade do baixo elétrico, com peças para serem executadas única e exclusivamente por este instrumento.

A força da inovação, que existiu por intermédio das mãos de gênios como James Jamerson, Chris Squire, Jaco Pastorius e muitos outros, só veio a comprovar uma coisa: o grande inventor estava certo quando, naquele verão no distante ano de 1951, ao observar um músico tocando o grande contrabaixo acústico da platéia, pensou: -‘E se eu fizesse um instrumento maior e com melhor sonoridade?"


A História do Contrabaixo, Parte 11

O baixo que parecia um violino

Fundada no final do século XIX por Karl Hofner, a lendária fábrica Hofner iniciou suas atividades produzindo instrumentos derivados da família dos violinos. Sobreviventes de dois conflitos mundiais os fundadores, com sua força de vontade, ainda presentearam o mundo dos graves com um novo instrumento.

O primeiro baixista dos Beatles não foi Paul McCartney, mas sim um cara chamado Stu Sutcliffe. O próprio Paul - na época o segundo guitarrista do grupo - nos relembra uma história curiosa: “Ele e John estudavam na mesma escola de arte. Em um desses concursos promovidos na instituição, Stu ganhou 120 dólares por uma pintura de sua autoria. Daí dissemos a ele que este era o preço exato de um baixo Hofner. Relutante, ele acabou comprando um. Confesso, que a princípio, estranhamos um pouco aquele visual, mas como Stan era baixinho, o instrumento conferia a ele um certo estilo, como um Bass Hero”.

Quando no final de 1961 Stu deixou a banda para se dedicar à pintura, todos no grupo se perguntaram quem iria tocar aquilo. Como Paul havia confessado que gostava do som do instrumento e vivia ouvindo todo aquele pessoal da Motown, todos olharam para ele. Apesar de tentar argumentar dizendo que tinha acabado de comprar uma guitarra Rickenbaker, não teve jeito: Paul acabou assumindo o Hofner modelo 5001/1, fabricado na Alemanha e que se parecia com o modelo da Gibson.

Ele queria comprar um Fender, mas não o fez por dois motivos: preço (um Precision custava cerca de 200 dólares, enquanto que um Hofner era quase 60% mais barato) e aparência (como Paul era canhoto, aquele modelo imitando um violino não pareceria tão estranho caso fosse invertido) - mais tarde, Paul descobriu que, além disso, o Hofner era um instrumento leve, levando-o a gostar ainda mais do estranho baixo.

Esta singela história do responsável pelos graves da banda mais famosa do planeta ilustra o quanto a decisão de escolher tal modelo de instrumento contribuiu para um impressionante aumento de vendas do lendário 500/1. Mas onde tudo isto começou?

A empresa foi fundada pelo luthier Karl Hofner em 1887, na cidade de Schonbach, na Alemanha. A princípio, eram fabricados instrumentos pertencentes à família dos violinos, como violas e contrabaixos. Decorridos alguns anos, a fábrica começou a enfrentar dificuldades financeiras, principalmente com a eminência da Primeira Guerra Mundial.

Em 1919, seus dois filhos, Josef e Walter, se uniram ao pai para tentar salvar a empresa. Os tempos que seguiram foram duros, principalmente depois da guerra. Diz a lenda que um dos motivos que mantinha a fábrica em atividades era a notável força de vontade da família. Mesmo depois da eclosão da Segunda Grande Guerra, a empresa continuou sobrevivendo a duras penas. Com o término do conflito, a família reconstruiu a fábrica, agora na Bavária.

Em 1950, uma subsidiária foi erguida em Bubenreuth, onde os negócios começaram a melhorar para os Hofner. Desde a sua fundação, mais de dois milhões de instrumento já tinham sido construídos. Modelos destinados a estudantes, trabalhos em estúdios e profissionais de música eram exportados para diversas localidades do mundo.

Em 55, Walter Hofner, um dos filhos de Karl, era, além de notável luthier, um talentoso homem de negócios. Ele tomou conhecimento de um tal Precision Bass, construído na América, que estava se tornando uma verdadeira mania entre os baixistas de todo mundo.

Com um raro censo de oportunidade visando o mercado futuro, a fábrica criou seu primeiro modelo eletrificado. “Tratava-se de um baixo semi-acústico, feito em hollow, braço em maple, escala em rosewood com marcadores em madrepérola, 22 trastes, escala de 30”, tarraxas em cromo, ponte em ébano, dois captadores humbucker da NovaSonic, possuindo ainda dois controles de volume para cada um dos captadores, com dois controles tipo chave seletora, sendo uma destinada a ligar/desligar cada captador e outra para graves e agudos. Foi lançado em 1956 na feira de Frankfurt (Alemanha) com o nome técnico de Hofner 500/1 - logo depois alterado para Violin Bass, em virtude da sua semelhança com o secular instrumento.

Com a ascensão dos Beatles, o novo modelo se tornou um enorme sucesso de vendas. Grande parte das pessoas acostumadas ao design de outros instrumentos da época estranhava o exótico formato daquele corpo. “Um baixo? Mas parece um violino”, diziam. No início da sua produção, os modelos construídos entre 61 e 62 possuíam dois captadores humbuckers, um deles localizado no final da escala e outro muito próximo à ponte.

A partir de 1967 houve uma mudança na localização dos captadores, deslocados para a parte central do corpo - esse novo modelo foi chamado de “Beatle Bass”. Com o grande sucesso de vendas, a empresa iniciou a fabricação de novos modelos oriundos da mesma concepção. Em 94, a Hofner se juntou ao conglomerado Boosey & Hawkese Group, visando dotar a fabrica de novas tecnologias de ponta, período em que a empresa se mudou para a cidade de Hagenau. Desde fevereiro de 2003, a Hofner se tornou parte da Music Group, companhia fundada a partir da segmentação da Boosey & Hawkese em diversas subsidiárias.

Você, jovem leitor, acostumado a tocar em modernos instrumentos manufaturados em fábricas dotadas de máquinas de última geração, não faz, é claro, a mínima idéia do que era tocar em um Hofner. Por felicidade, tive a oportunidade de experimentar algumas destas preciosidades históricas.

Esqueça a ergonomia! O velho 500/1 foi criado, na visão dos seus construtores, mais como um produto para chamar a atenção por meio do seu “revolucionário design” do que por suas qualidades ergonômicas. Paul se referia a ele como um instrumento leve. Tal falta de peso propiciava ao baixo um excesso de graves, características amada por muitos, mas que ocasionava muitas dores de cabeça aos engenheiros de estúdio na época.

Seu braço, com um ângulo de curvatura demasiadamente acentuado, dificultava a digitação em algumas regiões da escala. O conjunto de afinação (tarraxas e mecanismos de torque) era impreciso e difícil de ser manuseado, em virtude do seu pequeno tamanho.

Hoje os poucos modelos originais pertencem a colecionadores. A saga e a persistência da família Hofner e a escolha daquele baixo no distante ano de 1961 por aquele cara que não queria ser baixista nos fazem perceber que grandes momentos da história muitas vezes surgem do acaso, de pequenos fatos. O tempo e os eventos que se sucederam se encarregaram de transformá-los em grandes realizações. Paul McCartney, com seu Hofner 500/1, seguramente, foi um deles.

A História do Contrabaixo, parte 12

Revolução no tempo errado

1961. E, se naquela tarde em Londres, Paul McCartney, em vez de adquirir um Hofner, tivesse escolhido um Gibson EB-1? Descubra por que isto não aconteceu.

Gibson Company - Onde Tudo Começou...

Quando resolvemos abrir um espaço dedicado à história do contrabaixo, mergulhei profundamente no passado de nosso amado instrumento, para, juntos, descobrirmos onde e quando tudo começou.

Foi quando, ao folhear o livro “How The Fender Bass Changed The World”, de Jim Robert, encontrei uma foto de um baixo elétrico fabricado pela Gibson. Mas o que me espantou realmente foi a data da sua construção: 1936! Mas e quanto ao Precision de Leon Fender inventado em 1951?

Antes de continuar esta história, vamos voltar a Londres. Afinal de contas, porque o baixista da mais conhecida e amada banda do planeta optou por um Hofner? Para responder a esta pergunta, temos novamente que voltar muito no tempo, mais precisamente em uma pequena loja de instrumentos de nome Gibson Co. Orville Gibson criou alguns instrumentos na época - uma guitarra amplificada e um novo modelo de Mandolin, um instrumento de origem napolitana. Com um relativo sucesso de vendas, nasceu em 10 de outubro de 1902 a Gibson Mandolin-Guitar Co. Ltd.

A produção de guitarras em corpo sólido iniciou-se a partir do ano de 1930 pelas mãos de um jovem supervisor de produção chamado Les Paul. Naquele mesmo ano, Gibson teve a idéia de criar um instrumento similar ao grande contrabaixo acústico, como o Bassoguitar, introduzido no começo deste mesmo ano pela Regal Company (uma das pioneiras na fabricação dos modelos de baixo Upright).

Conforme você pode ver, ele nada mais era que uma gigantesca guitarra acústica, só que dotada de quatro cordas e tocada verticalmente. O instrumento possuía trastes e escala de 42” polegadas, similar ao gigante acústico. Por causa do seu tamanho, ele não teve muita aceitação na época.

Foi então que, no ano seguinte - 1931 - a Dobro Company ofereceu uma versão mais diminuta, chamada de Resonator Guitar. Por causa deste instrumento, o velho Orville teve a idéia de construir algo muito menor, mas equipado com um apoiador (conhecido como espigão nos meios acadêmicos) para que o instrumento pudesse ser tocado igualmente na forma vertical. A diferença é que este modelo tinha um captador magnético igual aos que equipavam as guitarras elétricas. Esta nova criação foi chamada de Electric Bass Guitar.

Uma idéia genial e elétrica

Enquanto alguns construtores se preocupavam em criar modelos de baixo cada vez maiores - com o intuito de obter uma maior sonoridade -, um dos engenheiros da Gibson, Lloyd Loar, teve uma idéia brilhante: construir um pequeno instrumento que usasse eletricidade para captar as vibrações das cordas.

O “pick up” era um transdutor eletrostático feito de baquelite, similar ao usado por Fender, e que foi instalado no final da escala do instrumento. Imagine caro leitor - que tudo isto aconteceu antes de 1940.

Mas Gibson tinha um pequeno problema de gerenciamento (que já tinha lhe causado problemas no passado). Ele sempre almejava um retorno financeiro imediato da criação dos seus produtos. Quando o jovem engenheiro montou um dos seus instrumentos, Orville não se entusiasmou muito com a idéia. Desiludido, Loar saiu da Gibson e montou sua própria companhia: a Vivi-Tone Electric Basses. Apesar de alguns protótipos construídos, tais instrumentos jamais foram fabricados em série. Os registros se perderam no tempo. Uma perda irreparável em termos da história da música.

A criação do EB-1
De acordo com o historiador George Gruhn, entre 1936 e 1940 apenas dois destes instrumentos foram construídos. Um deles foi dado de presente a Wally Kamin, um parente de Les Paul; outro foi doado a um jovem baixista que tocava em um grupo de música havaiana chamado Tropical Islanders.

No ano de 1952, os primeiros modelos do Precision Bass já assustavam o mundo dos graves, com um volume de vendas cada vez maior. Empolgado com o sucesso do lendário P Bass, Gibson resolveu construir um instrumento similar. “Assim, no ano seguinte foi lançado o EB-1, o primeiro baixo elétrico fabricado pela empresa, em um modelo de escala curta - 30” e cujo corpo lembrava o de um violino, sendo equipado ainda com um apoiador para ser tocado verticalmente.

O captador foi instalado no final da escala, tentando proporcionar um som mais grave para o instrumento. As tarraxas ainda não eram próprias do recém criado modelo, sendo que foram emprestadas pelos modelos usados nos banjos da empresa.

Tudo isto foi considerado pelos historiadores e colecionadores como um dos maiores fracassos da história da Gibson. Apenas 546 unidades foram comercializadas antes da produção ser paralisada em 1958. Em 1970, tentou-se recriar o mesmo modelo, mas a idéia foi logo abandonada em definitivo. Foi preciso que longos 15 anos tivessem passado para questionarmos se, naquela época que o seu jovem engenheiro apresentou sua idéia de contrabaixo elétrico, não seria prudente prestar mais atenção naquele projeto. Jamais saberemos o que poderia ter acontecido, não é?

Fim da 3ª postagem


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A História do Contrabaixo Empty Re: A História do Contrabaixo

Mensagem por GeTorres Qui Abr 26, 2012 12:13 pm

Autor do Texto: Nilton Wood
Título: A história do contrabaixo
Fonte: Site Território da musica "www.territoriodamusica.com"
Acessado em 26/04/2012 às 11:47

História do Contrabaixo, parte 13

A continuação da saga dos instrumentos da Gibson mostra porque um pequeno detalhe mudou a história dos graves no mundo.

No texto anterior, vimos que em 1952 a Gibson Company, pertencente ao luthier Orville Gibson, construiu, motivado pelo sucesso estrondoso do lendário Precision Bass, o seu primeiro baixo elétrico - o EB-1 - que também possuía o recurso de ser executado no posicionamento vertical. Mas ele poderia também ser tocado no posicionamento horizontal, graças a dois apoiadores instalados no corpo do mesmo.

Os primeiros modelos não eram dotados deste dispositivo, o que sugeriria que estes instrumentos - pelo menos os primeiros modelos - eram destinados a serem realmente executados na posição vertical.

A foto que ilustrou a matéria publicada na edição anterior foi tirada dos arquivos da fábrica em 1970, ano que a produção do instrumento foi retomada em uma versão customizada (reedição de algum modelo original lançado por determinada empresa).

Mas lembre-se do ano em que foi lançado o primeiro modelo: 1953. Distante ainda naquela histórica tarde de 1961 em Londres, quando o ainda jovem (e futuro baixista) Paul McCartney adquiriu seu Hofner. Portanto, o fato de Paul não ter escolhido um Gibson é porque a empresa deixou de funcionar a partir de 1958. Mas ainda assim persiste a pergunta: Por que um Hofner?

A criação do EB-2 com os mesmos erros

O fracasso de vendas do EB-1 causou um susto na empresa de Orville. Visando uma maior expansão da empresa, a Gibson adquiriu a empresa americana Epiphone em 1957, procurando fincar um pé na América.

O segundo instrumento lançado pela Gibson foi o EB0-2, que possuía uma boa tocabilidade e também boa ergonomia. Seu bojo superior possuía um ângulo de inclinação maior, facilitando o apoio do antebraço da mão direita. Ele tinha ainda uma escala de 30,5” e um captador modelo humbucker montado no final da escala.

No entanto, parece que os caras não aprendiam com seus erros. Vocês acreditam que o novo modelo ainda era equipado com as mesmas tarraxas ainda eram as mesmas usadas nos banjos? Isto contribuiu para que este modelo também tivesse sérios problemas de entonação e problemas de ajustes no tensor do braço.

EB-6 com seis cordas

Em 1959, a empresa lançou o Rivoli 1960, idêntico ao EB-2 só que oferecido em outras cores. No ano seguinte, foi lançado um novo modelo - seguindo a linha do EB-2 -, só que agora com captadores instalados no centro do corpo.

A produção foi interrompida em 1962 e voltou à ativa dois anos depois com algumas inovações - como um mecanismo de string mute (sistema mecânico provido de resina plástica para abafar as notas quando acionado por meio de um sistema helicoidal), uma placa de metal revestindo o sistema de captadores e novas cores.

Apesar destas inovações, a produção do EB-2 encerrou-se no ano de 1972. Paralelo ao EB-2, a Gibson ousou lançar - no ano de 1960 - o EB-6, um revolucionário baixo de seis cordas com a afinação similar à guitarra elétrica, só que em uma oitava abaixo.

O EB-6 foi produzido a partir de 1961 e possuía um corpo sólido, no estilo SG, contando ainda com dois humbuckers e, pasmem!, tarraxas próprias para o instrumento. A produção do EB-6 foi descontinuada em 1966. Apesar dos meus esforços, não consegui obter uma única foto deste modelo.

EB-0 ou EB-3?

Um ano depois de introduzir o EB-2, a Gibson lançou o modelo EB-0. Reza a lenda que não era um número e sim uma letra. Porque a companhia resolveu zerar a sua numeração ainda é um mistério a ser resolvido!

Mais uma vez, a linha de baixos da empresa resolveu seguir o design das guitarras - no caso o modelo SG - introduzido por Les Paul dois anos antes. O corpo foi modificado para adaptar o hardware do baixo elétrico e dois humbuckers foram instalados neste modelo. Jack Bruce, do Cream, comprou um destes modelos da Gibson e gostou muito.

Aproveitando a fama do lendário baixista, a empresa o rebatizou de EB-3. Apesar de ser um dos instrumentos mais famosos da Gibson, sua produção cessou em 1979.

A era Thunderbird

Os modelos Thunderbird debutaram em 1963, mais uma vez seguindo as linhas projetadas para as guitarras fabricadas pela empresa - neste caso, a Firebird. Os primeiros modelos ofereciam braço acoplado ao corpo do instrumento, duas modalidades diferentes de sistemas de captação e o mais importante: finalmente o comprimento se assemelhou ao P Bass - 34”.

Um dos seus mais famosos usuários era John Entwistle (do Who). Seguiram-se os modelos Thunbird IV, fabricado em 1964, e o Thunderbird II, construído em 1968, com o qual a empresa promoveu alterações no design do corpo.

Porque Paul escolheu o Hofner

E agora, a resposta para nossa pergunta: No ano de 1961, o modelo disponível no mercado era o EB-2, e não a sua primeira versão - o EB-1 - já raro naquela época. Paul, como sabemos, é canhoto e tocava com o instrumento invertido. Assim, Paul concluiu que, em termos visuais, o modelo da Hofner não parecia tão estranho quando tocado ao contrário de sua posição original do que o modelo fabricado pela Gibson.

Além disto, o modelo Hofner era muito mais leve, apesar de historiadores e construtores afirmarem que o som do Gibson possuía uma sonoridade melhor, principalmente nos graves. No entanto, o fatal erro da adoção de tarraxas de banjo nos modelos EB-1 e EB-2, tornaram ambos os instrumentos extremamente instáveis, necessitando sempre de regulagens constantes.

A Hofner, apesar das tarraxas igualmente pequenas, possuía uma máquina de torque já adaptada à tensão das cordas, conferindo ao modelo uma maior precisão. Um detalhe de construção marcou a Gibson e alterou para sempre o rumo da sua história.

A História do Contrabaixo, parte 14

Algumas das descobertas mais significativas da humanidade ocorreram por acaso. Todos nós conhecemos diversas histórias a respeito de como, de modo inesperado, coisas importantes ocorreram, alterando de forma dramática tudo que se seguiu.

Na história do baixo elétrico não foi diferente. A princípio, em nossos trabalhos de pesquisa sobre a história de nosso amado instrumento, julguei que seria importante abordarmos de como surgiu a captação ativa, idealizada por Ron Wickersham no final dos anos 60.

No entanto, ao mergulhar em estudos mais profundos, conclui que o fundo do poço do curso da história era mais fundo do que eu pensava. A invenção de Ron foi algo extraordinário, mas conforme você vai descobrir isto faz parte de uma seqüência de fatos que ocorreu alguns anos antes.

Algo tão importante quanto a própria invenção do baixo elétrico: a busca de novos timbres para o instrumento. Dois acontecimentos foram decisivos para que esta nova revolução tivesse início. Algo que surgiu de forma tão inesperada que, se não fosse pela importância dos músicos que a iniciaram, certamente não ocorreria tão cedo.

Hofner ou Rickenbaker?
O primeiro fato ocorreu entre 1963 e 1965. A rádio Broadcast, do grupo British Broadcasting Corporation desenvolveu um projeto chamado Live at the BBC, uma coletânea contendo as primeiras gravações dos Beatles naquele período, que esta disponível hoje em dia no formato CD.

Mais do que um registro histórico, tais gravações demonstraram a genialidade do grupo, com uma especial ênfase a Paul McCartney nos graves da banda. Todos podiam sentir que as linhas de baixo que faziam partes dos maiores sucessos das bandas eram executadas de forma diferente da maioria dos baixistas da época, desde um simples groove, passando pelo R&B, country e rock, cuja elaboração tinha como ênfase a criação de complexas linhas de arranjo.

Não bastasse tudo isto, Paul ainda cantava! Por estarem dispostas em uma ordem cronológica, é fácil notar a evolução do baixista como instrumentista em músicas como “Keep Your Hands Off My Baby” (janeiro de 63) na qual se denota o baixista iniciando seu trabalho com um simples linha composicional mas que, no processo de gravação, já se encontrava devidamente pronta (com a inserção de novos elementos rítmicos e harmônicos), ou seja, Paul já não utilizava em seus materiais os tradicionais intervalos de tônica e quinta que abundavam no estilo até então. O baixista passou a ser considerado como o grande condutor melódico e harmônico dos Beatles, tanto pelos críticos como também pelo público.

James Jamerson: A grande influência
Paul era, antes de tudo, um experimentador. “À medida que o tempo passava, eu não queria tocar apenas a fundamental do acorde. Executava também as terças e quintas. Queria também colocar alguns acordes também.

Ouvir James Jamerson (o lendário baixista da Motown) e Brian Wilson (do Beach Boys) me inspirou a procurar novas idéias para meus arranjos”, declarou certa vez o baixista. Com a propagação mundial da obra dos Beatles, iniciou-se também, uma silenciosa mudança na linguagem do instrumento que começou a adquirir contornos mais definitivos a partir de 1965, quando Paul ganhou da Rickenbaker um modelo 4001S para canhoto.

Durante as gravações de “Sgt. Pepper´s...” , em 1967, o lendário Baker se tornou, em alguns momentos, o principal instrumento de Paul. Isto aconteceu em virtude de, comparado com o bom e velho Hofner, o novo instrumento oferecia, além de um novo timbre, a possibilidade de experimentar algumas idéias ainda mais radicais.

“Pensei que nunca pudesse inserir nas notas do acordes. Tentei fazer no Hofner, mas, em virtude de sua sonoridade, estas mudanças quase não eram percebidas. No Baker, isto não acontecia. Eu podia ouvir cada nota, cada intervalo, sentir os segmentos na qual eu poderia ousar rearranjar ou simplesmente deixar inalterados, para não afetar os fundamentos da textura do som do grupo”.

“Quem sabe uma linha de melodia independente? Foi quando resolvi colocar mais alguns projetos de arranjo em prática. Por exemplo, em “Lucy in the Sky with Diamond’s”. Se você ouvir a música, irá perceber uma linha de baixo contendo as notas fundamentais do acompanhamento, mas também poderá ouvir uma outra linha independente, na qual procurei explorar outras possibilidades, como o uso das escalas, por exemplo. Foi muito emocionante ouvir tudo isto depois e concluir que muito dos meus projetos de arranjo poderiam dar certo”, relembra o baixista.

A consagração do 4001s
O engenheiro George Geoff Emerick, um dos responsáveis pelas gravações de “Sgt. Peppers...”, contou ao historiador Howard Massey um singular experimento que ele realizou durante as mixagens deste álbum. “Isolei todos os arranjos que Paul compôs em um track único. Cada faixa foi gravada com um baixo plugado em um amplificador usando um direct input para a mesa. Durante as gravações, Paul experimentou tocar com o Hofner e com o Rickenbacker”.

Continua o engenheiro: “Com a finalização dos trabalhos de gravação, iniciei meu trabalho de mixagem. Ouvindo as faixas, eu não conseguia distinguir, a princípio, quais eram as músicas na qual Paul usou o Hofner ou o Baker. Foi então que algo inesperado aconteceu. Durante um intervalo das gravações, com o estúdio sem ninguém, eu podia ouvir a ressonância da nota emitida pelo baixo. Eu pensei que isto iria causar problemas no processo final de mixagem. Quando fui verificar quais músicas que tinham esta ressonância, constatei que todos os temas gravados com o velho Hofner estavam com este sobra de ruído. Para tirar a cisma, procurei ouvir todos os temas na qual Paul usou o Rickenbaker. Claro que algumas ressonâncias também existiam, mas eram infinitamente menores do que as emitidas pelo Hofner. No caso do Baker, consegui fazer alguns ajustes para que o som do instrumento pudesse soar de uma forma mais clara. É claro que consegui! Mas eu não consegui fazer isto de forma satisfatória com as músicas gravadas com o Hofner”.

Tommy, Can You Hear Me?
Vamos saltar no tempo. Estamos em 1969 durante a histórica performance do grupo The Who no festival de Woodstock. Neste evento, muitas das músicas executadas pela lendária banda faziam parte do álbum Tommy, um dos primeiros conceitos envolvendo a criação da ópera-rock, cujo responsável pelo graves, era, claro, John Entwisle.

O extraordinário baixista era dono de uma técnica revolucionária, repleta de contra melodias, solos devastadores e o mais notável: linhas independentes do baixo que fluíam mesmo durante as melodias cantadas por Roger Daltrey.

Talvez pelo fato de Peter Townshend ser um guitarrista que tinha como característica criar mais riffs do que acordes, coube ao baixista a possibilidade de criar, em muitos momentos da banda, alguns solos que pudessem suprir o trabalho da guitarra. Em entrevista ao jornalista Chris Jisi, Entwistle contou como obtinha novas sonoridades naquele período: “É natural que, conforme você vai evoluindo, você queira experimentar novas coisas. Algo que me incomodava muitos naqueles primeiros modelos de baixo era o timbre, muito igual dentre os modelos disponíveis naquela época. Por isto, fiz questão de usar um baixo da Danelectro (idealizado pelo luthier americano Nathan Daniel) quando gravei o solo de “My Generation”, porque a calibragem das cordas era menor, resultando em uma sonoridade mais aguda. Como estas cordas não eram vendidas na Inglaterra, comprei mais dois instrumentos similares para o caso de eventuais trocas de cordas”.

Uma nova geração de instrumentos
A genialidade de McCartney, a visão do engenheiro Geoff Emerick, as improvisadas soluções acústicas encontradas em uma época na qual a tecnologia das gravações ainda engatinhava e a ousadia de John Entwistle em experimentar novas sonoridades usando novos instrumentos chamaram a atenção de músicos, produtores e construtores, provocando intensas discussões sobre a necessidade de aprimoramentos na próxima geração de instrumentos. Mas o impulso final aconteceu com o surgimento de outro grande e extraordinário baixista que, finalmente, provocou e sensibilizou de forma definitiva a necessidade de criação de novos caminhos com relação a concepção de novos instrumentos. Quem foi ele? Descubra no próximo capítulo!

A História do Contrabaixo, parte 15

“Mas isto é um baixo?”, Eu, você e milhões de baixistas do planeta devem ter feito estas mesmas pergunta ao ouvir, pela primeira vez, o baixista Chris e sua poderosa sonoridade do Rickenbacker 4001S em “Roundabout”, do álbum Fragile, do Yes. A segunda revolução tinha seu início.

Sempre fui um apaixonado por ficção científica, principalmente por viagens no tempo. Máquinas que podem nos levar ao passado não precisam ser necessariamente construídas com o uso de tecnologias avançadas. Basta, por exemplo, abrirmos um livro ou assistirmos a algum documentário na televisão ou cinema para nos transportamos para qualquer lugar ou época no tempo. Apertem os cintos! Vamos viajar para Londres, precisamente no ano de 1967.

Conhecendo o jovem Chris
Estamos caminhando pelas alamedas do bairro de Wembley/Kingsbury, ao norte de Londres. Queríamos saber o endereço de alguém que viemos visitar. Como não tínhamos o número da casa, o jeito foi ficar com os ouvidos “ligados” no som da vizinhança em algo que soasse como os graves de um contrabaixo elétrico.

Alguns momentos depois, começamos a ouvir algo parecido que parecia vir de um baixo... Mas era com um timbre diferente, mais agudo, porém sem perder as características do som grave. Quem poderia estar tocando? Após localizarmos a casa, tocamos a campanha e um cara alto e magro atendeu a porta para nos receber. Dizemos então: “Olá Chris, somos viajantes do tempo, mais precisamente do futuro, e voltamos ao passado para poder conhecê-lo”! Com um leve sorriso, o jovem baixista se apresenta e diz: “Viagem no tempo? Que legal! Muito prazer! Meu nome é Christopher Russel Edward Squire, mas podem me chamar de Chris. Não querem entrar”?

Para um futuro próximo
Dissemos que também éramos baixistas. Ouvindo isto, o jovem Chris nos convida para ir até o seu quarto para mostrar o seu novo instrumento: um Rickenbacker 4001 que ele tinha acabado de ganhar dos seus pais. “Estou estudando este instrumento há quase um ano, mas só agora consegui obter a sonoridade que eu queria”. Perguntamos ao lendário baixista o que ele estava ouvindo no momento: “Adoro o som do Paul McCartney e John Entwistle sabe? Mas eu acho que a sonoridade do instrumento é muito igual. Foi quando eu li em algumas propagandas que o baixista do Who estava estudando um novo tipo de cordas de uma nova empresa chamada Rotosound. Foi quando resolvi experimentar no meu Backer! Vocês acharam o som legal”? Respondemos apenas que não apenas nós, mas, que em um futuro não muito distante, todos os baixistas do planeta iriam amar aquele novo timbre! Claro que ele não entendeu muito o que estávamos dizendo... Assim, depois desta cordial e esclarecedora visita, nos despedimos e voltamos ao nosso tempo!

O que Chris disse sobre as cordas faz parte de uma entrevista concedida ao editor sênior da revista Bass Player Chris Jisi, realizada alguns anos atrás. A história do seu primeiro baixo, o experimento com as cordas, tudo isto ele contou ao editor da BP. Isto demonstra que, mais uma vez, os grandes acontecimentos da história começam assim. Muitas vezes em uma garagem ou em um quarto de algum garoto genial. Steve Jobs e Bill Gates que ao digam.

Descobrindo os novos timbres
Mas vamos entender melhor tudo isto. Claro que um instrumento de qualidade é fundamental para definir o que seria uma boa sonoridade. Mas convenhamos: sem a invenção das cordas, não existiriam sons em muitos instrumentos. Em um determinado ponto de sua entrevista, Chris Squire menciona que ele achava que a sonoridades dos instrumentos era muito parecida. Daí seu trabalho de pesquisa em arquitetar novos timbres. O tempo que o baixista levava para equalizar o som dos Rickenbacker nos estúdios era lendário. Em “Close to the Edge”, por exemplo, foram gastos cinco dias!

Tripas de carneiro
Mas as cordas são tão importantes assim? Afinal, como elas apareceram? Não existem muitas informações precisas que possam nos ajudar a entender como as primeiras cordas surgiram. Possivelmente foram fabricadas a partir de algum material orgânico como crina de cavalo ou seda, por exemplo.

De acordo com os historiadores, a produção destes artefatos começou a sofrer mudanças na idade média, onde possivelmente algumas pessoas, com um sentido de observação fora do comum, devem ter percebido que, por exemplo, tripas de carneiro, quando esticadas, produziam interessantes sons.

Por estas características, esta matéria prima foi utilizada em violinos, violas, violoncelos e contrabaixos naquela época. O grande problema era que o emprego de muita força física para ser obter uma boa sonoridade, pois as cordas precisavam ficar muito esticadas, além de terem o diâmetro muito grosso, transformando assim o estudo e a execução de peças musicais em um verdadeiro calvário para os músicos daquela época.

Para alívio dos carneiros, por volta de 1650, foram desenvolvidas as primeiras experiências envolvendo o uso de metal na fabricação das cordas. O primeiro modelo foi com o revestimento achatado, conhecido como Flatwound (figura 2). Basicamente era uma liga de metal (que chamamos alma) recoberta por um fio que envolvia a liga de metal de forma espiral. Nunca é demais lembrar que as primeiras cordas que equiparam os primeiros Precision Bass eram originadas do contrabaixo acústico.

A lendária Rotosound Roundwound
Mas nada se compara a invenção de um inglês chamado James How, atento à comunidade de graves em seu tempo que reclamavam que, além da dificuldade de execução, as cordas possuíam timbres muito iguais. Com esta idéia na cabeça e muita determinação, o jovem inventor criou um novo tipo de corda, porém com o revestimento de forma arredondada, que passou a se chamar Roundwound (figura 2).

Esta corda, por suas características de construção, resultava em uma sonoridade muito mais aguda, sem perda de graves e com uma acentuação bem aceitável nos médios o que encantou muitos músicos, transformando-se em um verdadeiro sucesso de vendas em todo o mundo. Por suas características arredondadas, James How denominou as suas novas cordas de Rotosound Roundwound.

John Entwistle
Bem, claro que começar uma empresa naquela época era igualmente muito dificultoso, assim como nos dias atuais. Por pouco, esta genial idéia não foi parar no limbo da história por uma curiosa razão: O Who, em meteórica ascensão, já era considerado um dos supergrupos do planeta e seu baixista, John Entwistle também era de opinião que os timbres dos baixos eram muito iguais. Foi quando ele resolveu encomendar algumas dezenas de jogos para James How por ocasião do lançamento de Tommy.

O legado de Chris Squire
Com a ascensão do Yes também alavancado a categoria de super grupo no início dos anos 70, pelos magistrais trabalhos em “Yes Album” e “Fragile”, todo músico e apreciador de música, críticos e fãs começaram a prestar atenção na sonoridade da banda. Claro que todos os membros do grupo tocavam muito bem. Mas existia algo de novo que diferenciava o som dos caras: era o baixo! Cortante como navalha. Com graves e agudos tão devastadores e com linhas composicionais tão complexas que em determinados momentos - heresia das heresias! - a música desafiava ao reino das guitarras e da supremacia vocal.

Claro que por trás da máquina estava o homem. Além de ser considerado o maior baixista do rock progressivo, Chris Squire redefiniu o som do contrabaixo elétrico nos anos que se seguiriam. Nada mal para um garoto, que, quando jovem, ficava trancado em seu quarto pesquisando timbres...

A História do Contrabaixo, parte 16

Com a evolução dos instrumentos e cordas, ainda restava promover substanciais mudanças na tecnologia de amplificação do sinal. Mas algo ainda mais extraordinário estaria por acontecer.

Imagine a seguinte situação: no ano de 1970, em Londres, você é um dos mais requisitados baixistas ingleses, atuando em gravações e pequenas gigs, mas com pouca experiência em grandes concertos de rock.

Uma noite, em sua casa, seu telefone toca. A voz do outro lado da linha se identifica como John Entwistle, do Who. “Tocaremos amanha à noite na cidade Leeds, em um mega concerto ao ar livre, mas não conseguirei chegar no horário! Você poderia abrir para mim este show? Basicamente, serão as músicas de Tommy”, ele diz. Claro que você aceita, apesar do receio de atuar em um evento de grandes dimensões.

Parede de Amplificadores
Chega o grande dia. Ao subir no gigantesco palco, seu baixo (um Precision Bass 68) é plugado em algo que você só conhecia por fotografias: uma imensa “parede” de amplificadores de cinco metros de altura ligados em série!

Quando o concerto começa e você toca a primeira nota do seu Precision, subitamente alguém ou alguma coisa o empurra para frente, quase fazendo com que você despenque do palco! O som é altíssimo, ensurdecedor e insuportável! De repente, tudo virou um imenso pesadelo! E como se tudo isto não bastasse, você não consegue ouvir uma única nota do baixo!

Para seu alivio, quando a primeira música termina, lá esta John, dando um aceno para você sair do palco e agradecendo pela força. Ao passar perto daquela pilha de amplificadores, ainda meio tonto, você tenta entender o que aconteceu! Afinal o que o empurrou para frente? Seria o deslocamento de ar ocasionado pela vibração dos auto falantes daquelas poderosas máquinas de graves?

Calma! Vamos contar como tudo começou! Naquela época, não existiam máquinas de retorno transistorizadas, fones de ouvidos e palcos limpos e organizados como hoje. Na verdade, nem computadores existiam ainda.

Os sistemas de P.A. (Public Adress System) consistiam em gigantescos amplificadores colocados no palco atrás dos músicos, ligados em série nas potências, que por sua vez eram ligados nas caixas acústicas. Todas as caixas que ficavam fora do palco tinham seu espaçamento medido por fita métrica e puro empirismo.

Bassman
Tempos difíceis não? O avanço do baixo elétrico (novas madeiras, hardwares e cordas) gerou entre os fabricantes a necessidade de prover o baixista com máquinas mais sofisticadas destinadas a melhoria da amplificação do sinal sonoro do instrumento.

No começo dos anos 60, Leo Fender construiu um novo Bassman (figura 1), formado por um cabeçote separado dos gabinetes. Valvulado, ele possuía 50 watts de potência, com dois falantes de 12” polegadas.

A novidade era um tratamento melhor para os sinais graves, mediante o emprego de novos falantes, um revestimento acústico aprimorado e o conjunto da amplificação separado do gabinete. Tudo isto propiciava um som com mais ataque, agudos mais definidos e peso nos graves. Na época, foi considerado o “state of the art” em matéria de amplificação para baixos elétricos.

Ousadia nas novidades
Outra empresa atuante na época foi a Vox. Paul McCartney usou o equipamento durante a gig do ano de 1965 com os Beatles. O sistema consistia de um gabinete com dois falantes (um de 12” e outro de 15”polegadas).

Mais tarde, a empresa licenciou a Organ, Company, da Califórnia, a produzir amplificadores “Beatles Solid State Amplifier”, com 240 watts e gabinetes providos de quatro falantes de 12” polegadas. Outra empresa, a Acoustic Control, também sediada na Califórnia, começou a construir equipamentos única e exclusivamente destinados ao baixo elétrico.

Entre os mais famosos, estava o lendário Acoustic 360, com uma potência de 200 watts e um único falante de 18” polegadas. A novidade deste modelo era um pré amplificador embutido, que possibilitava a obtenção de novos timbres, mediante o uso de uma equalização paramétrica. Adivinhe quem tinha um? Ele mesmo: Jaco Pastorius, que ligava os dois em série nos tempos áureos do Weather Report.

Ampeg
A lendária Ampeg foi uma das primeiras companhias a fabricar componentes para expandir o sinal do contrabaixo acústico. O destaque ficava por conta de sistemas de 40 watts, providos de dois falantes de 15” polegadas, entre os quais o B-15 Portflex, que possuía somente 25 watts, mas que ficou famoso em decorrência do “pedigree” dos músicos que usaram este equipamento, entre eles, nada mais nada menos que James Jamerson.

Ainda assim, a verdadeira revolução do sinal sonoro - a que muitos especialistas consideram como uma verdadeira divisão de águas - foi a introdução do modelo SVT 300 (figura 2). Além de gerar poderosos 300 watts de potência, esta máquina ainda possuía dois gabinetes separados, sendo que cada um com oito falantes de 10” polegadas.

Seu revolucionário design, de pequenos e numerosos falantes, possibilitava uma resposta muito mais rápida do sinal comparado a outros modelos da época com falantes maiores, além de melhor divisão de freqüências. O SVT se encontra até hoje em operações, oferecendo versões com gabinetes providos de outras configurações.

Orange
Como não mencionar a lendária Orange, fundada em 1968, na Inglaterra, pelo jovem visionário Clifford Cooper? Reunindo os melhores engenheiros da época, ele iniciou sua empresa na própria garagem da sua casa, construindo uma obra prima de engenharia sonora (figura 3).

Seu sistema de válvulas era revolucionário. O nome provém de um vinil laranja que revestia os gabinetes e os cabeçotes. Fretwood Mac, Steve Wonder e Oasis foram alguns dos mais conhecidos usuários da Orange.

A Sunn Amplifiers foi igualmente uma das pioneiras a investir pesado em amplificadores para guitarras e depois para baixos elétricos. Richard McDonald, chefe de Marketing da Sunn, disse que a empresa acompanhou a própria evolução do rock.

Segundo ele, Jimmy Hendrix, Noel Redding, Tony Iommi, Yes e Rush foram grandes divulgadores da marca. Precisa dizer mais? A empresa foi adquirida pela CBS, junto com a Fender, no ano de 1965 com o objetivo de expansão dos negócios.

Os lendários Hiwatt
Mas, espera um pouco! Lembra-se daquela parede de caixas acústicas que quase o derrubou do palco quando você estava fazendo uma ‘sub’ para o John Entwisle? O nome que você viu naquele dia em cima do palco foi HIWATT, denominado de “tanques” por sua aparência robusta (figura 4).

A Hylight Electronics iniciou suas atividades em 1969 na Inglaterra através do seu fundador, Dave Reeves. Este equipamento possuía algo que faltava a todos os modelos da época: um chassi robusto e resistente que pudesse suportar as longas gigs que as bandas realizavam pelo planeta (por aviões e navios). Grupos do calibre de Pink Floyd, Yes, Who e Jethro Tull precisavam dos equipamentos intactos quando fossem atuar em seus destinos.

Somente as máquinas HIWATT poderiam oferecer isto, pois as quebras de equipamentos eram freqüentes. Mas tudo isto era irrelevante para estas máquinas. Estes verdadeiros tanques de guerra nunca quebravam! Chuva, sol, calor poeira e lá estavam eles! Como era possível?

Para construir estes amplificadores, Reeves contratou um especialista da marinha norte-americana responsável pelo desenvolvimento de equipamentos de combate. Seu nome era Harry Joyce. Aliada a empresa de tecnologia de ponta em componentes eletrônicos, o cara transformou os poderosos HIWATT em artefatos de admiração e respeito, não apenas por músicos, mas por historiadores e pesquisadores do mundo todo.

Esta evolução da expansão sonora, iniciado de forma pioneira mais uma vez por Clarence Leo Fender mudou os sons de graves em nosso mundo. Um verdadeiro prodígio em termos de evolução e aprimoramento da música como a conhecemos hoje! No entanto, a segunda revolução ainda não tinha terminado. Ron Wickersham inventou algo que revolucionou mais uma vez o mundo dos graves! Adivinhe o quê? Aguarde o próximo capítulo!

Fim da 4ª postagem

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A História do Contrabaixo Empty Re: A História do Contrabaixo

Mensagem por GeTorres Qui Abr 26, 2012 12:20 pm

Autor do Texto: Nilton Wood
Título: A história do contrabaixo
Fonte: Site Território da musica "www.territoriodamusica.com"
Acessado em 26/04/2012 às 11:47

A História do Contrabaixo, parte 17

Novas cordas, instrumentos melhorados e amplificadores mais modernos. Tudo parecia seguir seu curso natural de evolução quando dois inventivos baixistas e um técnico em eletrônica visionários apontaram novos caminhos, mudando mais uma vez os rumos da história. A segunda revolução ainda não havia terminado.

Alguns lugares do mundo, por uma incrível coincidência, são palcos de acontecimentos que têm o poder de mudar o rumo da história. No universo das quatro cordas, um destes lugares foi São Francisco, na Califórnia (EUA), que serviu de cenário para um dos mais notáveis experimentos da história da música.

Algo que alterou toda a concepção de sonoridade que existia até então: o surgimento da captação ativa. Mas afinal de contas, o que é captação ativa? Calma pessoal, vamos explicar como tudo começou.

Jack Casady - O pioneiro da pureza sonora
Nosso primeiro personagem é o baixista de uma das mais lendárias bandas da história do rock: Jack Casady, integrante do Jefferson Airplane.

Desde os oitos anos de idade ele esteve envolvido com música. Iniciou seus estudos aos 12 anos com a velha guitarra do pai. Aos 16, finalmente ganhou seu primeiro baixo: um Fender Jazz Bass 61.

“Minha carreira começou quando um baixista chamado Danny Gatton veio tocar perto da minha cidade (Washington). Ele ficou doente antes do concerto e me chamaram. Basicamente, comecei tocando R&B com diferentes bandas”, conta o músico.

Casady sempre procurou explorar novas sonoridades em seu instrumento, sendo admirador inclusive de músicas executadas no violoncelo - especialmente de Prokofiev, compositor russo, que desenvolvia linhas independentes da melodia; “Quando me juntei ao Airplane em 1965 a convite do guitarrista Jorna Kaukonen, comecei a tocar composições próprias, mantendo meu estilo, ou seja, compor linhas de baixo diferenciadas, principalmente no aperfeiçoamento de novos estilos melódicos”.

Desde cedo, o baixista desenvolveu um apurado senso de percepção com relação a novos timbres. Sua primeira inspiração foi seu pai, que eventualmente manuseava equipamentos eletro-eletrônicos como hobby: “Quando comecei a estudar guitarra, ele me construiu um amplificador com cabeçote separado, plugado num gabinete com falante Jensen de 8. Foi ele também quem me ensinou que, se você não está satisfeito, deve inventar algo melhor”.

O equipamento de Casady no Jefferson Airplane consistia em dois gabinetes Fender Showman com dois falantes de 15 e quatro cabeçotes ligados em série. Na época, isto era um avanço notável, pois poderia se manusear a sonoridade do instrumento sem fornecer instruções aos técnicos da mesa de som.

Ele usou primeiramente um Fender Jazz Bass, passando depois a utilizar um Guild Starfire Bass: “Notei que o Jazz Bass tinha um som muito limpo, quase sem distorções. No Guild, entretanto, eu conseguia obter interessantes timbres, quando executava acordes com o uso de um Overdrive, além de melhores sustains”.

O resultado surpreendeu a muitos que assistiam ao Airplane: um som limpo e cristalino no baixo, com peso nos graves, médios com presença e agudos sem distorções.

As composições de Casady envolviam o uso de longas frases intercaladas com a melodia do tema envolvendo ainda o uso de acordes (coisa pouco usual para época). Confira a sonoridade de Casady em obras como “Jefferson Airplane Takes Off”, “Surrealist Pillow”, “Crown of Creation” e “Bless Its Pointed Little Head”.

Versatone: Distorções suaves
Uma das experiências mais interessantes que Casady realizou foi em 1969, quando incluiu em seu set um amplificador Versatone, concebido originalmente para amplificar o sinal do contrabaixo acústico: “Na verdade, eu usava o Versatone como um pré-amplificador. Naquela época, nós possuíamos máquinas valvuladas para serem utilizadas em frequências graves ou agudas. No entanto, existia um limitador: este recurso só era utilizado com timbres destinados a apenas um falante”.

As freqüências podiam ser controladas por um recurso chamado pan-o-flex knob. Isto permitia que, quando o volume era aumentado, ocorresse uma suave distorção, resultante do excesso do sinal de saída. Este interessante recurso foi muito usado pelo baixista no Airplane.

Grateful Dead
Enquanto Casady conduzia suas pesquisas, outro grupo de São Francisco também iniciou um trabalho visando alterar a sonoridade de sua textura. Formado no ano de 1965, o Grateful Dead imediatamente tornou-se um celeiro para novos experimentos sonoros. Sua música possuía elementos que abrangiam desde o folk até o rock psicodélico típico dos anos 60, ou seja, intermináveis jams eram executadas pelos integrantes da banda, inspirados, entre outros compositores, no free jazz de John Coltrane e Ornette Coleman.

E agora, entra em cena o nosso segundo personagem: Phil Lesh, um trompetista que já tinha estudado composição para atuar em peças de música de concerto. No entanto, os sons graves o fizeram mudar de instrumento. Seria óbvio pressupor que, um músico com este nível de conhecimento, desenvolveria um estilo próprio.

Suas linhas de baixo caracterizavam-se por longas conduções, com introdução de contra melodias, acordes e até o uso de harmônicos, tornando o som do Grateful Dead uma interessante mistura de elementos, resultante, em parte, da forma estrutural e composicional de Lesh.

O baixista também era obcecado pela pesquisa sonora. “Queria procurar novos timbres para meu baixo”, diria, mais tarde, em uma entrevista abrangendo a sua biografia para o editor sênior Chris Jisi, da Bass Player. “Queria obter um espectro maior de opções entre o grave e o agudo”.

Alembic Project
Vamos agora para outro local em São Francisco conhecer um cara chamado Augustus Stanley Owsley, o “Bear”. Além de consultor em eletrônica no Dead, Stan era conhecido como o melhor fabricante de LSD (a droga só passou a ser ilegal nos EUA em outubro de 1968) da cidade.

Entre os muitos consumidores da droga na cidade, estava o pessoal da banda. Com o sucesso crescente do grupo, grande parte dos amigos, roadies e freaks tornaram-se fãs do Dead. A exemplo de Owsley, outras pessoas que frequentavam aquele círculo de amizades também possuíam conhecimentos de eletrônica e sistemas de P.A. (plano de amplificação). Desta forma, além de admiradores, todo este séquito de pessoas, não só curtia os shows, mas ajudava o grupo em suas gigs e gravações.

Ouvindo as idéias de Lesh e outros músicos, algumas destas pessoas resolveram formar a Alembic Project - nome derivado de um aparato usado por destiladores de bebida para refinar e separar alguns elementos que fazem parte da fabricação do produto.

As primeiras idéias giravam em torno de obterem uma sonoridade mais limpa e definida para o som da banda, não apenas para apresentações, como também para sessões de gravações. Nosso terceiro - e mais importante personagem fazia parte daquela turma toda que seguiu o Grateful Dead. Seu nome: Ron Wickersham. Mas isto eu conto no próximo capítulo...

Legendas das figuras
Figura 1 - Em 1967, a Guild Company lançou o Starfire Bass I, que Casady tornou conhecido no Grateful Dead.
Figura 2 - O Airplane em 1966: Da esquerda para a direita: Jack Casady, Marty Balin, Signe Anderson, Paul Kantner, Jorma Kaukonen e Spencer Dryden.
Figura 3 - O Versatone (atrás de Jack no palco, marcado com um círculo). Desde 1969 ao lado do baixista ajudando a definir o som do Dead.

A História do Contrabaixo, parte 18

“E se alterarmos o sistema de captação”? Com esta idéia, Ron Wickersham, um dos fundadores da Alembic Project, entrou para a história como o inventor da captação ativa. Nossa equação temporal sobre a história da segunda revolução estava resolvida.

Como vimos anteriormente, a banda Grateful Dead possuía, além de muitos fãs, um restrito grupo de amigos que os ajudavam em várias atividades no grupo. Entre eles, se destacava a figura de August Stanley Owsley - o “Bear” - que era um dos associados que realizava a produção do Dead. Ele conhecia um jovem engenheiro de som chamado Ron Wickersham, que igualmente vinha atuando com outros grupos em Los Angeles para gravações e mixagens.

Entusiasmado com idéia de mudar o sinal do contrabaixo para um novo patamar, Ron chamou o luthier Rick Turner e o engenheiro de gravação Bob Mattews para auxiliá-lo. Estava criada a Alembic Project.

Alembic - Pureza Sonora
A primeira providência, visando uma substancial melhoria na textura musical do Dead, foi melhorar as condições técnicas de palco com novos cabos, conexões, microfones, sistemas de PA e amplificadores, além de um novo tratamento acústico. Nas gravações de estúdio, foram providenciadas modernas estruturas acústicas e uma novíssima mesa Ampex MM-100 de 16 canais (um equipamento “state of the art” na época). Este equipamento era um dos projetos sob a responsabilidade de Ron que fazia parte dos engenheiros da Pacific Studio (desenvolvedores de novos equipamentos para gravações).

Os resultados surpreenderam não somente o público como também outros grupos, como o Jefferson Airplane e Crosby, Stills, Nash & Young, que igualmente contrataram a Alembic para assessorá-los em busca de melhor qualidade sonora. No entanto, apesar das evidentes melhorias, o inquieto Wickersham ainda não estava satisfeito.

A Primeira Captação Ativa
O problema era o sinal gerado pelo sistema de captação passiva que existia em todos os instrumentos na época. Basicamente um sistema passivo compreende uma peça composta por um ímã (que contém propriedades magnéticas) revestido por alnico (abreviaturas para alumínio, níquel e cobre). A peça “capta” a vibração das cordas por meio de um sistema elétrico e envia o sinal para o amplificador.

No baixo elétrico, apesar dos muitos avanços conquistados, a resultante sonora de um sistema passivo era um som encorpado, com peso nos graves, médios acentuados e ainda uma pouca definição para os agudos. Além destas falhas, o que mais irritava o jovem engenheiro era um pequeno ruído, constante e infernal (segundo suas palavras em diversas entrevistas) proveniente do próprio sistema passivo, que atuava como um fio terra, captando todas as correntes elétricas provenientes do ambiente.

Naquele tempo, este ruído era totalmente eliminado sob condições controladas, como nos estúdios. Ao vivo, no entanto, tudo que se restava a fazer era tapar os ouvidos e se acalmar.

As Primeiras Experiências
Mas tudo isto iria mudar em uma noite do ano de 1969, em uma das reuniões semanais do pessoal da Alembic. Em uma entrevista concedida a Tony Bacon (um dos autores do livro The Bass Book), o próprio engenheiro conta: “O tema central das discussões entre eu, Rick, Bob, Bear e os músicos do Dead era como melhorar ainda mais a qualidade do som da banda. Entre muitas idéias me ocorreu algo. Mandei todos ficarem quietos para eu ter a total atenção de todos e sugeri, entusiasmado, que poderíamos alterar o sistema de captação dos instrumentos. O sistema passivo gerava muitos ruídos. E se criarmos um novo captador que, além de silencioso, possa gerar um som mais puro? Todos ficaram me olhando, pensativos, quando Rick Tuner disse que poderia ser uma boa idéia. Talvez precisássemos fazer algumas alterações nos instrumentos, mas poderia dar certo!”

Os baixos Guild Starfire de Phill Lesh e Jack Casady foram os alvos dos primeiros experimentos técnicos. Os músicos orientavam o pessoal da Alembic quais características sonoras o novo captador deveria possuir. Após pesquisar os sistemas passivos tradicionais, Ron decidiu que a idéia básica seria melhorar ou “ativar” alguns circuitos já existentes.

O primeiro resultado aconteceu no baixo de Casady. Um novo captador foi instalado, além de uma placa de circuito para controle do sinal que continha 10 knobs. Este baixo foi rebatizado com o nome de “Mission Control” pelo elevado número de knobs e chaves que precisou ser instalado. Ron se lembra de quando Jack viu o instrumento pronto, ele perguntou se precisava de todos aqueles controles. Eu disse que, por enquanto, sim! Basicamente, Ron instalou novos circuitos que controlavam o nível de saída e timbragem do Guild, além de um redutor de ruídos no sistema passivo.

Um Novo Instrumento
É claro que o próximo passo seria construir um instrumento novo, no qual esta nova tecnologia pudesse ser usada. As pesquisas de Turner e Mattews concluíram que as cordas deveriam ser isoladas do corpo do baixo, por produzirem uma vibração que acabavam refletindo no som.

Assim, na ponte foram colocadas massas isolantes visando separar as vibrações das cordas. O material do capotraste foi substituído por uma liga de metal para melhor acomodação das cordas. Os captadores de imã foram substituídos por placas de cerâmica ligadas por um sistema de baterias, que, ao invés de captar, “ativava” o sinal em direção as cordas. Na concepção de Turner, o braço deveria ser integral (uma peça única na qual o corpo seria colado em cada parte da madeira), tentando assim, obter uma melhor qualidade de sustain e timbragem.

Alembic #001
Em 1971 nasceu, para a alegria do mundo dos graves, o Alembic #001, uma revolucionária máquina de graves que foi dada de presente para Jack Casady, do Jefferson Airplane. Sem sombra de dúvidas, uma obra de arte que, na opinião de músicos e historiadores, teve tanta importância quanto a criação do primeiro baixo elétrico da história, o Precision Bass em 1951.

O uso de sofisticados circuitos ativos, madeiras exóticas construídas em forma de lâmina, o braço integral e o acabamento perfeito, faziam do lendário #001 uma peça única. Infelizmente, durante uma das apresentações do Airplane, Casady, acidentalmente, o deixou cair no chão. Apesar dos esforços, seu sistema de captação ativa ficou arruinado.

A influência de Casady e Lesh no cenário musical americano foi imediata. Todos literalmente ficavam boquiabertos com a sonoridade do novo instrumento.

Em 1972, entre os fãs da Alembic, estava um jovem baixista em início de carreira, que fazia parte de uma ainda desconhecida banda chamava Return to Forever. Ele mesmo: Stanley Clarke. Ao saber do interesse do jovem músico pelo instrumento, a Alembic o presenteou com um novo modelo de baixo. A partir de 1976, a Alembic se transformou em uma pequena, mas poderosa empresa, difundindo seus poderosos instrumentos por todo o planeta.

O fim da Segunda Revolução
Ao final da segunda revolução, fico pensando nas três vertentes que a fizeram acontecer. A primeira foi a invenção das cordas Rotosound por James How. A segunda, a concepção dos poderosos Ampeg’s, Hiwatt e outras máquinas que mudaram o rumo da sonoridade dos graves. A terceira culminou com Casady, Lesh e a equipe capitaneada por Ron Wickersham. A partir do sistema ativo, foi possível conceber baixos com cinco, seis, sete e até instrumentos com 12 ou 14 cordas, expandindo, de forma avassaladora o mundo dos graves. Um triunvirato que, definitivamente, redesenhou a história do baixo elétrico no planeta Terra.

A História do Contrabaixo, parte 19

Em 1963, a Fender criou o Bass VI em resposta a criação do Danelectro Long Horn Bass 6, o primeiro baixo elétrico de seis cordas fabricado pela Empresa. Uma idéia genial no tempo errado.

Ao contrário do que todos vocês possam imaginar, o baixo de seis cordas surgiu antes do instrumento de cinco cordas. Uma das primeiras aparições ocorreu no filme “Let It Be”, dos Beatles, rodado durante as gravações do álbum com o mesmo nome, em 1969. A novidade estava na música produzida pelo grupo em algumas canções que pareciam ter a sonoridade harmônica mais encorpada com sons mais graves.

Alguns observadores atentos notaram que George Harrison parecia tocar uma guitarra, mas com uma diferença que chamou a atenção: as notas eram executadas uma de cada vez, ao contrário da guitarra elétrica. O mistério estava resolvido: George estava executando um instrumento de seis cordas denominado Fender Bass VI, que surgiu logo após a triunfal estréia do Jazz Bass.

Mas assim, de repente? Claro que não! Os historiadores descobriram algo digno de suspenses e intrigas até surgir o primeiro modelo da Fender.

Danelectro X Fender
Nos anos 50, as primeiras guitarras elétricas da Fender, de alguma forma, foram “copiadas”. Um detalhe no corpo, um formato no braço, enfim, sempre existia algo que algum concorrente já tinha inserido em sua arquitetura.

A Danelectro (já mencionada em nossa coluna) sempre foi pioneira em inovar em seus modelos, transformando-se em um dos maiores desafios da Fender naquela época. Numa das feiras musicais realizadas no ano de 1950, algo inusitado aconteceu: no estande da Danelectro foram posicionadas uma guitarra com sua marca e uma Fender Stratocaster (uma ao lado da outra).

Ambas plugadas, respectivamente, em amplificadores distintos com o volume perto do limite. Tudo isto serviria para constatar algo já conhecido pelos músicos e fabricantes, principalmente da Fender que foi a vítima: o ruído gerado pela Stratocaster era insuportável perto do silêncio sepulcral do instrumento da Danelectro. Isto ocorria porque este modelo era totalmente blindado com uma folha de alumínio, que não permitia a emissão de ruídos.

A resposta técnica da Fender

Segunda versão do Fender VI.
Sem protetores de captador e 4
chaves seletoras (reprodução)Dizem os historiadores que Leo Fender já tinha sido avisado muitas vezes sobre este problema técnico com as primeiras Stratocaster, mas como todos nós sabemos, o lendário inventor era conhecido por transferir alguns problemas oriundos das próprias falhas de fabricação de algumas linhas de instrumento a “intrigas de concorrentes”, “inveja” ou desculpas semelhantes.

Mesmo assim, ao saber do ocorrido da Danelectro, o inventor ficou muito irritado. Foi a partir disso que resolveu inserir o alumínio na fabricação dos pick guards em algumas Stratos. O resultado não foi o esperado, pois este tipo de material deixava as mãos dos guitarristas doloridas por causa da dificuldade de deslizamento (o material anodizado segurava o movimento durante a execução).
Após estudos, uma outra alternativa surgiu com a colocação de uma chapa feita do mesmo material embaixo do pick guard (que voltou a ser fabricado em plástico). A idéia resolveu grande parte do grau de tocabilidade do instrumento, mas o ruído, embora menos intenso, continuava lá.

Sabemos que, tanto nas guitarras como nos baixos elétricos, este ruído era provocado pela estática que fazia o instrumento ao interagir com o ambiente. Sendo assim, sua supressão quase absoluta seria possível somente numa ambiência controlada, como nos estúdios de gravação.

Danelectro Long Horn 6 e a criação do Fender Jazz VI

Danelectro Longhorn Bass6. O
original dos anos 60 e cópia
recente (reprodução)Durante o ano de 1962, a Danelectro lançou seu baixo de seis cordas, considerado o primeiro baixo elétrico de seis cordas da história, o Long Horn, que era muito usado pelos músicos de country music, principalmente em Nashville.

Ao tomar conhecimento deste novo fato realizado pela concorrente, imediatamente o velho inventor lembrou-se do ocorrido durante a feira em 1950 com sua Stratocaster. Assim, em 1963 foi criado o Fender Bass VI. A afinação obedecia ao mesmo referencial usado na guitarra elétrica - E B G D A E - porém uma oitava abaixo. A escala tinha 30’ - menor que os 34’ usados nos contrabaixos elétricos tradicionais.

A primeira versão do Bass VI possuía o braço em rosewood, com 21 trastes e 10 marcadores de posição (dot position markers). O corpo era feito em Alder, baseado no molde utilizado na concepção da guitarra Fender Jaguar (recém-introduzida pela Fender), três picks single coils, um sistema de abafador (uma volta ao passado?), três switches (chaves seletoras) para ligar e desligar cada sistema de captação e uma alavanca de trêmulo. Era muito inusitado e maravilhoso para a história dos graves! Este notável mecanismo permitia que o baixista executasse acordes, a exemplo de uma guitarra com alavanca.

Esta primeira versão foi fabricada apenas durante um ano. Em 1964, a Fender lançou a segunda versão do modelo, com uma quarta chave seletora, que era um atenuador de graves. Algumas versões possuíam o braço em maple. Em 1969 as tarraxas Kluson foram substituídas pelos modelos fabricados pela própria Fender.

Outro mecanismo inovador acompanhou a segunda versão do Bass VI. Trata-se do “Treem Lock System”, que permitia que as cordas permanecessem afinadas. Este mecanismo também tinha sido lançado na mesma época para equipar as novas guitarras Jaguar. Um dos mais notáveis músicos a utilizar o instrumento foi Jack Bruce, durante a época do Cream. A produção foi interrompida em 1975 pelas poucas vendas realizadas devido ao seu alto custo.

Uma inovação muito cara
Os registros históricos apontam que o Bass VI foi, sem sombra de dúvida, uma revolução silenciosa no mundo dos graves. Muitos guitarristas de estúdio, inclusive George Harrison, utilizaram o lendário instrumento parar fornecer mais peso nos graves para algumas músicas compostas naquela época.

Então, porque este instrumento não teve sua produção continuada? Apesar dos avanços tecnológicos trazidos pelo Bass VI, um dos fatores para a falta de sucesso foi o preço. Enquanto que um Danelectro de seis cordas era vendido por US$ 120,00, o Fender VI custava US$ 330,00, ou seja, quase o triplo do concorrente. Naquele tempo, nos primórdios da evolução dos graves, era um preço demasiado alto a pagar por um instrumento híbrido, de aplicações alternativas e de difícil execução (trastejamento dos trastes, ruídos e sérios problemas de entonação).

Uma idéia genial no tempo errado

Jack Bruce com o Fender Bass VI
(Reprodução / Jan Persson)Com raras exceções, como Jack Bruce, o instrumento nunca foi compreendido pelos músicos daquela época. Não se esqueçam de que estávamos em plena era Jazz Bass. O mundo dos graves estava deslumbrado com o novo modelo de baixo elétrico da Fender. Talvez o revolucionário instrumento tenha sido lançado em um momento errado na história, onde, naquele exato período, somente o Jazz Bass tinha seu espaço plenamente garantido.

E se Leo Fender tivesse lançado este modelo alguns anos depois ao invés de sucumbir ao sentimento motivado pela disputa comercial com a Danelectro? Talvez, por este motivo, muitos baixistas nunca chegaram sequer a ver um instrumento destes. Uma idéia genial que poderia ter dado certo talvez alguns anos no futuro. Um dos paradoxos da história do mundo dos graves.

A História do contrabaixo, parte 20


Com a aquisição da Fender, a CBS Company, ansiosa pela divulgação de novos produtos, lançou, em 1965, o Bass V, o primeiro baixo elétrico com cinco cordas na história. Uma idéia genial no tempo errado.

o B or not to B?

Você, jovem baixista, que adora ir aos concertos de heavy metal ou hard rock, e, claro, adora também o som de nosso amado baixo elétrico, principalmente daqueles graves poderosos da corda B, nunca se perguntou como surgiu esta idéia de se criar um novo instrumento com uma corda adicional? Bem, para respondermos a esta pergunta, precisamos mais uma vez viajar no tempo, precisamente no ano de 1965, após a CBS - famoso conglomerado da mídia americana - ter adquirido a Fender Company.

O pessoal do Marketing da empresa, ansioso pela divulgação de novos produtos, com a nova “grife” da companhia, realizou diversos lançamentos abrangendo os segmentos de guitarras, baixos e amplificadores. Entre eles estava a segunda versão do Bass VI (visto no capítulo anterior) e o Bass V, que foi o primeiro baixo elétrico de cinco cordas produzido pela companhia e único no mundo dos graves. Além disto, a Danelectro, principal concorrente da CBS, não tinha nada de similar.

A criação deste instrumento provocou dois eventos interessantes: o primeiro foi um dos maiores fracassos comerciais da companhia, provando que nem tudo que Fender criava se transformava em produto icônico (como o Precision e o Jazz Bass).

Apesar disso, esta revolução arquitetônica foi uma pequena semente de algo que iria de fato influenciar a mudança de novos timbres no baixo elétrico, quase 25 anos depois do ocorrido. Mas antes vamos conhecer a visão dos músicos daquela época, em nossa viagem rumo ao passado.

Fender Bass V - O acréscimo da corda C

Este instrumento possuía basicamente o mesmo corpo Fender Jazz Bass, sendo que a diferença estava em ser um pouco mais alongado para acomodar a nova corda. A primeira versão tinha um pick-up e um sistema de captação divididos em duas placas distintas, sendo duas para as cordas E e A e duas para as cordas D,G e C. Isto mesmo que você leu! Não era a corda B, mas a corda C.

Acreditavam os construtores que esta corda permitiria uma nova região para ser explorada principalmente em solos. Tal estrutura foi copiada de alguns modelos de contrabaixo acústicos criados por compositores como Berg, Falla, Stravinsky e Bartok para explorar determinados timbres. Ora, se já existia no gigante, porque não fazer no contrabaixo elétrico? Este foi o pensamento dos construtores da época.


Diferença de trastes

Se você observar bem as fotos constantes nesta matéria, irá notar que o novo modelo possuía um número reduzido de trastes, que na verdade era de apenas 15. Isto se devia ao comprimento da nova corda, ou seja, uma adaptação da corda E da guitarra elétrica, redimensionada para a nova afinação. Assim, a nova corda não tinha uma extensão suficiente para ser instalada no novo modelo de cinco cordas (um erro de logística completamente irracional para a época).

O braço era fabricado em Alder e o corpo em Rosewood. As cordas, a exemplo do primeiro P Bass, eram inseridas através da parte traseira do corpo. Sua última aparição em catálogo aconteceu em 1969, sendo retirado definitivamente em 1971. Os historiadores afirmam que este instrumento possuía sérios problemas de afinação. Além das vendas serem consideradas não satisfatórias, o Fender V nunca recebeu eventuais melhorias, por falta de interesse da empresa.

Jimmy Johnson e o primeiro Alembic de cinco cordas


Jimmy Johnson: criador do baixo de
cinco cordas.Neste ponto de nossa viagem do tempo, vamos para Mineapolis, onde vivia um jovem baixista chamado Jimmy Johnson. Trabalhando como freelancer e músico de estúdio no começo dos anos 70, Jimmy usava um baixo Gibson Les Paul para realizar seus trabalhos. Em uma entrevista concedida para a Bass Player, Jimmy conta o que o levou a pesquisar novos instrumentos: “Eu não estava satisfeito com o timbre do Gibson. Foi quando conheci os famosos Alembic e fiquei impressionado com sua sonoridade. Naquela época, eu era muito conhecido por trabalhar ao lado de James Taylor. Acostumado com sua música, eu pensei que alguns timbres mais graves poderiam realçar ainda mais a beleza da composição”.

Uma das pessoas mais influentes da época foi o seu próprio pai, que era contrabaixista da orquestra da cidade. Ele possuía um modelo de quatro cordas, porém dotado de um mecanismo similar ao hipshop, que possibilitava que a corda pudesse ter sua altura alterada até um tom abaixo. “Meu pai disse que havia muitos instrumentos acústicos de cinco cordas - com uma corda adicional B para atender a determinados autores. Foi a partir daí que eu pedi para a empresa GHS fabricar uma corda com a afinação de B que pudesse se adaptar ao instrumento de cinco cordas”.

Ao mesmo tempo, Johnson solicitou um novo modelo a Alembic de cinco cordas, porém, ao invés de ser colocada a corda C, a empresa deveria fazer uma adaptação no capotraste e na ponte para receber uma nova corda com uma calibragem de 120. O resto todos já sabem. Durante a próxima excursão com James Taylor todos ficaram impressionados com os timbres profundos do baixo elétrico do lendário baixista.

Mais uma vez um pequeno fato idealizado por um jovem e obstinado baixista criou um novo rumo na história dos graves neste mundo.

Fim da 5ª postagem

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A História do Contrabaixo Empty Re: A História do Contrabaixo

Mensagem por GeTorres Qui Abr 26, 2012 12:32 pm

Autor do Texto: Nilton Wood
Título: A história do contrabaixo
Fonte: Site Território da musica "www.territoriodamusica.com"
Acessado em 26/04/2012 às 11:47

A História do Contrabaixo, parte 21

Após a invenção do Precision Bass em 1951, mais uma vez o genial Clarence Leo Fender surpreende o mundo dos graves com a criação do Musicman Stingray, uma das mais poderosas máquinas de graves do mundo.

Você teve a oportunidade de conhecer, em um dos nossos capítulos, a criação da lendária Music Man Company. Nesta matéria, vamos inverter as coisas e mostrar as máquinas como verdadeiras estrelas. Refiro-me a um dos projetos mais ousados e originais já concebidos no universo dos contrabaixos elétricos desde a invenção do Fender Precision Bass em 1951.

Em 1965, Leo Fender era um homem com sérios problemas de saúde, causados pelo frenético ritmo de trabalho imposto pela Fender Company. Sabemos também que, naquele ano, o conglomerado CBS adquiriu a empresa visando a expansão da marca. Para preservar o espírito pioneiro, o lendário inventor foi contratado como consultor de produtos. Mas algo tinha acontecido com o passar dos anos. O mecanicismo dos produtos, a linha de montagem industrial para dar conta do volume de pedidos, novas tecnologias, novos controles... Tudo isto estava acontecendo muito rápido para o entendimento do sábio inventor.

A criação da Music Man Company

Para amenizar este desenfreado crescimento, Leo Fender prestava consultoria para diversas empresas de instrumentos e amplificadores. Entre elas, uma estava destinada a mudar os rumos na história do planeta, pois contava com um novo conceito, um novo projeto chamado Musitek, de autoria de George Fullerton, um dos veteranos da antiga Fender e amigo do seu fundador.

O velho inventor não gostava deste nome - que soava um pouco estranho para fins de marketing - e, após diversas reuniões, decidiu-se que a nova empresa seria rebatizada de Music Man Company. A Cia. Iniciou suas atividades oferecendo, a princípio, apenas amplificadores. Entretanto já havia planos para o desenvolvimento de um novo instrumento que pretendia ser totalmente revolucionário. Estamos no ano de 1975, em plena era da captação ativa, e os baixistas ainda estão se “recuperando” do susto no mundo dos graves que a poderosa Alembic fez ao criar seus baixos de captação ativa.

Ativa ou passiva?

Depois do assombro inicial, começaram os experimentos com o novo modelo usando o sistema ativo. Sidemen, músicos de estúdio e baixistas virtuosos começaram a comprar o novo Alembic para conferir as inovações criadas por Ron Wickersham. Como diz o ditado, as moedas têm duas faces. Sobraram elogios, mas também não faltaram críticas. A principal delas é que o sistema ativo resultava em uma sonoridade limpa demais, etérea, sem algo mais “orgânico” - ruídos provenientes do sistema passivo que proporcionam uma característica de timbre com ênfase nos médios com poucos agudos, usados no blues e no rock. Mais tarde a história demonstraria que esta sonoridade seria muito interessante para ser usada em outras técnicas como slap ou two hand tapping.

“Eu já tinha uma arquitetura montada para este projeto e a primeira coisa que eu pensei foi no headstock, pois acredite, é uma das primeiras coisas que o músico observa”, disse o inventor em uma entrevista concedida quando do lançamento do novo instrumento. A configuração 3X1, que foi sugerida por White, um dos executivos da empresa, possuía três tarraxas em cima e uma embaixo, o que lhe pareceu uma ideia revolucionária. Além disto, foi desenvolvido um novo captador - de oito polos, sendo dois para cada corda, além de uma nova ponte.

Porém, a maior novidade estava reservada para os circuitos. Fender, que não era muito fã de tecnologias inovadoras, insistiu que o instrumento deveria ter um sistema passivo, a exemplo do Jazz Bass. Visando manter a tradição que o inventor tanto insistia (e muitos músicos também), a empresa - sem tirar a sua visão do futuro - concebeu um instrumento passivo em sua concepção de captação, mas com todos os seus circuitos ativos.

Surge o Music Man Stingray

Assim, em 1976, surgiu o Music Man Stingray, com a configuração do headstock em 3X1, circuito ativo, além de pontes e captadores inovadores. Após experimentarem, a grande maioria dos músicos conseguiu definir em apenas duas palavras: personalizado e agressivo. Ele era ideal para o contexto de músicas da época, como os Brothers Johnson, que teve em Louis Johnson um dos maiores entusiastas do novo modelo. O corpo foi construído em Alder, o braço e a escala em Maple e algumas em Rosewood. É claro que o Stingray foi um sucesso de vendas, sendo que os baixistas se entusiasmaram principalmente pela ergonomia do novo modelo que era ideal para a técnica de slap, por causa do espaço existente entre o final da escala e o captador.

Agressividade

Em 1984, a Music Man foi vendida para Ernie Ball, um empreendedor da Califórnia que aprendeu a tocar guitarra havaiana com seu pai, sendo pioneiro, inclusive, por montar uma das primeiras lojas de guitarras nos Estados Unidos. Esta pequena empresa, no entanto, era também especialista na fabricação de cordas feita sob encomenda para diversos artistas, entre eles, os Ventures. No começo dos anos 70, o jovem Ernie decidiu que precisava construir um contrabaixo acústico. Para isto, comprou um guitarrón mexicano, acrescentou trastes e reconfigurou o headstock. Em 1972, foi criada a Earthwood Bass. Foi o primeiro e único instrumento concebido por esta empresa. O problema era o mesmo que atormenta o velho gigante: ele era grande demais.

Nova gestão

Herdando a empresa do pai, o jovem Ernie adquiriu a Music Man para expandir seus negócios. Sob a gestão Ball, foi concebido o Sabre, com dois sistemas de captadores, mas que nunca foi um grande sucesso de vendas. No entanto, novas tecnologias foram criadas, como o corte de madeiras já com a utilização do grafite - um mineral concebido pela empresa Modulus Enterprise, a mesma que ajudou a desenvolver a tecnologia dos satélites Voyager I e II -, concedendo ao Sabre uma estabilidade ergonômica jamais vista em outros modelos de baixo elétrico, superando inclusive os poderosos Alembic.

A versão de cinco cordas do Stingray foi lançada em 1987 e a linha Sterling (nome de um dos filhos de Ernie) foi criada a partir de 1993. Uma versão otimizada do Bass VI foi reintroduzida no mercado com o Silhouette six strings, afinada uma oitava abaixo da guitarra elétrica. Os novos modelos incluíam o S.U.B (Sport Utility Bass) - com o pickguard fabricado do mesmo material utilizado no piso do metro de Nova York - e o Bongo, um das últimas inovações da Music Man.

O curioso é que, em plena época das mudanças tecnológicas, o Stingray surgiu para resgatar o “glamour” do passado, com o acréscimo de inovações futurísticas em seu hardware. Uma doce ironia que transformou o notável instrumento em uma mais poderosas máquinas de grave do mundo!

A história do Contrabaixo, parte 22

Ao contrário dos que muitos pensam, coube a Bill Wyman (ex-baixista dos Rolling Stones) os primeiros experimentos com o baixo elétrico Fretless.

Quantos de vocês, jovens baixistas, ao irem a um concerto de música e se depararem com um baixo sem trastes (denominado fretless) no set up do baixista, não pensam: “Nossa, o cara toca fretless também!”.

Exclamações como esta podem ser traduzidas em apenas uma palavra: respeito. O instrumento sem trastes requer amplos conhecimentos técnicos, bem como uma sólida noção de harmonia e melodia, uma vez que as notas, digamos, não estão “prontas” para serem executadas como em um contrabaixo com trastes. Nesta modalidade de instrumento, o baixista terá que “construir” cada nota a partir do posicionamento de seus dedos sobre a escala do baixo, onde, originalmente, estariam localizados os trastes, e isto, acreditem, não é fácil.

Primórdios
O instrumento sem trastes foi, sem sombra de dúvida, uma das mais notáveis descobertas do mundo dos graves e, ao contrário do que muitos pensam, coube a um ainda obscuro baixista de uma banda inglesa chamada Rolling Stones os primeiros experimentos com este inovador instrumento, seguindo o exemplo de muitas invenções geniais que ocorreram ao longo da história da humanidade: pelo simples acaso! Mas como tudo isto aconteceu?

O ano era 1961 e o jovem guitarrista Bill Wyman resolveu trocar de timbre motivado não apenas pelo fascínio que os graves exerciam em sua personalidade musical, como também pelo efervescente cenário da época, quando os Precision e os Jazz Bass estavam assombrando o planeta com a sua sonoridade. O primeiro instrumento de Wyman adquiriu em sua nova carreira era de origem japonesa. O novo baixista não tinha se adaptado ao instrumento em virtude dos trastes instalados no mesmo - grandes e desgastados pelo uso. Sendo assim, o músico levou seu instrumento a um luthier e solicitou que fossem substituídos por novos. Após uma verificação na escala, Wyman foi informado que os trastes específicos para aquele instrumento estava em falta e que chegariam dentro de alguns dias.

O acaso
Como na época o baixista possuía apenas este instrumento e necessitava urgentemente do mesmo para seu trabalho, ele solicitou que os trastes fossem retirados e que, enquanto aguardasse a chegada dos novos componentes, ele levaria o baixo de volta para usa-lo em seu trabalho. Para tentar obter as notas de uma escala sem trastes, Bill deduziu que a correta entonação das notas provinha da exata localização dos trastes ao longo da escala do instrumento. Desta forma, o baixista - no silêncio do seu quarto - tentou executar o baixo colocando cuidadosamente os dedos onde estavam instalados os trastes.

Em uma entrevista concedida a uma publicação inglesa, o baixista recorda como tudo começou: “Percebi que os sons resultantes eram bem delicados, puros, com outra timbragem e muito sustain, além de serem muito parecidos com o contrabaixo acústico. Fiquei fascinado com aquilo tudo e comecei a tocar minhas músicas sobre esta nova escala sem os trastes. Aquilo tudo me fascinou tanto que, quando finalmente os novos trastes chegaram, eu voltei a luthieria não para recolocar os componentes de volta na escala, mas para que fosse colocada uma leve camada de resina no sulco provenientes da instalação das peças”. Você poderá ouvir o som desta nova descoberta em muitas gravações dos Stones, com um destaque especial para “Paint in Black”.

Ampeg AUB-1 - primeira produção industrial

Não podemos nos esquecer de que isto foi um registro histórico de um jovem músico dentro do seu quarto e com sua banda que viria a ser tornar um dos maiores ícones do rock. Mas quando o processo de popularização do baixo fretless teve realmente um início, ou, em outras palavras, quando a sua produção justificaria um nível industrial para atender a uma crescente demanda?

Vamos viajar até Nova York, no final dos anos 40. Tudo começou com uma companhia chamada Ampeg, fundada por dois jovens baixistas acústicos: Everett Hull e Jess Oliver. A empresa fabricava amplificadores para contrabaixo e foi uma das responsáveis pelas primeiras experiências visando aumentar o ganho do sinal sonoro no baixo acústico. Hull começou a pesquisar um sistema que consistia num pequeno microfone pendurado (peg) dentro da caixa de ressonância ou instalado através de um suporte na parte externa do amplificador (de onde que surgiu o nome Ampeg).

A invenção foi um relativo sucesso de vendas para os músicos na época, principalmente para os contrabaixistas que utilizavam o acústico para gravar em estúdios. A Ampeg oferecia alguns modelos de baixo elétrico similares aos fabricados pela empresa Burns - sediada em Londres, na Inglaterra. Um dos seus modelos mais revolucionários foi o Baby Bass Electric Upright, que era, em síntese, uma nova versão do gigante, construído em fiberglass, sem a caixa de ressonância harmônica e com um sistema de captação embutido, facilitando o transporte e com aumento do sinal de saída.


Music Man Stingray Fretless usado por Pino PalladinoDennis Kager, um empresário visionário que já tinha trabalhado na Burns, fez uma proposta à Ampeg para criar um novo modelo de baixo elétrico que seria produzido na fábrica em New Jersey. As idéias de Kager foram consideradas muito originais e incomuns para a época. Ele sugeriu um instrumento com os orifícios “F” - F holes - não apenas na parte frontal como também transpassando o corpo todo, além de headstock com design semelhante ao acústico, no mais puro estilo vintage concebido na época (não se esqueçam de que os donos da Ampeg executavam o acústico).

O mais importante em nossa história foi a decisão da companhia em fornecer o modelo em duas versões, ou seja, com e sem trastes. Assim, e 1996, foram concebidos os novos baixos elétricos da empresa de denominados AEB-1 (Ampeg Electric Bass 1) e o AUB-1 (Ampeg Unfretted Bass 1), destinados a músicos que gostariam de obter a sonoridade do gigante em um instrumento elétrico. A escala possuía um comprimento de 34 ½ polegadas, superior aos instrumentos construídos na época.

Fretless Precision Bass 1970
O novo baixo da Ampeg fez um considerável barulho entre os músicos daquela época. A lendária Fender resolveu lançar a sua versão de um instrumento sem trastes no ano de 1970. Uma doce ironia, já que a companhia tinha no nome, ‘Precision’, justamente o fato do baixista poder executar as notas com “precisão”, ocasionado pela presença dos trastes.

Este instrumento teve um volume modesto de vendas até o ano de 1976. Algo ocorreu então para que tudo isto mudasse: O lançamento do álbum-conceito “Jaco Pastorius”, colocando o mundo dos graves de ponta cabeça, com uma técnica tão virtuosa e apurada que ainda hoje é motivo de assombro para todos os membros do mundo dos graves. E o mais assombroso: toda aquela extraordinária sonoridade provinda de um surrado Jazz Bass 1962, na qual os trastes foram arrancados e substituídos por uma camada de resina. Este evento seguramente marcou o evento da era fretless no mundo.

Apesar de tudo que estava acontecendo naquele período, nunca ocorreu à companhia oferecer ao mercado um modelo fretless Jazz Bass. Felizmente, a partir de 1980, Bill Schultz retornou ao controle da empresa, determinando, algum tempo depois, que novos modelos fretless Jazz Bass fossem oferecidos ao mercado, incluindo, posteriormente, o magistral Fender Jazz Bass Relic, um customizado igual ao original que Jaco largou sobre a grama do Central Park no dia que faleceu e que foi roubado posteriormente e nunca recuperado. Uma perda imensa para todos nós...

***(Nota de esclarecimento: o Bass of doom que o Nilton se refere foi posteriormente encontrado e esta sob a posse do baixista do Metallica Robert Tujillo. Na época em que ele escreveu a matéria, o baixo de fato ainda não havia sido encontrado)***

A História do Contrabaixo, parte 23

Grafite: das estrelas para o mundo dos graves
Com a evolução dos modelos de cinco e seis cordas, além da inserção de sistemas ativos, o baixo elétrico teve seu peso consideravelmente aumentado, prejudicando o desempenho dos músicos daquela época. A solução, por incrível que pareça, foi encontrada em um dos componentes utilizados na fabricação da nave espacial Voyager...

Ah, bons tempos aqueles em que você, usando somente seu Fender Jazz Bass ou Precision, precisava apenas de um cabo e um amplificador para fazer seu som acontecer. Com a evolução dos baixos elétricos e a procura de uma qualidade de som superior, o instrumento teve um considerável acréscimo de peso.

Desta forma, com o advento dos contrabaixos de cinco e seis cordas, foi necessário instalar novos hardwares, como tarraxas e pontes com encaixes adicionais, por exemplo. Modelos com mais de quatro cordas precisavam, naquele estágio tecnológico, de sistemas ativos para uma resposta de som diferenciada (uma vez que a captação passiva produzia muito ruído, principalmente com apresentações ao vivo). Por falta de critérios técnicos, as medidas de calibragem da corda Si eram assustadoras! 014. e 015. Atualmente são utilizadas cordas com bitolas entre 010 e 012.

Assim, era normal que um Alembic de cinco cordas, por exemplo, chegasse a pesar mais de 15 kg (um peso considerado ergonômico varia de 7 a 9 kg). Em virtude disto, os baixistas daquela época começaram a reclamar que, apesar da melhoria sonora apresentada, seus instrumentos eram muito pesados, ocasionando, muitas vezes, sérios problemas de coluna em muitos músicos.

Um dos músicos que mais amolava o pessoal da Alembic é um extraordinário contrabaixista. Se alguém pensou em Stanley Clarke, acertou! Clarke foi um dos primeiros endorsers da lendária marca. “Estava feliz com meu Alembic. Senti que minha sonoridade evoluiu de forma espantosa, mas eles eram muito pesados. Não sei como não acabei em um hospital depois dos concertos...”, declarou Clarke em uma memorável entrevista concedida para a revista Cover Baixo.

Voyager
Se você, assim como eu, adora tudo relacionado ao gênero ficção científica e viagens espaciais, certamente gostará da história a seguir. Tudo começa com um cara chamado Geoff Gould, baixista amador cuja felicidade, afora o mundo dos graves, era trabalhar na Ford Aerospace, conglomerado pertencente a N.A.S.A no final dos anos 1970.

Num concerto do Grateful Dead em outubro de 1974, Gould notou que o baixista Phil Lesh estava incomodado com o instrumento, procurando, a todo instante, entre outras medidas paliativas, ajustar o nível da correia ou procurando algum lugar para apoiar o corpo. Em determinados momentos, o músico chegava a tirar o baixo do corpo e o segurava com as mãos. Gould diria mais tarde que “observando aqueles movimentos de Phil eu cheguei à conclusão que havia alguma coisa errada com o Alembic dele. Foi quando ele me disse, depois do show, que seu baixo era muito pesado”.

Naquele ano Gould trabalhava no projeto da nave espacial Voyager (um extraordinário veículo espacial destinado a explorar outros planetas do sistema solar). Por conta da distância a ser percorrida, várias matérias primas na fabricação da nave tiveram simplesmente que ser inventadas. Estes novos elementos ou artefatos eram muito avançados para a época. Muitos deles, inclusive, seriam usados apenas no futuro.

Grafite
Com esta idéia na cabeça, Gould procurou a Alembic Projects, expondo seus novos conceitos a Rick Turner e Ron Armstrong, proprietários da marca. O engenheiro espacial levou uma mostra de um material derivado do carbono que era utilizado na estrutura externa da Voyager. “Chamamos este composto de grafite. Basicamente trata-se de um plástico reforçado, composto, entre outros ingredientes, por fibra e resina. O que vocês acham dele para projetar um novo instrumento?”.

Após uma longa reunião com intermináveis discussões técnicas, decidiram, por fim, construir um protótipo usando, na construção do braço, o novo material. O ponto técnico acordava que, se fosse possível diminuir o peso do braço, grande parte do problema estaria resolvido. Ao final do ano de 1976, depois de inúmeras tentativas e erros, o novo protótipo estava pronto.

Stanley Clarke: o primeiro
O primeiro baixista a testar o novo instrumento, foi, claro, Stanley Clarke. O histórico momento deu-se no final do mesmo ano, antes de um concerto do Return to Forever. Turner se lembra bem daquele momento: “Era uma situação ideal para nós, pois Stanley sempre chamava nossa atenção para o peso de nossos instrumentos e eu não queria que ele fosse endorsado por outras empresas”. Para felicidade geral de todos, o lendário baixista adorou a novidade. Com a aprovação de Clarke, a Alembic resolveu mostrar sua nova invenção para o mundo.

Primeiramente foi construído, em escala curta, um protótipo na qual presentearam a direção da N.A.M.M (Uma das mais famosas feiras de música do mundo) em 1977. Novidades sempre assustam muitas pessoas. Foi o que aconteceu nesta mostra. O público, entre músicos e críticos, recebeu com reservas o novo instrumento. Mas, com o passar dos meses, mais e mais músicos começaram a experimentar o novo projeto e todos, ao final, foram unânimes: E não é que este tal de grafite deixou o instrumento mais leve mesmo?

John McVie, do Fleetwood Mac, estava igualmente presente neste evento e ficou encantado com o novo baixo com o braço construído em grafite. Imediatamente, o grande baixista solicitou a Alembic que fabricasse um para ele usar em suas apresentações, carinhosamente apelidado de “Show Bass”.

Modulos Graphite
Rick Turner obteve a patente da invenção com o consentimento do engenheiro espacial. Assim, nascia a Modulus Graphite Company. Como a Alembic foi a primeira a usar o material, os primeiros baixos foram construídos em parceria, até 1978. Nos anos seguintes, Gould iniciou uma parceria com a Fender Company para dotar seus modelos Jazz Bass e Precision com o revolucionário material.

Após o evento do Grafite, nada de tão revolucionário abalou, de forma tão intensa, nosso mundo dos graves. A partir dos anos 80, praticamente todas as empresas americanas começaram a adotar o novo modelo em grafite na fabricação dos seus instrumentos mais sofisticados. O resto é história...

A História do Contrabaixo, parte 24

O Legado De Vinnie Fodera - Graças à obstinação de um homem pela perfeição absoluta, a criação dos poderosos Fodera apontounovos rumos na evolução dos graves.

Se você, assim como eu, é fã do lendário baixista Victor Wooten, já deve ter reparado no incrível instrumento usado por ele no qual ele consegue obter uma das mais extraordinárias sonoridades em nosso universo dos graves.

Claro que, por trás do instrumento, existe o homem. Mas é óbvio que bons instrumentos são necessários, não apenas para criar e explorar novas sonoridades, como também para demonstrar que a evolução e a criatividade dos construtores não têm limites. E, quando falamos sobre limites, um dos baixos que primeiro nos veem à mente são os Fodera, considerado por músicos, construtores e historiadores como uma das maiores criações da história do contrabaixo.

E isto se deve a obstinação de um homem que, sem querer, descobriu que sua vocação era construir baixos elétricos.

Em 1975, Vinnie Fodera era um estudante da Escola de Artes Visuais de Nova York, passando uma parte do seu tempo desenhando instrumentos musicais na margem do seu caderno de aula. Ele tocava guitarra desde os seus 14 anos e já tinha certa identificação com a construção de instrumentos.

No livro American Basses, de autoria de Jim Robert (ex-editor da prestigiada revista Bass Player e um dos seus fundadores), Vinnie conta, em uma entrevista concedida à rede CBS americana, como tudo começou: “Eu tinha um trabalho em Wall Street que consistia em entregar documentos. Foi quando, um dia, meu departamento me deu um envelope contendo vários documentos para serem entregues no banco perto do World Trade Center. Como o local era longe, resolvi descansar perto a uma vitrine que tinha uma propaganda sobre a abertura de novas turmas na Escola de Pesquisas Sociais, em Manhattam, recrutando alunos para aprender como construir violões clássicos. Vendo isto, decidi participar daquela classe”.

Stuart Spector e Ned Steinberger: os primeiros passos

O jovem Vinnie iniciou suas aulas e meses depois construiu seu primeiro violão, sob a direção de Thomas Rumphrey. Um dos seus colegas de classe era um cara esquisito chamado Alan Redner, que mencionou ser amigo de um famoso luthier: Stuart Spector. “Alan e eu fomos até a luthieria do Stuart, pois já tínhamos ouvido falar muito bem do seu trabalho. Era o ano de 1977 e Ned Steinberger já fazia parte de nossa turma. Na primeira visita, apesar de atencioso, ele não nos ajudou muito na parte didática, pois queríamos fazer várias perguntas a ele”, contou o músico.

“Na verdade, ele só anotou nossos nomes, sendo que, a seguir, fomos embora. Para minha surpresa, alguns dias depois, ele me ligou oferecendo um emprego na sua luthieria para cortar blocos de madeira para a fabricação dos corpos dos instrumentos. Não era grande coisa, mas eu aceitei, pois senti que só assim eu poderia obter mais conhecimento com relação à construção dos instrumentos. Junto com Stuart e seu sócio Alan Charney, o jovem Vinnie permaneceu na Spector Guitars durante três anos”, completou.


Ken Smith: com a bondade de um professor

Em 1980, o já conhecido construtor Ken Smith realizou uma parceria com a Spector, para construir uma nova linha de instrumentos desenhada por ele. Ken notou a força de vontade de Vinnie e o contratou também para ajuda-lo no intricado processo de laminação das peças do seu novo modelo.

Muito amigos de Fodera acham que, a partir daquele instante, os baixos Fodera começaram a existir, pelo menos na cabeça do esforçado funcionário. Quando as coisas se tornaram difíceis para a Spector, Ken Smith contratou a empresa para produzir seus baixos.

Foi nesta época que Vinnie alugou um pequeno espaço no Brooklin para começar a trabalhar em alguns componentes de instrumentos em seus horários vagos, pois sua principal atividade era o seu trabalho com Smith: “Eu levava minhas peças para o Ken dar uma olhada, e, com a bondade de um professor, ele me ensinava o quê eu tinha que corrigir e elogiava aquilo que acertava. Jamais vou esquecer aqueles tempos”.

Fodera Guitars

Com a sua oficina já rendendo alguns lucros em manutenção, Vinnie sonhava em ter seu próprio negócio. Depois de mais um ano com Smith, o jovem Fodera estava ensaiando iniciar seu próprio voo solo, quando um dia, surgiu em sua vida um cara chamado Joye Lauricella.

Joey estava procurando um luthier para acompanhar as gigs de algumas bandas em início de carreira. Quando ele conheceu o jovem Vinnie, foi uma empatia imediata. Além do mais, o nome Fodera já estava sendo conhecido pelos funcionários locais por ser um dos responsáveis pela construção dos baixos da Ken Smith.

Para subsidiar seus custos, ele entrou em um acordo com Ken para trabalhar por meio período na oficina, o que sobraria tempo para se dedicar a seu projeto pessoal. Assim, em março de 1983 foi fundada a Fodera Guitars, uma sociedade da qual participava Joye Lauricella. Enquanto Fodera se encarregaria da construção dos instrumentos, Joye seria o encarregado da administração e vendas.

Victor Wooten e Anthony Jackson

O primeiro modelo fabricado foi o Monarch Deluxe, em 1983. Se você notar a foto ao lado, a parte inferior do tampo dianteiro esta totalmente desgastada, em virtude da técnica utilizada por Victor Wooten.

Além dele, um novo músico resolveu pedir a Fodera a construção de um novo instrumento, um projeto que ele vinha sonhando há vários anos. Seu nome era Anthony Jackson. Quando se trata de Jackson, só cabem superlativos: genial, dono de uma técnica extraordinária que consiste igualmente no uso do polegar (na função de pizzicato) e visionário, pois foi o responsável pelo renascimento do baixo de seis cordas.

Jackson começou a tocar baixo em 1965, aos 13 anos. Em 1970 já era considerado um dos mais conceituados músicos de estúdio americanos. Inquieto e sempre à procura de novas sonoridades, o jovem baixista vivia acoplando diversos pedais em seus instrumentos para criar sonoridades diferentes. Na época, ele usava um Fender Precision Bass, mas já estava pensando na criação de um modelo próprio.

“Como eu usava a técnica de polegar para tocar as cordas, eu tinha um problema: meu polegar era muito grande e me atrapalhava muito em meus arranjos”, contou o músico, em uma entrevista a revista Bass Player americana. Na construção deste novo modelo, Jackson também pediu que este novo instrumento viesse dotado de mais duas cordas: a tradicional Si, e a corda Do, localizada uma quarta abaixo da corda Sol.

O primeiro modelo ficou pronto em 1975. O próximo projeto de um baixo de seis cordas coube a Ken Smith, ficando pronto em 1981. Um segundo instrumento foi construído por Smith três anos depois, com uma considerável distância entre as cordas. Finalmente, com este novo projeto, Jackson conseguiu compatibilizar uma exata distância entre as cordas larga o suficiente para que seus polegares pudessem tocar as cordas sem perigo de erros ou resvalos, prejudicando o arranjo.

Foi nesta época que ele conheceu Vinnie, ainda como assistente de Smith. Atualmente, Anthony possui nove baixos com sua assinatura. Interessado em possuir um? Prepare-se: o modelo mais barato custa em torno de US$ 10.000,00, ou tente ser endorser da marca. Não custa tentar!

Fim da 6ª postagem e fim da matéria.

Meu agradecimento pessoal ao autor do tópico, que foi o forista que encontrou a matéria aqui reproduzida.


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A História do Contrabaixo Empty Re: A História do Contrabaixo

Mensagem por Geandrobn Qui Abr 26, 2012 5:13 pm

E em 1951 um técnico em eletrônica, Leo Fender, lançou o primeiro contrabaixo elétrico o "Precision",

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Facilitando a vida de muitos baixistas da época!!

amo esse instrumento.....
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Mensagem por callaveraz Seg Jun 11, 2012 2:44 pm

É importante destacar que o primeiro baixo elétrico foi criado por Paul Tutmarc em 1935, o Audiovox 736 Electronic Bass (foto abaixo) não foi produzido em escala industrial, mas representou um importante passo para o projeto ainda mais radical 15 anos mais tarde por Leo Fender.

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A História do Contrabaixo Empty Re: A História do Contrabaixo

Mensagem por Bernardo Liguori Dom Out 07, 2012 8:28 pm

Achei aqui um site que fala também do surgimento do contrabaixo e a evolução de seus modelos
http://baixistabrasil.blogspot.com.br/2011/12/historia-do-contrabaixo-eletrico-e-os.html
da uma sacada ae porque é bem bacana
Abraço
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